2004/01/17

A Mãe-bomba 



O texto é de José Manuel Fernandes, a ilustração do Cox And Forkun e a ideia do "casamento" foi minha.

Miguel Sousa Tavares III 

«Ao contrário do seu pai, que era um homem informado e preparado...».

MST ainda está a falar de George W. Bush? Ou é um pequeno excerto autobiográfico???

Miguel Sousa Tavares II 

«A maioria dos americanos não ignora que Bush tirou aos pobres para dar aos ricos, baixando os impostos sobre os lucros das empresas e cortando nos programas sociais».

Que pobreza, digo eu! Tantos anos a escrever e a dar a impressão que está a pensar no mundo em que vive para, depois, descambar neste simplismo barato dos idos dos anos sessenta.

Ao contrário das "diferenças" que MST desesperadamente tenta encontrar, estas eram exactamente as críticas que a esquerda mais ou menos folclórica gostava de fazer a Ronald Reagan há vinte anos atrás.

Hoje, nos Estados Unidos, é considerado o melhor presidente do século XX.

Miguel Sousa Tavares I 

«Não há só os bons e os maus - há também maus que podem ter algumas boas razões e bons que podem ter comportamentos maus. Isso está para além da capacidade de compreensão de George W. Bush: basta olhar para ele».

Um momento de particular profundidade por parte de MST, sem dúvida. Agora vejam a conclusão:

«E o que mais assusta é olhar para Bin Laden e perceber que ele é infinitamente mais inteligente que Bush».

Esta especial capacidade de avaliação da inteligência do próximo pela exaltação do método empírico, tipo "olhar", apesar de residir na parte mais antiga do nosso cérebro e ter constituído um factor fundamental da nossa evolução como primatas, necessita de melhor fundamentação nos dias de hoje.

É que não há nada mais aleatório do que estas tentativas de medir a capacidade de raciocínio dos políticos ou dos jornalistas pela harmonia da sua expressão facial.

Eu, por exemplo, podia permitir-me avaliar a inteligência de MST pelas suas frases que acabo de transcrever...

2004/01/16

Queima das Fitas 

Não é desta que não vai haver Queima das Fitas em Coimbra. Com ou sem aumento de propinas, os estudantes de Coimbra decidiram que querem na mesma a festa.

Actividades condicionadas 

Esta notícia alertou-me para a regulamentação perfeitamente estúpida da actividade dos táxis em Portugal. E naturalmente que nunca há coragem para proceder à liberalização total. Abre-se apenas uma situação de excepção durante o curto período do Euro 2004. E mesmo assim, bem delimitada e portanto igualmente estúpida: só os taxistas dos concelhos do distrito do Porto é que poderão apanhar passageiros no aeroporto de Pedras Rubras. Ou seja, um taxista de localidades com forte implantação hoteleira como Espinho (distrito de Aveiro) ou de Esposende (distrito de Braga) que transportarão muitos turistas daquelas localidades para o aeroporto, não poderão depois ir para a fila das chegadas; aos taxistas de Baião ou do Marco de Canavezes, muito mais distantes do aeroporto, será concedida tal facilidade.

Enfim, as habituais distorsões quando a lei não é igual para todos...

Líderes eleitos democraticamente 


(juro que isto não se relaciona com a posta anterior)

Nortadas centristas 

Diogo Feio, no Nortadas, comenta este meu comentário acerca da imposição da disciplina de voto no grupo parlamentar do PSD quanto á questão do aborto.

Afirma que «o referendo tem sempre um período político de validade. Deve ser respeitado sob pena de se ferir de morte este modo de exercício do poder democrático. É precisamente isso que se deve impedir».

Completamente de acordo. Não se pode andar a repetir referendos descompassadamente porque quem perdeu os anteriores jura que houve "fora de jogo".

Mas foi ou não o actual primeiro-ministro quem recentemente prometeu liberdade de voto aos deputados do PSD nesta questão?
Está ou não o deputado Guilherme Silva a contradizer Durão Barroso (eventualmente com o consentimento do próprio)?

Já agora: não percebi se Diogo Feio concorda com a permanente demissão ideológica do PSD deixando o CDS no papel de Grande Censor do regime...

Quadratura do Círculo IV 

Um amigo meu, a propósito desta posta, enviou-me a seguinte crítica:

«...na mesma posta, dizer que a Quadratura do Círculo devia ser ao domingo de manhã; mais à frente que devia ser ao sábado à noite repetindo ao domingo de manhã; e, last but not the least, errar dizendo que o programa é ao domingo à noite quando na realidade essa é a repetição do que foi emitido no domingo às 15h merece censura...».

Talvez não me tenha explicado bem. O que queria exprimir era o seguinte:

1. Para esse programa preferia o horário da TSF ao Domingo de manhã;

2. Compreendo que essa hora é muito mais da "rádio" do que da TV;

3. Assim, o horário da emissão na Sic-Notícias deveria ser ao sábado à noite com repetição no Domingo ao almoço;

4. Não me apercebi que a primeira transmissão tinha sido no Domingo às 15h;

5. Todas as alternativas são melhores do que o horário de Domingo ao fim da noite, quando tudo já foi dito e redito;

6. O meu único intuito, como espectador (ouvinte) fiel, é que o programa seja um êxito - deve ser a única coisa que permite a alguém aguentar as efabulações de Lobo Xavier sem adormecer!

2004/01/15

ABORTO - PSD impõe disciplina de voto: assim se vê a força do PP 

Chego á conclusão de que tem algum fundamento a ideia tão propalada por uma certa esquerda de que as linhas de orientação deste Governo são impostas pelo CDS-PP (finanças à parte).

Veja-se esta posição da maioria acerca da questão do aborto. Desmentindo as recentes afirmações no Parlamento do próprio Durão Barroso, que garantiu a liberdade de voto dos deputados do PSD dizendo que «não se pode impôr disciplina de voto à consciência de ninguém», o extraordinário presidente do grupo parlamentar que o PSD arranjou, Guilherme Silva, garantiu hoje «não poder haver liberdade de voto nesta ocasião, porque há a questão prévia de cumprir o compromisso com o eleitorado».

Ao que parece o autor material desse «compromisso» tinha afirmado um outro "compromisso" com os portugueses em pleno Parlamento. Ou seja, à boa maneira "laranja" a questão estava em escolher qual dos "compromissos" se afigurava mais politicamente correcto neste momento.

Obviamente, venceu aquele que o CDS-PP preferiu.

Porquê? Não cometerei o disparate "ferriano" de assumir que o PSD faz aquilo que Paulo Portas deseja, ponto final.

O problema está no prisma supérfulo com que o PSD encara tudo o que diga respeito a princípios, valores e ideologias. O PSD pretende-se um grupo bem organizado e muito pragmático - para as pessoas que formam o "aparelho", a discussão política não interessa para nada. Deixam essa tarefa a alguns adereços intelectuais que vão suportando aqui e ali, sem se deixarem contaminar demasiado pelas suas opiniões.

Ora, quem não luta por princípios seus, na política como no resto, acaba sempre por se ver a defender os princípios dos outros. Essa é a força do CDS-PP nesta coligação, como o tema do aborto tão bem espelha. Dando o ar de que lutam convictamente pelas suas ideias, os centristas preenchem o espaço acefalamente deixado vazio pelo PSD. E ganham terreno todos os dias, nomeadamente junto dos "pragmáticos" de serviço.

Durão é desmentido numa questão essencial por Guilherme? Não faz mal - desde que a coligação permaneça estável e os lugares que importam continuem assegurados.

O resto é conversa para jornais (e blogues).

Texteis chineses (II) 

Meu Caro “companheiro de luta”, o comércio internacional transporta sempre consigo os germens do capitalismo liberal, esse vírus da liberdade económica que tem um efeito beneficamente corrosivo em regimes fechados.

A China de hoje é muito diferente da China de há 2 décadas e tal deve-se, em grande medida, à sua abertura ao comércio externo. Este fomenta a criação de uma burguesia dinâmica que, nos contactos com o exterior, é inevitavelmente contagiada por aquele vírus, o qual terá sempre um efeito multiplicador, fazendo-a reivindicar mais e maior liberdade económica. A partir de um certo estádio, esta necessitará de liberdade política que chegará irreversivelmente, sob pena de estagnação do crescimento económico, cujos benefícios já terão entretanto sido sentidos por largas camadas da população. Embora ainda haja um longo caminho a percorrer no campo das liberdades políticas, julgo que a China já atingiu o ponto de não retorno.

Possibilidade de retrocesso existe sim, se o ocidente lhe fechar as portas. E periodicamente surgem tentações nesse sentido, como ontem se viu com a manifestação dos patrões da têxtil europeia.

Mas esse seria o pior cenário. Para o ocidente e para a China.

2004/01/14

Texteis chineses 

Não estou exactamente de acordo com aquilo que o LR referiu na posta imediatamente anterior. O que não significa que me aproxime de outras visões.

A liberdade de comércio é um bem inalienável, mas não pode valer por si só. A liberdade é um todo e não se pode segmentar em parcelas caprichosas.

O que torna esta questão dos texteis chineses quase perversa é o facto desses produtos terem proveniência num país desprovido das mais elementares liberdades políticas ou outras. Existem fortes suspeitas que algumas das principais fábricas de texteis chineses "empregam" prisioneiros, alguns de cariz político, forçados a trabalhar em regime de escravidão.

Um liberal não pode aceitar uma coisa destas. A China é ainda uma tirania, com muitos laivos comunistas, mas que se arroga possuir alguma liberdade económica.

Mas as pessoas não têm direitos políticos. Nem a liberdade de constituir família. Nem a liberdade religiosa. Nem muitos outros direitos.

Donde, a China é uma tirania infame. Que se aproveita das benesses proporcionadas pelos países livres. Indevidamente.

A China faz concorrência desleal. Nesta situação sou a favor de restrições a produtos chineses. Como de outros países.

Só os países livres devem poder adquirir as vantagens do comércio livre. Quem tiraniza o seu povo, não.

Cruzes, Canhoto! E também xenófobo! 

Fico à espera de uma posta da rapaziada Canhestra que, em coerência, “crucifique” os capitalistas da Indústria de Têxtil e Vestuário que hoje andam a berrar por toda a Europa contra os preços dos têxteis chineses. Há que importar têxteis mais baratos, contribuindo assim para que as novas “multinacionais” chinesas criem empregos dentro de portas. Seria uma forma de evitar que esses amarelos de olhos em bico viessem para cá abrir aquelas “sebentas” lojas dos 300 – por acaso até criam alguns empregos e não só para chineses – que tanta espécie fazem a algumas sensibilidades “chic et blasées”, ao ponto de lhes dar ganas de partirem as montras à pedrada.

E o mais irritante é que não param de abrir lojas por tudo quanto é sítio, sinal de que têm mercado. Decididamente, há que educar os broncos destes consumidores, criar-lhes gostos mais requintados e, mais importante ainda, discipliná-los! É que isto de consumir fora de horas tem de acabar! Portanto, decrete-se desde já: compras, só das 9 às 17 horas...

Horrores do Neo-liberalismo 

No Público de hoje sobre a corrupção em Angola:

(...) Já depois de, em 2002, a classificação da Transparency Internacional (organização anti-corrupção) ter colocado Angola entre os cinco países mais corruptos do mundo, em 2003, a Economist Intelligence Unit (EIU) levantou novas suspeições, segundo a HRW, ao publicar informação sobre as fortunas de Angola.
Nessa ocasião, a EIU fez saber que 20 personalidades tinham fortunas avaliadas em cerca de 100 milhões de dólares e outras 39 tinham riquezas no valor de 50 milhões de dólares. Além disso, referia que seis das sete pessoas mais ricas nessa lista estavam há muito tempo no Governo.
No total, a fortuna dessas 59 pessoas era de pelo menos 3,95 mil milhões de dólares. Em contraste, o Produto Interno Bruto (PIB) de Angola com cerca de 12 milhões de habitantes era aproximadamente 10,2 mil milhões de dólares. (...)


Ou seja, em menos de 0,0005% da população está concentrada quase 39% da riqueza produzida pelo País num ano. Não deve haver sítio no mundo em que tantos contribuam tanto para tão poucos...

Culpa do tenebroso sistema neo-liberal, obviamente...

2004/01/13

Federalismo, Liberalismo e União Europeia 

Assino por baixo desta excelente posta do Rui que, de uma forma brilhante, como é seu timbre, desmistifica o “papão” federalismo, apresentando-o em simultâneo como a melhor forma de organização do Estado numa perspectiva liberal.

O caminho ainda é longo para a sua implementação na Europa, face à resistência, mais do Estado-Nação do que dos cidadãos. Talvez lá cheguemos quando, por via de uma ordem comunitária espontânea e natural, os Estados-Regiões, mais pequenos, mais ágeis, mais próximos do cidadão, substituirem o anquilosado Estado-Nação.

Ferreira Leite no banco dos réus (II) 

Confirmada a notícia.

«Pat Cox [Presidente do Parlamento Europeu] defendeu hoje que o recurso aos tribunais pode clarificar a lei, "mas não ajudará a tomar decisões".
"O pacto de estabilidade foi criado para assegurar um crescimento económico estável e sem inflação, e devemos estar preocupados em alcançar esses objectivos, mais do que cumprir à risca a lei", sustentou o presidente do Parlamento Europeu.
»

Como começou a publicização do drama da Casa Pia?  

Alguém ainda se lembra?
Agora que a tese da cabala mudou de paragens políticas, quando dúvidas (legítimas) se levantam a propósito da condução do processo por parte do Ministério Público, quando agora se sabe que a intervenção de Rui Teixeira decorreu de um estranhíssimo "endosso" do colega a quem o sorteio havia designado como Juiz de Instrução, há alguém que se recorde do tempo e do modo como tudo isto foi despejado na praça pública? E por quem? E sob que pretexto? E em que contexto?

Talvez estejamos no momento ideal para puxarmos pela memória do que se passou em Outubro/Novembro de 2002 visando compreender melhor o que se está a passar.

Ferreira Leite no banco dos réus 

Título vagamente tablóide, em substituição deste:
"Comissão Europeia avança com queixa contra ministros das Finanças da UE".

No mesmo dia,

Durão Barroso admite aprovação de novo Quadro Comunitário de Apoio.«Durão explicou que a proposta de um novo QCA - para vigorar entre 2007 e 2013 - será aprovada, "em princípio", no dia 25, pela Comissão Europeia.»

Em princípio?

Porto Prestige (sem espinhas nem crude) 


However, the man named as Europe's favourite right-back is more of a surprise. With FC Porto succeeding in magnificent style with a league, Portuguese Cup and UEFA Cup treble in 2003, both right-back Paulo Ferreira and coach José Mourinho have made their way into the Team of 2003. Mourinho polled 60 per cent of the coaching vote to leave no doubt that uefa.com users' had shared in Porto's joy over the course of last year.

Aqui fica a equipa completa:

Gianluigi Buffon (Juventus FC), Paulo Ferreira (FC Porto) Alessandro Nesta (AC Milan), Paolo Maldini (AC Milan), Roberto Carlos (Real Madrid CF), Luís Figo (Real Madrid CF), David Beckham (Real Madrid CF), Zinedine Zidane (Real Madrid CF), Pavel Nedved (Juventus FC), Thierry Henry (Arsenal FC), Ruud van Nistelrooij (Manchester United FC).
Coach: José Mourinho (FC Porto).

2004/01/12

O ministerial direito o disparate 

No Tomar Partido uma acutilante crítica às omissões e constantes saídas em falso de Celeste Cardona.

Para já, apenas o Sinal de Alerta 

A ministra da Justiça admitiu hoje que a Lei de Imprensa pode ser revista para garantir que a Justiça seja "respeitada e cumprida nos locais próprios".

Se isto significar limitações à liberdade de imprensa na cobertura de processos judiciais, parece-me preocupante. O problema do segredo de justiça não está no "destino das fugas" mas na sua origem. É aqui e não ali que deveria centra-se o combate.
A garantia de de que a justiça é "respeitada e cumprida nos locais próprios" está na "justiça" e não na lei de imprensa.
Aguarda-se, porém, a revelação do "trabalho de casa" do Ministério para mais comentários.

Primeiro-Ministro inaugura Urbanização Dr. Durão Barroso (II) 

Eu comento! Não o ter inaugurado uma urbanização com o seu nome, uma surpresa de mau gosto do major, à qual Durão reagiu no discurso de forma talvez elegante mas com uma diplomacia que Valentim não merece.

O que é verdadeiramente criticável é Durão ter inaugurado, em Gondomar e em Gaia, mais habitação social, ter contribuído para a criação de novos guetos em que as novas urbanizações inevitavelmente se transformarão. Em Gondomar, no seu populismo assistencialista, Valentim não irá cobrar rendas, tratando assim de desmentir Friedman: naquelas bandas, há almoços e habitação grátis – para alguns, claro, e à custa de todos.

Entretanto, a liberalização do arrendamento continua na gaveta, uma medida que, por si só, faria muito mais pela habitação do que todos os bairros sociais construídos no País.

As gaffes da Sic-Notícias em 2003 

Algumas têm piada. Saliento aquela da dificuldade em acertar com o nome de Cândida Pinto. Clique aqui.

Quadratura do Círculo III 

Bom. Perfeitamente à altura das expectativas.

Talvez seja questão de hábito, mas o ponto mais fraco parece-me ser o horário - preferia o fim de manhã de Domingo.
Domingo à meia-noite é o final de um fim-de-semana (momento sempre desagradável) em que já se escalpelizaram ao pormenor as vicissitudes da política.

Inclusivamente, já falaram os oráculos televisivos (Prof. Marcelo e JPP) e fica a ideia de que já tudo está dito. O programa corre o risco de se tornar redundante - até porque, é bom não esquecer, Lobo Xavier é um dos participantes! Também por isso, é melhor não arriscar.

Depois repristina-se o JPP que falou algumas horas antes na SIC. Mesmo um fã, como eu, tem os seus limites.

Pensem bem: sábado à noite, com repetição no Domingo ao almoço!

IV República 

Pergunta o Bloguítica de que adianta mudar da III para a IV República mantendo os mesmos actores políticos. Estaríamos perante uma medida de cosmética e demagógica, irrelevante para a maioria da opinião pública.

É um pressuposto (a manutenção dos actores) que o Paulo Gorjão estabelece e que não faz grande sentido, obstando a que se mude o que quer que seja. As rupturas – e criar a IV República é uma ruptura – exigem novos actores, porventura toda uma nova geração. E uma ruptura é uma mudança radical, profunda, que tudo ponha em causa, muito para além da cosmética. Uma nova República implica uma nova Constituição (que não uma Constituição revista), uma outra forma de governo, uma outra divisão administrativa do País, uma redefinição das funções do Estado.

Obviamente que isto só é realizável com novos protagonistas, que a mentalidade e os vícios dos actuais não comportam tanta mudança. Ao contrário, a opinião pública estará porventura aberta a uma tal “revolução”.

É possível implantar a IV República em democracia, qual “revolução de veludo”? Só vislumbro uma hipótese, que aliás já aqui ventilei: os “novos actores” tomarem o poder num partido de poder e apresentarem-se a sufrágio com um programa de ruptura. Perderiam? Possivelmente, mas se fossem persistentes acabariam por ganhar, mais não fosse pelo apodrecimento do regime actual. E não estará este já putrefacto?!!!

2004/01/11

Primeiro-ministro inaugura Urbanização Doutor Durão Barroso 

Sem comentários.

Leiria 

Magnífico castelo, linda cidade, etc.

A falsa descentralização II 

O Secretário de Estado Miguel Relvas surgiu ontem no Público a defender a "sua" reforma de pretensos efeitos descentralizadores.
aqui fiz uma análise sumária da legislação em causa. Ontem mesmo, o Expresso tinha uma peça sobre a matéria.

Muitas coisas se podem dizer acerca do que se está a passar ao nível das GAM e das ComUrb (embora o país esteja a olhar para outras paragens, para gáudio de quem está no poder).
Existem alguns pontos positivos - por exemplo, o acento tónico colocado no elemento volitivo, a ideia de uma transformação exercida de baixo para cima -, mas, a meu ver, os aspectos negativos são demasiados.

Mas não posso negar que esta reforma tem defesa. Nomeadamente quando o mesmo Miguel Relvas assume a possibilidade futura de se «evoluir para a eleição directa do presidente destes novos organismos». Até o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, com a coerência que por todos lhe é reconhecida, entende que isso é «inevitável»...

Estamos perto do limiar daquilo que todos os defensores da Regionalização sempre quiseram implementar. Acontece, apenas, que esta não é a melhor maneira, ficando aliás bastante desfavorecida relativamente ao que estava em causa no Referendo de Novembro de 1998.

E está ainda por saber o pormenor fundamental de definir o modo de tranferências das atribuições do Governo para as novas entidades regionais.

Aquilo que não é possível dizer, sob pena de se colocar a discussão num prisma não-sério ou de se exercer desenfreadamente a lógica do embuste, é que «a futura base dos círculos eleitorais passará a estar assente nesta nova reorganização territorial».

Um breve olhar aos mapas que se estão a desenhar permite constatar que uma opinião dessas está perigosamente perto do disparate, na melhor das hipóteses.

O Dantas 

Um novo blogue com intenções polemistas acaba de nascer. Para já, recorreu a elementos históricos; esperamos ansiosamente pela obra original.

Norberto Bobbio 

Morreu há dois dias na sua cidade natal, Turim. Bobbio foi, indiscutivelmente, um dos maiores pensadores políticos de todo o século XX.


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