2004/01/24
Telegrama
(Tardio) para assinalar o regresso em força do Notas Verbais, com o qual não páro de aprender.
Vale a pena ler esta posta. Confesso, envergonhadamente, que me incluo entre aqueles que chamavam Patrício à Sr.a MNE-CP...
Vale a pena ler esta posta. Confesso, envergonhadamente, que me incluo entre aqueles que chamavam Patrício à Sr.a MNE-CP...
Que aconteceu aos blogues alojados em weblog.com.pt?
Presidenciais
O Mata-Mouros está em condições de divulgar que hoje Manuel Monteiro irá dar o seu apoio público a Cavaco Silva caso o antigo primeiro ministro entenda candidatar-se à Presidência da República.
Este apoio político expresso é de índole pessoal e, para já, não envolve o PND, partido de que Manuel Monteiro é líder.
Este apoio político expresso é de índole pessoal e, para já, não envolve o PND, partido de que Manuel Monteiro é líder.
2004/01/23
Foro Democratico
Blogue venezuelano anti-chavista no servidor português.
Vamos fazer uma "forcinha" para que aquele tresloucado, admirador do tirano Fidel, que está no poder na Venezuela se submeta a um referendo.
(Via Fumaças)
O “call for comments” do Irreflexões (2)
Novamente, não concordo com o meu amigo LR.
O Irreflexões tem alguma razão. Os dados que apresenta falam por si.
Se o Governo socialista, sobretudo o segundo, foi uma miséria, o actual - que ainda não fez dois anos!? - apresta-se para o ultrapassar nos mais diversos níveis de incompetência.
Já o excedeu nas promessas eleitorais não cumpridas.
Já o superou na dimensão dos malabarismos governativos (autênticas vigarices orçamentais, inaugurações repetidas, nomeações politicas de pessoas destituídas de capacidades mínimas de entendimento, anúncios de obras e programas já em execução há anos, etc.).
Já está à frente dos socialistas na contestação geral.
Um a um, os ministros e secretários de estado vão-se revelando como politicamente acéfalos e administrativamente inconsistentes. A falta de seriedade campeia. Os grupos parlamentares da maioria estão reduzidos ao papel de "gatas borralheiras" do Governo. O líder parlamentar do PSD é um senhor de nome Guilherme Silva...
Olhando para trás, só a política externa (com saliência para a posição acerca da guerra do Iraque) merece o meu aplauso. Ainda assim, enfraquecida com a lastimável participação da GNR que nos está a cobrir de ridículo: a nossa "guarda" anda em viaturas emprestadas, experimentou as pistolas (também emprestadas) apenas quando lá chegaram, são em número ínfimo e não têm preparação para um cenário bélico daqueles. Estamos a dar trabalho a toda a gente e nem sequer fomos citados por Bush como aliados no seu discurso do "Estado da União" há 2 dias.
Mas reconheço que a dose de leão da responsabilidade recai no presidente que (mal) temos.
Tudo o resto é cada vez mais do mesmo. O discurso de Durão é já mimético em relação ao de Guterres.
Só a desagregação da liderança do partido socialista (e António Vitorino lá longe) e os casos de pedofilia conseguem adormecer a grande massa populacional. Por enquanto.
Bárbara, a Deusa-Mãe
Agora Bárbara Guimarães é a Deusa-Mãe ! O putativo candidato à C.M. de Lisboa que se cuide.
A liberdade de expressão não deve ser cerceada por ninguém; excepto pelo próprio, sobretudo atendendo ao deflagrar do ridículo (ver, a propósito, o artigo "Ana, a Bela" de Fernando Esteves, no Independente).
A liberdade de expressão não deve ser cerceada por ninguém; excepto pelo próprio, sobretudo atendendo ao deflagrar do ridículo (ver, a propósito, o artigo "Ana, a Bela" de Fernando Esteves, no Independente).
O “call for comments” do Irreflexões
Sem prejuízo de uma análise mais detalhada à execução orçamental de 2003 que espero fazer no fim de semana, diria agora, apenas com base numa leitura em diagonal:
1. Há ainda muito a fazer em termos de consolidação orçamental e não acredito que lá se chegue sem uma terapia de choque;
2. A terapia de choque poderá causar-nos a morte súbita ou o relançamento sustentado; mas a alternativa será a morte lenta. Se ela funcionar, teremos no futuro um Estado mais pequeno (eu desejaria muitíssimo mais pequeno) e muito mais dinheiro no bolso.
3. A dita terapia deverá vir acompanhada do prometido choque fiscal que, a meu ver, já deveria ter ocorrido. Seria a forma mais eficaz de reduzir a despesa, “o monstro” no léxico cavaquista. E a melhor forma de o matar é não lhe dar de comer...
4. Apraz-me porém registar que se conseguiu conter a despesa em limites não escandalosos. Só na saúde e na educação, habitualmente responsáveis por “crateras” que levavam sempre a orçamentos rectificativos (já agora, em que data foi o último?...) houve uma diminuição da despesa em cerca de 900 milhões de euros. Caso inédito, porventura nunca visto e merecedor de “foguetório”.
Mais e espero que melhores conclusões para breve.
1. Há ainda muito a fazer em termos de consolidação orçamental e não acredito que lá se chegue sem uma terapia de choque;
2. A terapia de choque poderá causar-nos a morte súbita ou o relançamento sustentado; mas a alternativa será a morte lenta. Se ela funcionar, teremos no futuro um Estado mais pequeno (eu desejaria muitíssimo mais pequeno) e muito mais dinheiro no bolso.
3. A dita terapia deverá vir acompanhada do prometido choque fiscal que, a meu ver, já deveria ter ocorrido. Seria a forma mais eficaz de reduzir a despesa, “o monstro” no léxico cavaquista. E a melhor forma de o matar é não lhe dar de comer...
4. Apraz-me porém registar que se conseguiu conter a despesa em limites não escandalosos. Só na saúde e na educação, habitualmente responsáveis por “crateras” que levavam sempre a orçamentos rectificativos (já agora, em que data foi o último?...) houve uma diminuição da despesa em cerca de 900 milhões de euros. Caso inédito, porventura nunca visto e merecedor de “foguetório”.
Mais e espero que melhores conclusões para breve.
Agência espacial europeia anuncia existência de água em Marte
Greves à 6ª feira
O meu amigo LR assustou-me. É que quando li a sua posta imediatamente anterior veio-me à memória este artigo de Luís Delgado.
Mas, depois, li melhor e percebi que a semelhança é apenas aparente. LR diz o que pensa. LD afirma o que lhe parece conveniente. LR defende causas. LD ampara os interesses de quem o promove e nomeia.
E aquele final poderoso de LR, com um desassombrado elogio do risco, faz toda a diferença.
Mas, depois, li melhor e percebi que a semelhança é apenas aparente. LR diz o que pensa. LD afirma o que lhe parece conveniente. LR defende causas. LD ampara os interesses de quem o promove e nomeia.
E aquele final poderoso de LR, com um desassombrado elogio do risco, faz toda a diferença.
Greves
Algumas questões inocentes:
- Porque será que os sindicatos, sistemática e oportunisticamente, marcam as greves para a 6ª feira?
- Porque será que as greves ocorrem geralmente no sector público, por sinal onde os empregos são mais seguros?
- Se não estão satisfeitos com a política salarial, porque não se mudam?
Não há empregos? Criem-nos! Passem de assalariados a patrões! Invistam! Arrisquem! Inovem! Garanto que ficaríamos todos um bocadinho mais ricos.
- Porque será que os sindicatos, sistemática e oportunisticamente, marcam as greves para a 6ª feira?
- Porque será que as greves ocorrem geralmente no sector público, por sinal onde os empregos são mais seguros?
- Se não estão satisfeitos com a política salarial, porque não se mudam?
Não há empregos? Criem-nos! Passem de assalariados a patrões! Invistam! Arrisquem! Inovem! Garanto que ficaríamos todos um bocadinho mais ricos.
As próximas primárias do partido democrata
Cortesia Mike Lester, Rome News-Tribune, Rome, GA
"Rei" morto, "Rei" posto
Cortesia Daryl Cagle, Slate.com
A amiga do John Malkovich (2)
O Vilacondense, comentando o novo fenómeno da blogosfera, avança com uma possibilidade avassaladora:
«Piada, mesmo, era se isto fosse mais uma brincadeira inventada pelo brilhante gabinete de advogados que conseguiu fazer com que António José Martins e o Expresso acreditassem que o primeiro iria ser advogado de Saddam...».
Hom'essa! Querem ver que é mesmo assim? Realmente tanto talento é uma verdadeira impossibilidade. Será possível que este, este, este e este (além do Mata-Mouros) tenhamos sido enganados?
Se calhar alguém ainda vai rir por último.
«Piada, mesmo, era se isto fosse mais uma brincadeira inventada pelo brilhante gabinete de advogados que conseguiu fazer com que António José Martins e o Expresso acreditassem que o primeiro iria ser advogado de Saddam...».
Hom'essa! Querem ver que é mesmo assim? Realmente tanto talento é uma verdadeira impossibilidade. Será possível que este, este, este e este (além do Mata-Mouros) tenhamos sido enganados?
Se calhar alguém ainda vai rir por último.
2004/01/22
Imigração
Vai para aí uma discussão enorme sobre os imigrantes, quotas, direitos e deveres dos ditos – a este título, é obrigatória a leitura desta posta no Aviz.
Confesso que a simples existência das palavras “emigrante” e “imigrante”, com toda a carga xenófoba que incorporam, sempre me impressionou e nunca consegui compreender a perda de direitos por parte de alguém que decide mudar-se para o outro lado de uma linha imaginária que apenas se vê nos mapas. Deveríamos ser todos “cidadãos”, com todos os direitos e deveres consagrados no País de residência.
Mas haverá porventura coisa mais estúpida e imoral que a fronteira?
Confesso que a simples existência das palavras “emigrante” e “imigrante”, com toda a carga xenófoba que incorporam, sempre me impressionou e nunca consegui compreender a perda de direitos por parte de alguém que decide mudar-se para o outro lado de uma linha imaginária que apenas se vê nos mapas. Deveríamos ser todos “cidadãos”, com todos os direitos e deveres consagrados no País de residência.
Mas haverá porventura coisa mais estúpida e imoral que a fronteira?
Mais uma corporação
Através desta notícia, tomei conhecimento da existência de mais uma Associação, neste caso a dos adeptos do desporto, supostamente virada para a defesa dos seus interesses. Óptimo, pensei eu de imediato, é sempre bom que a sociedade civil se organize na defesa dos interesses dos seus vários grupos. O seu principal objectivo, a encabeçar a lista do respectivo site, é a redução do preço dos bilhetes. Maravilha, imaginei logo, vão apelar à desertificação das bancadas para obrigar os clubes a baixar os preços.
Mas à medida que fui lendo, comecei a preocupar-me. Desde logo porque a Associação teve as suas origens num grupo de ouvintes da “Bancada Central” da TSF, esse forum especializadíssimo que brota diariamente sapiência e bom senso às carradas; depois, a sua preocupação em contactar apenas entidades públicas – governos civis e câmaras – para resolver o problema da segurança e dos acessos, nunca se lembrando dos clubes proprietários dos estádios; finalmente, o seu desejo de integrar a FPF, denotando andar à procura de “jobs” para alguns “boys”.
No final da leitura já estava completamente desiludido: trata-se de mais uma corporação, à boa maneira lusa. Não tarda nada, estarão a reivindicar bilhetes subsidiados.
Mas à medida que fui lendo, comecei a preocupar-me. Desde logo porque a Associação teve as suas origens num grupo de ouvintes da “Bancada Central” da TSF, esse forum especializadíssimo que brota diariamente sapiência e bom senso às carradas; depois, a sua preocupação em contactar apenas entidades públicas – governos civis e câmaras – para resolver o problema da segurança e dos acessos, nunca se lembrando dos clubes proprietários dos estádios; finalmente, o seu desejo de integrar a FPF, denotando andar à procura de “jobs” para alguns “boys”.
No final da leitura já estava completamente desiludido: trata-se de mais uma corporação, à boa maneira lusa. Não tarda nada, estarão a reivindicar bilhetes subsidiados.
A amiga do John Malkovich
Via Glória Fácil deparei-me com o blogue mais estapafúrdio desde que aquele senhor da gestão nos deixou. Passa por ser de Anabela Mota Ribeiro e é um documento magnífico que nos revela a sua Possibilidade do Sentir.
Por entre várias pérolas, AMR revela uma conversa com Bárbara Guimarães sobre gravidezes e alguns dos seus principais elementos: as trompas e ovários. Elogia o “novo” canal 2: . Parece corresponder-se com Carlos V. Lê Homero no original embora confesse desconhecer a língua grega – mas os «traços retorcidos do alfabeto helénico» entusiasmaram-na de sobremaneira.
Só parei de rir perante as “críticas” a Tolkien. Mas logo retomei abundantemente a alegria perante esta dúvida existencial: « Aragorn não poderia ter sido mulher, mantendo ou potenciando a sua importância como personagem fulcral? »
A sério, não percam isto. Um pequeno aperitivo:
«Passeava ontem pela baixa de Lisboa e vi o actor John Malkovich, presença habitual por estas paragem, a olhar a montra de uma loja de roupa. Não resisti, porque aprecio o seu trabalho há muito, aproximei-me e meti conversa. Perguntei-lhe se não preferia esperar pela época dos saldos que sempre é mais em conta. Ele olhou para mim e, durante breves segundos, parecia que ia dizer qualquer coisa. Depois virou-me as costas e continuou a andar sem uma palavra».
Devia ter sido em grego, Anabela! Uma informação dessa relevância merecia ser transmitida em grego. Mesmo que o John Malkovich não percebesse nada não tinha importância – a musicalidade do idioma seria suficiente para irem fazer compras juntos...
Por entre várias pérolas, AMR revela uma conversa com Bárbara Guimarães sobre gravidezes e alguns dos seus principais elementos: as trompas e ovários. Elogia o “novo” canal 2: . Parece corresponder-se com Carlos V. Lê Homero no original embora confesse desconhecer a língua grega – mas os «traços retorcidos do alfabeto helénico» entusiasmaram-na de sobremaneira.
Só parei de rir perante as “críticas” a Tolkien. Mas logo retomei abundantemente a alegria perante esta dúvida existencial: « Aragorn não poderia ter sido mulher, mantendo ou potenciando a sua importância como personagem fulcral? »
A sério, não percam isto. Um pequeno aperitivo:
«Passeava ontem pela baixa de Lisboa e vi o actor John Malkovich, presença habitual por estas paragem, a olhar a montra de uma loja de roupa. Não resisti, porque aprecio o seu trabalho há muito, aproximei-me e meti conversa. Perguntei-lhe se não preferia esperar pela época dos saldos que sempre é mais em conta. Ele olhou para mim e, durante breves segundos, parecia que ia dizer qualquer coisa. Depois virou-me as costas e continuou a andar sem uma palavra».
Devia ter sido em grego, Anabela! Uma informação dessa relevância merecia ser transmitida em grego. Mesmo que o John Malkovich não percebesse nada não tinha importância – a musicalidade do idioma seria suficiente para irem fazer compras juntos...
Eleições americanas (3)
Eleições americanas (2)
Eleições americanas (1)
2004/01/21
Cara-metade, cérebro idem
Não é por uma questão de permuta simpática de referências: vale mesmo a pena ler esta elucidação de AG acerca do método CT em que MST se revelou exímio.
Mais um
Estejam atentos ao "O Observador".
Direito à informação
Falta pelo menos um
Merece uma análise cuidada este artigo de Paulo Rangel.
Apenas um ligeiro reparo - há uma omissão de peso no rol de personalidades que cita: o Doutor Alves Correia.
Apenas um ligeiro reparo - há uma omissão de peso no rol de personalidades que cita: o Doutor Alves Correia.
Desonestidade
Fernando Rosas escreveu um artigo em que critica por antecipação o discurso "State of the Union" de George W. Bush.
Na verdade, nada existiria de especial a comentar (o texto é um conjunto de redundâncias fantasistas repetidas panfletariamente até à exaustão - na parte final chega a fazer a convocatória de uma manif.!), não fora o desfamento temporário entre o artigo e aquilo que constitui grande parte do seu objecto.
É que Bush discursou entre as 3h e as 4h da manhã (hora portuguesa); e Rosas não poderia ter conhecimento do texto no momento em que escreveu o seu artigo.
Com uma argúcia que reforça a sua culpa, Rosas não faz qualquer referência expressa e directa ao texto do discurso de Bush - mas perpassa em todo o seu artigo a ideia de que o está a comentar, ou melhor, a cilindrar. Dá-se a impressão que Rosas sabe do que fala, ou seja, que conhece aquilo que Bush terá dito. Só que o presidente americano não tinha ainda discursado. Ao transmitir essa ideia, Rosas está deliberadamente a enganar os seus leitores.
Mas não faz mal, dirão os anti-bushistas militantes - não importa o que o presidente americano tenha dito: por princípio de fé, disse mal, pensou pior e o resultado não poderia ser senão péssimo.
Por isso, estranhamente, parece ser lícito e recomendável criticar sem conhecer, citar o que se ignora, alvitrar com a certeza de que o erro é sempre relativo e depende do prisma em que se está.
Depois do esforço imenso em ler o artigo até ao fim chego a pensar que Rosas não terá, sequer, a consciência da ilicitude do seu acto, já que a lógica comportamental que dele se percebe filia-se na antiga ideia que os fins justificam os meios.
De facto, este gesto é típico das atitudes que Rosas e os seus gostam de criticar, nomeadamente no que toca à intervenção no Iraque. Desta feita, o crítico caiu desastradamente na armadilha da sua própria censura.
E quem se julga permanentemente do lado inequívoco das verdades insofismáveis, como Rosas e os seus acólitos, não precisa de mais suportes argumentativos do que aqueles que este seu gesto transmite. Entre outras coisas.
Na verdade, nada existiria de especial a comentar (o texto é um conjunto de redundâncias fantasistas repetidas panfletariamente até à exaustão - na parte final chega a fazer a convocatória de uma manif.!), não fora o desfamento temporário entre o artigo e aquilo que constitui grande parte do seu objecto.
É que Bush discursou entre as 3h e as 4h da manhã (hora portuguesa); e Rosas não poderia ter conhecimento do texto no momento em que escreveu o seu artigo.
Com uma argúcia que reforça a sua culpa, Rosas não faz qualquer referência expressa e directa ao texto do discurso de Bush - mas perpassa em todo o seu artigo a ideia de que o está a comentar, ou melhor, a cilindrar. Dá-se a impressão que Rosas sabe do que fala, ou seja, que conhece aquilo que Bush terá dito. Só que o presidente americano não tinha ainda discursado. Ao transmitir essa ideia, Rosas está deliberadamente a enganar os seus leitores.
Mas não faz mal, dirão os anti-bushistas militantes - não importa o que o presidente americano tenha dito: por princípio de fé, disse mal, pensou pior e o resultado não poderia ser senão péssimo.
Por isso, estranhamente, parece ser lícito e recomendável criticar sem conhecer, citar o que se ignora, alvitrar com a certeza de que o erro é sempre relativo e depende do prisma em que se está.
Depois do esforço imenso em ler o artigo até ao fim chego a pensar que Rosas não terá, sequer, a consciência da ilicitude do seu acto, já que a lógica comportamental que dele se percebe filia-se na antiga ideia que os fins justificam os meios.
De facto, este gesto é típico das atitudes que Rosas e os seus gostam de criticar, nomeadamente no que toca à intervenção no Iraque. Desta feita, o crítico caiu desastradamente na armadilha da sua própria censura.
E quem se julga permanentemente do lado inequívoco das verdades insofismáveis, como Rosas e os seus acólitos, não precisa de mais suportes argumentativos do que aqueles que este seu gesto transmite. Entre outras coisas.
Novo blogue
Mais um amigo que chega à blogosfera. Seja bem vindo.
Aviso
Antes que o Crítico salte para a arena em desafinada indignação, esclareço que o comentário final da posta anterior é uma tentativa de fazer ironia.
State of the Union
"Terrorists and their supporters declared war on the United States, and war is what they got."
Não, isto não é fantasia de pendor propagandístico. Se o fosse comentaria assim:
«Uma grande comunicação. Em grande forma está sem dúvida o Presidente (...), a julgar pelo poderoso discurso (...) hoje proferido. Palavras claras, conteúdo forte, propostas consistentes, desafios estimulantes. Um verdadeiro "safanão" (...) Em suma, recados cortantes em várias direcções ...».
Mas como ainda mantenho contacto com a realidade não a conformando aos meus desejos, limito-me a dizer o seguinte: foi um bom discurso.
Não atingiu, obviamente, os elevadíssimos padrões a que Jorge Sampaio nos habituou - nomeadamente no que tange à exteriorização da sua personalidade enérgica, à vontade férrea que coloca em tudo o que diz, à frontalidade com que enfrenta aos assuntos que importam, à clareza cristalina das suas mensagens políticas, à determinação com que se faz respeitar por tudo e por todos, ao prestígio pessoal que empresta ao cargo que ocupa e ao lugar indelével com que Sampaio ficará na história da humanidade.
Bush fez um discurso razoável, mas não alcançou as dimensões da grandeza sampaísta. Mas, vá lá, quase que chegou ao nível de Winston Churchill...
Não, isto não é fantasia de pendor propagandístico. Se o fosse comentaria assim:
«Uma grande comunicação. Em grande forma está sem dúvida o Presidente (...), a julgar pelo poderoso discurso (...) hoje proferido. Palavras claras, conteúdo forte, propostas consistentes, desafios estimulantes. Um verdadeiro "safanão" (...) Em suma, recados cortantes em várias direcções ...».
Mas como ainda mantenho contacto com a realidade não a conformando aos meus desejos, limito-me a dizer o seguinte: foi um bom discurso.
Não atingiu, obviamente, os elevadíssimos padrões a que Jorge Sampaio nos habituou - nomeadamente no que tange à exteriorização da sua personalidade enérgica, à vontade férrea que coloca em tudo o que diz, à frontalidade com que enfrenta aos assuntos que importam, à clareza cristalina das suas mensagens políticas, à determinação com que se faz respeitar por tudo e por todos, ao prestígio pessoal que empresta ao cargo que ocupa e ao lugar indelével com que Sampaio ficará na história da humanidade.
Bush fez um discurso razoável, mas não alcançou as dimensões da grandeza sampaísta. Mas, vá lá, quase que chegou ao nível de Winston Churchill...
Concordo
Embora possa parecer parodoxal, concordo com esta análise do Caso Arrumado.
2004/01/20
Meras sugestões dificilmente acatadas
Tenho as maiores dúvidas que a nova legislação sobre a imigração consiga atingir os objectivos. Pela simples razão de que os serviços administrativos que a deverão aplicar funcionam como sabemos.
Hoje li no Público uma citação de João Salgueiro que ilustra aquilo que penso: «As leis em Portugal são meras sugestões». Sobretudo pelos organismos públicos encarregues de o fazer, acrescento eu.
Por isso, os imigrantes continuarão a viver na precaridade de quem tem de se defrontar com os labirintos insondáveis da nossa Administração Pública.
A este propósito, veja-se a sintomática experiência narrada pelo Gabriel.
Hoje li no Público uma citação de João Salgueiro que ilustra aquilo que penso: «As leis em Portugal são meras sugestões». Sobretudo pelos organismos públicos encarregues de o fazer, acrescento eu.
Por isso, os imigrantes continuarão a viver na precaridade de quem tem de se defrontar com os labirintos insondáveis da nossa Administração Pública.
A este propósito, veja-se a sintomática experiência narrada pelo Gabriel.
John Kerry esmaga Dean
Curiosamente, Howard Dean contava com o apoio implícito do ex-Presidente Jimmy Carter, traduzido na partilha de "homemade scones and jam" nas vésperas do "caucus" no Iowa. Carter foi o último candidato a vencer no Iowa e a chegar à Casa Branca (no já longínquo ano de 1976), o que deixa alguma esperança ao Governador do Vermont.
Já agora, a explicação o funcionamento das "primárias" neste pequeno Estado pode ser vista aqui.
A título de curiosidade, Bill Clinton, em 1992, obteve apenas 2,8% (último lugar)...
Já agora, a explicação o funcionamento das "primárias" neste pequeno Estado pode ser vista aqui.
A título de curiosidade, Bill Clinton, em 1992, obteve apenas 2,8% (último lugar)...
Vejam só: Dean perdeu no Iowa!
Contrariamente ao que as sondagens apontavam, Howard Dean não sofreu apenas uma derrota no Iowa: foi esmagado por John Kerry.
Resultados:
- Kerry: 38% (17 delegados)
- Edwards: 32% (15 delegados)
- Dean: 18% (7 delegados)
O Mata-Mouros espera ansiosamente que Miguel Sousa Tavares volte a usar o método em que se proclamou especialista e faça uma análise cuidada da "cara" de Kerry para, a partir desse precioso "olhar", valorar a sua inteligência.
Quanto a Howard Dean, poupamos-lhe o trabalho (com a ajuda do Cox And Forkun):
Resultados:
- Kerry: 38% (17 delegados)
- Edwards: 32% (15 delegados)
- Dean: 18% (7 delegados)
O Mata-Mouros espera ansiosamente que Miguel Sousa Tavares volte a usar o método em que se proclamou especialista e faça uma análise cuidada da "cara" de Kerry para, a partir desse precioso "olhar", valorar a sua inteligência.
Quanto a Howard Dean, poupamos-lhe o trabalho (com a ajuda do Cox And Forkun):
Só pode ser ironia !
Como de costume, fui ver o Causa Nossa. Nem sempre gosto do que lá leio, mas nada é supérfluo ou imaturo.
De súbito, apanhando-me intelectualmente desprevenido, isto:
«Em grande forma está sem dúvida o Presidente da República, a julgar pelo poderoso discurso na abertura do ano judicial hoje proferido. Palavras claras, conteúdo forte, propostas consistentes, desafios estimulantes».
E o texto continua neste mesmo tom, misto de panegírico e de obra de La Fontaine.
Primeiro indignei-me. Espanto e terror. Dizer coisas destas de qualquer atitude provinda de Jorge Sampaio? Mas este discurso (algum discurso) de Jorge Sampaio faz diferença no que quer que seja? Mas alguém acredita que os agentes do sistema jurídico ou os jornalistas dedicarão o mínimo de atenção aos avisos intencionalmente “cassândricos”, mas sempre inócuos, de Jorge Sampaio?
Como é possível que o actual PR, mistura politicamente correcta de D. João VI e do Almirante Américo Tomás, provoque um laudatório desta natureza a quem quer que seja?
Jorge Sampaio, a personificação de todas as crises não resolvidas do nosso tempo político, a imagem desgastada e impotente do sistema que temos, a mediocridade que nos agride pela acutilância da sua inacção, Jorge Sampaio, dizia, merece que dele se diga alguma coisa que exceda o pudico: "não me lembro bem quem fosse"???
Depois, acalmei-me. E percebi. Vital Moreira está a brincar. Só pode ser isso. É uma ironia a fugir para o sarcasmo. Claro que sim. Não há desejo que possa camuflar a realidade em tanta coisa. Não há máscara no mundo que permita “amparar” aquilo que lá não está. E com Jorge Sampaio nada está.
É um gracejo, uma crítica galhofeira de quem esperava muito mais e muito melhor, evidentemente. Ufffh!
De súbito, apanhando-me intelectualmente desprevenido, isto:
«Em grande forma está sem dúvida o Presidente da República, a julgar pelo poderoso discurso na abertura do ano judicial hoje proferido. Palavras claras, conteúdo forte, propostas consistentes, desafios estimulantes».
E o texto continua neste mesmo tom, misto de panegírico e de obra de La Fontaine.
Primeiro indignei-me. Espanto e terror. Dizer coisas destas de qualquer atitude provinda de Jorge Sampaio? Mas este discurso (algum discurso) de Jorge Sampaio faz diferença no que quer que seja? Mas alguém acredita que os agentes do sistema jurídico ou os jornalistas dedicarão o mínimo de atenção aos avisos intencionalmente “cassândricos”, mas sempre inócuos, de Jorge Sampaio?
Como é possível que o actual PR, mistura politicamente correcta de D. João VI e do Almirante Américo Tomás, provoque um laudatório desta natureza a quem quer que seja?
Jorge Sampaio, a personificação de todas as crises não resolvidas do nosso tempo político, a imagem desgastada e impotente do sistema que temos, a mediocridade que nos agride pela acutilância da sua inacção, Jorge Sampaio, dizia, merece que dele se diga alguma coisa que exceda o pudico: "não me lembro bem quem fosse"???
Depois, acalmei-me. E percebi. Vital Moreira está a brincar. Só pode ser isso. É uma ironia a fugir para o sarcasmo. Claro que sim. Não há desejo que possa camuflar a realidade em tanta coisa. Não há máscara no mundo que permita “amparar” aquilo que lá não está. E com Jorge Sampaio nada está.
É um gracejo, uma crítica galhofeira de quem esperava muito mais e muito melhor, evidentemente. Ufffh!
Prós & Contras
Discutiu-se o aborto. De um lado dois homens e uma senhora que tresandavam a Opus Dei. Do outro um bloquista inconsequente, uma profissional comunista e a insuportável Ana Benavente.
O grande elemento de perplexidade residia na singular indumentária de Fátima Campos Ferreira. Talvez em homenagem à clivagem existencial patente no painel que convidou, vestia uma saia de couro com corpete (género centurião romano) e botas à montadora; para suavizar o conjunto, os ombros e o colo que o couro descobria foram tapados com uma excessivamente sóbria camisa castanha clara que mereceria a aprovação da mais severa Madre de colégio de freiras.
O resto foram argumentos estafados, gritaria redundante de quem não tinha ido ali para se fazer entender mas apenas por dever de ofício.
No fim surgiu Eduardo Dâmaso (certamente vestido por quem tinha sugerido a fatiota de FCF) tentando fazer um resumo com sentido de uma coisa que não tinha tido nenhum.
E eu, que sou favorável à descriminalização do aborto, sem poder concordar com ninguém, lembrei-me das pessoas da minha geração que tinham passado pelas circunstâncias ali gritadas. Recordei as amigas e as colegas (algumas, hoje, magistradas) destruídas por terem feito o que fizeram.
Se o aborto é crime, já vem com castigo. Na mais profunda significação "dostoievskiana".
E perguntei-me a mim próprio como é que as pessoas da minha geração que estão nos Tribunais, aquelas que não pertencem a seitas nem julgam ter a verdade na sua mão direita, serão capazes de fazer cumprir a Lei e condenar quem já penou o pior dos castigos.
O grande elemento de perplexidade residia na singular indumentária de Fátima Campos Ferreira. Talvez em homenagem à clivagem existencial patente no painel que convidou, vestia uma saia de couro com corpete (género centurião romano) e botas à montadora; para suavizar o conjunto, os ombros e o colo que o couro descobria foram tapados com uma excessivamente sóbria camisa castanha clara que mereceria a aprovação da mais severa Madre de colégio de freiras.
O resto foram argumentos estafados, gritaria redundante de quem não tinha ido ali para se fazer entender mas apenas por dever de ofício.
No fim surgiu Eduardo Dâmaso (certamente vestido por quem tinha sugerido a fatiota de FCF) tentando fazer um resumo com sentido de uma coisa que não tinha tido nenhum.
E eu, que sou favorável à descriminalização do aborto, sem poder concordar com ninguém, lembrei-me das pessoas da minha geração que tinham passado pelas circunstâncias ali gritadas. Recordei as amigas e as colegas (algumas, hoje, magistradas) destruídas por terem feito o que fizeram.
Se o aborto é crime, já vem com castigo. Na mais profunda significação "dostoievskiana".
E perguntei-me a mim próprio como é que as pessoas da minha geração que estão nos Tribunais, aquelas que não pertencem a seitas nem julgam ter a verdade na sua mão direita, serão capazes de fazer cumprir a Lei e condenar quem já penou o pior dos castigos.
2004/01/19
Quadratura do Círculo
Cochichos de salão
O "Ano Judicial" começou legalmente em 1 de Janeiro. Para os profissionais do foro, na verdade, começou em 15 de Setembro de 2003. De qualquer modo, a abertura solene foi hoje. Como não podia deixar de ser (já tinha sido um pouco assim no Congresso da Justiça), os temas centrais dos discursos foram o segredo de justiça e a liberdade de imprensa.
O Presidente Jorge Sampaio:
«"Se há um interesse público na observância do segredo de justiça, dificilmente se compreende que esse interesse público só seja relevante quando a divulgação de factos por ele cobertos é feita por participantes no processo e deixe de o ser quando esse mesma divulgação seja feita por qualquer outro cidadão", afirmou. "Se a comunicação social não puder usar licitamente a violação do segredo de justiça pelos participantes no processo, então tal violação passa a ser, na pior hipótese, tema de conversa de pátio ou de cochicho de salão".»
.
Não é isto, com a actual lei e ao contrário do que se tem afirmado, que os tribunais têm entendido.
Veja-se, por exemplo, este acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa:
«A guarda do segredo de justiça não é obrigação apenas de certas pressões [sic, leia-se pessoas] ligadas ao processo ou aos Tribunais, mas de qualquer pessoa, designadamente jornalista.».
O problema é, face à específica natureza do crime, que a legitimidade para a abertura de processos crime é da exclusiva competencia do Ministério Público (veja-se, por exemplo, este acórdão), o qual tem feito pouco uso (a julgar pelo menos, pelas decisões publicitadas) dos meios e competências à sua disposição.
Por isso, mexer na lei porquê e para quê? Porque o Persidente da República entende que sim? Nem isso é certo.
Leio na TSF:
«O Presidente da República defendeu, esta segunda-feira, na abertura do ano judicial, que o segredo de Justiça deverá vincular também os jornalistas, apelando a uma reflexão sobre a necessidade de alteração da lei vigente.»
E no público, a propósito do mesmo discurso:
«O Presidente da República encerrou a cerimónia, defendendo implicitamente a vinculação dos jornalistas ao segredo de justiça e sugerindo uma reflexão sobre a necessidade de alterar aquele princípio jurídico e sobre as relações deste com a comunicação social. No entanto, Sampaio não admite qualquer mudança da lei da liberdade de imprensa.».
Quid Juris?
O Presidente Jorge Sampaio:
«"Se há um interesse público na observância do segredo de justiça, dificilmente se compreende que esse interesse público só seja relevante quando a divulgação de factos por ele cobertos é feita por participantes no processo e deixe de o ser quando esse mesma divulgação seja feita por qualquer outro cidadão", afirmou. "Se a comunicação social não puder usar licitamente a violação do segredo de justiça pelos participantes no processo, então tal violação passa a ser, na pior hipótese, tema de conversa de pátio ou de cochicho de salão".»
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Não é isto, com a actual lei e ao contrário do que se tem afirmado, que os tribunais têm entendido.
Veja-se, por exemplo, este acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa:
«A guarda do segredo de justiça não é obrigação apenas de certas pressões [sic, leia-se pessoas] ligadas ao processo ou aos Tribunais, mas de qualquer pessoa, designadamente jornalista.».
O problema é, face à específica natureza do crime, que a legitimidade para a abertura de processos crime é da exclusiva competencia do Ministério Público (veja-se, por exemplo, este acórdão), o qual tem feito pouco uso (a julgar pelo menos, pelas decisões publicitadas) dos meios e competências à sua disposição.
Por isso, mexer na lei porquê e para quê? Porque o Persidente da República entende que sim? Nem isso é certo.
Leio na TSF:
«O Presidente da República defendeu, esta segunda-feira, na abertura do ano judicial, que o segredo de Justiça deverá vincular também os jornalistas, apelando a uma reflexão sobre a necessidade de alteração da lei vigente.»
E no público, a propósito do mesmo discurso:
«O Presidente da República encerrou a cerimónia, defendendo implicitamente a vinculação dos jornalistas ao segredo de justiça e sugerindo uma reflexão sobre a necessidade de alterar aquele princípio jurídico e sobre as relações deste com a comunicação social. No entanto, Sampaio não admite qualquer mudança da lei da liberdade de imprensa.».
Quid Juris?
A Descentralização
"Está iniciado um processo de altíssimo risco. Se, deste processo, resultar um mapa com alguma lógica, tal ficará totalmente a crédito dos autarcas e do modo como souberam utilizar a longa experiência anterior".
Confesso que a questão da criação das Comunidades Intermunicipais, Comunidades Urbanas e Áreas Metropolitanas me deixa dividido. Por um lado, parece-me positivo que o Estado/Governo central permita a entidades administrativas menores organizarem-se como bem entenderem (em vez de lhes ser imposto um qualquer modelo estátitco) e disponibilizar-se para transferir competências e fundos. Por outro lado, a experiência associativa autárquica não é muito encorajadora e o risco que encabeça esta posta é real, além dos muitos outros problemas que afectam as leis que permitem a criação daquelas comunidades, no que me parece ser mais uma reforma apressada.
Quando se discutiu a regionalização, fui daqueles que estiveram contra. Não contra a "regionalização", mas contra "aquela regionalização". Aquele mapa e aquela estrutura. Fui criticado por isso, por muitos amigos, um dos quais CompAnheiro (CAA) deste blogue. Porquê? Porque os problemas óbvios (a começar pelo mapa) seriam (me pareciam ser) de muito difícil resolução no futuro, uma vez "instituídas em concreto" as ditas regiões. A solução encontrada por este Governo é uma forma de (tentar) evitar voltar a discutir aquilo que entretatnto parece ter-se tornado num tema tabu (a regionalização). Mas a comparação é inevitável. Os riscos são os mesmos - ou maiores - e os resultados ainda mais imprevisíveis.
A primeira comunidade urbana foi criada há poucos dias. Para já, resta aguardar pela "contratualização" (de natureza jurídica duvidosa - por contrato podem delegar-se competências, mas não transferi-las a título definitivo: fica assim o Governo com uma válvula de escape, não sei se intencional se por descuido do legislador...), prevista na lei, com a primeira ComUrb e pela adesão dos restantes concelhos.
Está iniciado um processo de altíssimo risco. Se, deste processo, resultar um mapa com alguma lógica, tal ficará totalmente a crédito dos autarcas, do modo como souberam utilizar a longa experiência anterior e, sobretudo, acrescento eu, do acaso...
Confesso que a questão da criação das Comunidades Intermunicipais, Comunidades Urbanas e Áreas Metropolitanas me deixa dividido. Por um lado, parece-me positivo que o Estado/Governo central permita a entidades administrativas menores organizarem-se como bem entenderem (em vez de lhes ser imposto um qualquer modelo estátitco) e disponibilizar-se para transferir competências e fundos. Por outro lado, a experiência associativa autárquica não é muito encorajadora e o risco que encabeça esta posta é real, além dos muitos outros problemas que afectam as leis que permitem a criação daquelas comunidades, no que me parece ser mais uma reforma apressada.
Quando se discutiu a regionalização, fui daqueles que estiveram contra. Não contra a "regionalização", mas contra "aquela regionalização". Aquele mapa e aquela estrutura. Fui criticado por isso, por muitos amigos, um dos quais CompAnheiro (CAA) deste blogue. Porquê? Porque os problemas óbvios (a começar pelo mapa) seriam (me pareciam ser) de muito difícil resolução no futuro, uma vez "instituídas em concreto" as ditas regiões. A solução encontrada por este Governo é uma forma de (tentar) evitar voltar a discutir aquilo que entretatnto parece ter-se tornado num tema tabu (a regionalização). Mas a comparação é inevitável. Os riscos são os mesmos - ou maiores - e os resultados ainda mais imprevisíveis.
A primeira comunidade urbana foi criada há poucos dias. Para já, resta aguardar pela "contratualização" (de natureza jurídica duvidosa - por contrato podem delegar-se competências, mas não transferi-las a título definitivo: fica assim o Governo com uma válvula de escape, não sei se intencional se por descuido do legislador...), prevista na lei, com a primeira ComUrb e pela adesão dos restantes concelhos.
Está iniciado um processo de altíssimo risco. Se, deste processo, resultar um mapa com alguma lógica, tal ficará totalmente a crédito dos autarcas, do modo como souberam utilizar a longa experiência anterior e, sobretudo, acrescento eu, do acaso...
Hospitais S.A.
No The Bulll & the Bear. Alguém poderá contestar os números?
Os mestres do Embuste (II)
A posta abaixo, com mesmo título, fez-me ler com mais atenção esta notícia.
O chamado "serviço público de televisão", através de canais ou estações televisisvas públicos, é um buraco sem fundo e não apenas em Portugal. O Governo (conservador e cumpridor do déficit) de José Maria Aznar prepara-se para assumir um "buraco negro" de 6,9 mil milhões (seis mil e novecentos milhões) de euros (qualquer coisa como 1383 milhões de contos) da TVE e avançar com a reestruturação da televisão pública espanhola.
A causa próxima desta decisão serão as queixas apresentadas pelos canais privados espanhóis à Comissão Europeia sobre as garantias estatatais que permitiram à rede pública de nuestros hermanos assumir um passivo daquele tamanho. As más línguas poderão lembrar-se que uma (ex-?)funcionária da TVE se prepara para assumir o estatuto de "herdeira do trono...".
Quanto à nossa nova "2:", creio que ainda é cedo para se dizer que foi apenas uma mudança de nome, idêntica à penúltima, lembram-se, apresentada com uma mulher grávida com um aparelho de televisão no ventre, que bem poderia ter sido (ou vir a ser) utilizada numa campanha pró-referendo.
Para já, prefiro o Pop up ao acontece e a Raquel Dias ao Carlos Pinto Coelho....
O chamado "serviço público de televisão", através de canais ou estações televisisvas públicos, é um buraco sem fundo e não apenas em Portugal. O Governo (conservador e cumpridor do déficit) de José Maria Aznar prepara-se para assumir um "buraco negro" de 6,9 mil milhões (seis mil e novecentos milhões) de euros (qualquer coisa como 1383 milhões de contos) da TVE e avançar com a reestruturação da televisão pública espanhola.
A causa próxima desta decisão serão as queixas apresentadas pelos canais privados espanhóis à Comissão Europeia sobre as garantias estatatais que permitiram à rede pública de nuestros hermanos assumir um passivo daquele tamanho. As más línguas poderão lembrar-se que uma (ex-?)funcionária da TVE se prepara para assumir o estatuto de "herdeira do trono...".
Quanto à nossa nova "2:", creio que ainda é cedo para se dizer que foi apenas uma mudança de nome, idêntica à penúltima, lembram-se, apresentada com uma mulher grávida com um aparelho de televisão no ventre, que bem poderia ter sido (ou vir a ser) utilizada numa campanha pró-referendo.
Para já, prefiro o Pop up ao acontece e a Raquel Dias ao Carlos Pinto Coelho....
Saudades (da Revista de Blogues) e apreensões
A Rua da Judiaria tornou-se uma paragem obrigatória, para mim. A fazer lembrar o Almocreve das Petas, mas numa temática especializada.
A dita "esquerda" está a ganhar pontos na blogosfera, de dia para dia - o Barnabé está cada vez melhor: vejam, por exemplo, esta e esta postas.
Depois de um início acidentado e incerto, a Causa Nossa está a marcar os temas da actualidade com uma qualidade invejável.
A lógica própria dos blogues liberais parece confrontar-se com uma "estruturação de combate". Os blogues da "direita" tradicional estão claramente a descer. Outros, que se habituaram a fazer de referência, estão numa fase aguda de umbiguismo, entretidos a falar para dentro, cristalizando pouco a pouco.
As perspectivas não parecem ser as melhores para os lados dos blogues livres.
Para os meus colegas de blogue e para os que estão na "Santa Aliança" e afins, o meu apelo (quase lancinante) é: organizem-se!
A dita "esquerda" está a ganhar pontos na blogosfera, de dia para dia - o Barnabé está cada vez melhor: vejam, por exemplo, esta e esta postas.
Depois de um início acidentado e incerto, a Causa Nossa está a marcar os temas da actualidade com uma qualidade invejável.
A lógica própria dos blogues liberais parece confrontar-se com uma "estruturação de combate". Os blogues da "direita" tradicional estão claramente a descer. Outros, que se habituaram a fazer de referência, estão numa fase aguda de umbiguismo, entretidos a falar para dentro, cristalizando pouco a pouco.
As perspectivas não parecem ser as melhores para os lados dos blogues livres.
Para os meus colegas de blogue e para os que estão na "Santa Aliança" e afins, o meu apelo (quase lancinante) é: organizem-se!
Os mestres do embuste
Dois casos assumem-se como paradigmáticos do tipo de governação que a actual maioria está a imprimir.
O primeiro foi o que se passou na RTP. Morais Sarmento teve uma entrada de leão. Falou em saneamento financeiro. Realçou os milhões de contos de prejuízos anuais. Denunciou os suspeitos conluios com as produtoras. Prometeu que a RTP 2 iria acabar, dada a sua comprovada inviabilidade financeira. Arrostou com críticas, greves e manifestações, e ... cedeu em toda a linha!!!
Afinal tudo ficou na mesma. A RTP gasta tanto dinheiro e dá o mesmo prejuízo que antes. As tais produtoras continuam a fazer o mesmo de sempre. As audiências mantêm a televisão pública em terceiro lugar.
Tudo na mesma? Bem, não exactamente: a RTP 2 mudou de nome - agora é a 2 : !!! Tanta berraria para mudarem o nome a um canal de televisão.
A outra situação soube-se agora. Um programa lançado em 2000 nas áreas da ciência e da investigação foi rebaptizado e a verba remanescente aproveitada para um programa exactamente igual ... excepto no nome!!!
Tal como aconteceu com a RTP 2, o Governo limitou-se a mudar o nome ao programa e anunciar aos sete ventos que tinha lançado uma nova política de apoio à investigação científica.
É o mais declarado ilusionismo ao serviço da política.
O primeiro foi o que se passou na RTP. Morais Sarmento teve uma entrada de leão. Falou em saneamento financeiro. Realçou os milhões de contos de prejuízos anuais. Denunciou os suspeitos conluios com as produtoras. Prometeu que a RTP 2 iria acabar, dada a sua comprovada inviabilidade financeira. Arrostou com críticas, greves e manifestações, e ... cedeu em toda a linha!!!
Afinal tudo ficou na mesma. A RTP gasta tanto dinheiro e dá o mesmo prejuízo que antes. As tais produtoras continuam a fazer o mesmo de sempre. As audiências mantêm a televisão pública em terceiro lugar.
Tudo na mesma? Bem, não exactamente: a RTP 2 mudou de nome - agora é a 2 : !!! Tanta berraria para mudarem o nome a um canal de televisão.
A outra situação soube-se agora. Um programa lançado em 2000 nas áreas da ciência e da investigação foi rebaptizado e a verba remanescente aproveitada para um programa exactamente igual ... excepto no nome!!!
Tal como aconteceu com a RTP 2, o Governo limitou-se a mudar o nome ao programa e anunciar aos sete ventos que tinha lançado uma nova política de apoio à investigação científica.
É o mais declarado ilusionismo ao serviço da política.
Quadratura do Círculo IV
Muito interessante a defesa (porventura ambígua, como manda a sua natureza) que A. Lobo Xavier fez do livro de Santana Lopes.
2004/01/18
Ele há muitas "direitas" dentro da tal "direita"
Esta posta do Catalaxia, respondendo a Vital Moreira sobre a suposta posição da "direita" acerca do aborto, dá-me a oportunidade de referir que algumas das mais conceituadas opiniões liberais não se revêem nas tradicionais visões ditas "pró-vida".
Saliento este conhecido excerto de Ayn Rand:
«I cannot project the degree of hatred required to make those women run around in crusades against abortion. Hatred is what they certainly project, not love for the embryos, which is a piece of nonsense no one could experience, but hatred, a virulent hatred for an unnamed object...Their hatred is directed against human beings as such, against the mind, against reason, against ambition, against success, against love, against any value that brings happiness to human life. In compliance with the dishonesty that dominates today's intellectual field, they call themselves 'pro-life'».
Mais sobre esta posição "Abortion is Prolife" pode ser vista aqui.
Saliento este conhecido excerto de Ayn Rand:
«I cannot project the degree of hatred required to make those women run around in crusades against abortion. Hatred is what they certainly project, not love for the embryos, which is a piece of nonsense no one could experience, but hatred, a virulent hatred for an unnamed object...Their hatred is directed against human beings as such, against the mind, against reason, against ambition, against success, against love, against any value that brings happiness to human life. In compliance with the dishonesty that dominates today's intellectual field, they call themselves 'pro-life'».
Mais sobre esta posição "Abortion is Prolife" pode ser vista aqui.
Exercício de sonambulismo após um pesadelo
Segundo apurou o Mata-Mouros, após a transmissão da entrevista de Paul O'Neil ao programa "60 Minutes" da CBS, o presidente Bush fez um pungente apelo aos jornalistas americanos para revelarem maior sentido de cidadania e colocarem o interesse nacional acima da oportunidade da notícia.
Entretanto, a senadora Assunción Estebes, conhecida militante pró-Bush, afirmou que «era chegado o tempo da liberdade de informação ser reinterpretada à luz dos últimos acontecimentos». Disse ainda que «o presidente não pode ser vexado na praça pública graças à irresponsabilidade dos órgãos de comunicação social».
Do mesmo modo, a liberdade de opinião poderá vir a ser limitada. O livro do antigo Secretário do Tesouro terá sido a gota de água: «não podemos estar a defender os interesses da América e a travar estas batalhas internas» disse William DaSilva, chefe da maioria no Senado, logo secundado pelo seu ajudante Mark Anthony que considerou estes acontecimentos como uma «manobra da oposição».
Joseph Pear-Tree, habitual conselheiro do presidente, disse que «por princípio» está contra a limitação da liberdade de expressão; mas que as actuais circunstâncias são «graves» e obrigam a uma «profunda reflexão»; «os jornalistas têm deveres como todos os outros», acrescentou.
Entretanto, a senadora Assunción Estebes, conhecida militante pró-Bush, afirmou que «era chegado o tempo da liberdade de informação ser reinterpretada à luz dos últimos acontecimentos». Disse ainda que «o presidente não pode ser vexado na praça pública graças à irresponsabilidade dos órgãos de comunicação social».
Do mesmo modo, a liberdade de opinião poderá vir a ser limitada. O livro do antigo Secretário do Tesouro terá sido a gota de água: «não podemos estar a defender os interesses da América e a travar estas batalhas internas» disse William DaSilva, chefe da maioria no Senado, logo secundado pelo seu ajudante Mark Anthony que considerou estes acontecimentos como uma «manobra da oposição».
Joseph Pear-Tree, habitual conselheiro do presidente, disse que «por princípio» está contra a limitação da liberdade de expressão; mas que as actuais circunstâncias são «graves» e obrigam a uma «profunda reflexão»; «os jornalistas têm deveres como todos os outros», acrescentou.
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