2003/11/22
Bloguíticas
Na sequência desta posta do Paulo Gorjão, impõe-se o seguinte esclarecimento:
O Mata-Mouros é um blogue colectivo. Nele postam, regularmente, eu próprio, o CAA e o LR. Os textos são assinados e apenas vinculam o respectivo autor. Como se pode verificar, há frequentemente (e ainda bem) posições divergentes entre nós sobre os mais diversos assuntos. O que nos une está aqui ao lado, no topo da coluna da esquerda.
O Mata-Mouros é um blogue colectivo. Nele postam, regularmente, eu próprio, o CAA e o LR. Os textos são assinados e apenas vinculam o respectivo autor. Como se pode verificar, há frequentemente (e ainda bem) posições divergentes entre nós sobre os mais diversos assuntos. O que nos une está aqui ao lado, no topo da coluna da esquerda.
Sistema Presidencialista
Não vou defender aqui as propostas anunciadas ontem por Manuel Monteiro e apresentadas hoje de manhã no Parlamento da Nova Democracia. O Mata-Mouros é independente para além das dependências de cada um dos seus autores. Por isso, este não é o local apropriado para responder ao desafio da Grande Loja.
O Bloguítica também tem reflectido acerca da questão. Pelas razões acima enunciadas, não quero entrar em debate. Apenas 2 observações:
1. Na posta "Sistema Presidencial II" julgo que se estará a referir a um texto do CL e não meu. Adianto que a proposta não é minha mas de um grupo de pessoas, necessariamente, com visões distintas.
2. Na posta "Sistema Presidencial III" o PG diz: «no actual quadro portugues, a adopcao de um sistema presidencialista semelhante ao norte-americano implica alteracoes profundissimas e que desequilibram todo o edificio constitucional» e adiante «Em suma, Monteiro quer colocar em causa a estabilidade da democracia em Portugal para fazer experiencias constitucionais de cariz incerto».
Entende realmente o PG que o sistema, como ele está,
é equilibrado? Eficaz? Estável? Não considera que os exemplos de que fala funcionam bastante melhor do que o nosso? Não será qualquer mudança profunda, qualquer reforma substancial uma "experiência constitucional de cariz incerto"?
O Bloguítica também tem reflectido acerca da questão. Pelas razões acima enunciadas, não quero entrar em debate. Apenas 2 observações:
1. Na posta "Sistema Presidencial II" julgo que se estará a referir a um texto do CL e não meu. Adianto que a proposta não é minha mas de um grupo de pessoas, necessariamente, com visões distintas.
2. Na posta "Sistema Presidencial III" o PG diz: «no actual quadro portugues, a adopcao de um sistema presidencialista semelhante ao norte-americano implica alteracoes profundissimas e que desequilibram todo o edificio constitucional» e adiante «Em suma, Monteiro quer colocar em causa a estabilidade da democracia em Portugal para fazer experiencias constitucionais de cariz incerto».
Entende realmente o PG que o sistema, como ele está,
é equilibrado? Eficaz? Estável? Não considera que os exemplos de que fala funcionam bastante melhor do que o nosso? Não será qualquer mudança profunda, qualquer reforma substancial uma "experiência constitucional de cariz incerto"?
Isto nem um polícia da Régua! (ou a banda da GNR)
Não me considero uma pessoa de ironia particularmente requintada ou excessivamente subtil. Sou um homem médio, de cultura moderada, com uma diligência e sagacidade regulares. Estou habituado a que as pessoas comuns, como eu, percebam aquilo que pretendo expressar. Mesmo quando o faço com audaciosas perspectivas de querer ter graça.
Muitas vezes, quando se faz a narração de uma situação real há uma diferença a ter em conta na interpretação do texto entre o seu significado literal e o seu sentido lógico. Ou seja, nem sempre estes são concordantes. Ora, se nessa discrepância repousar um esforço em ressaltar os aspectos mais divertidos da situação, sobretudo se dirigidos a nós mesmos, às nossas contradições e idiossincrasias, então poderemos ter a expectativa de se ter conseguido uma ligeira... ironia.
Vem isto a propósito da assombrosa resposta que o Crítico entendeu por bem dar a esta minha humilde posta. Fiquei sem fala. Num perigoso estado de perplexidade. De facto, o “colega” não percebeu. Nada.
Ainda não refeito da quase insuperável constatação das minhas piores suspeitas acerca das carências da personagem, passo a tentar explicar numa linguagem que se pretende inequívoca e substantivamente acessível:
1. Não foi pedida a opinião a ninguém sobre coisa nenhuma;
2. Esteja a blogosfera tranquila que os alunos não foram prejudicados – no seguimento dos acontecimentos relatados e inquiridos directamente sobre o assunto, desvalorizaram-no;
3. A tentativa, quiçá frustrada, que motivou aquele texto era a de gracejar - EU ESTAVA A BRINCAR! (PERCEBEU?) Na realidade eu não odeio a Espanha, nem os espanhóis, nem investi contra a Espanha no tal debate sobre a “constituição” europeia;
4. Quando me referi ao eventual papel do Senhor Crítico naquele enredo TAMBÉM ESTAVA A CHALACEAR! Era uma forma de imaginar o caso como resultado da insidiosa longa manus da conspiração global dos críticos musicais contra os famigerados e detestados Mata-Mourozinhos;
5. Sossegue o Senhor “Colega” Crítico que o autor destas linhas é razoavelmente competente para resolver os seus problemas concretos ou abstractos;
6. Por último, verifiquei que a sua inserção no nosso índex dos Infiéis lhe causou algum desagrado. Talvez tenha razão. Houve uma clara derivação das razões originalmente concebidas. Os Infiéis são aqueles que discordam de nós em quase tudo, mas que respeitamos. Alguns, até chegamos a admirar. O Senhor “Colega” está mais vocacionado para outra catalogação – que tal os Bobos da Corte???
(Aqui, com música)
Muitas vezes, quando se faz a narração de uma situação real há uma diferença a ter em conta na interpretação do texto entre o seu significado literal e o seu sentido lógico. Ou seja, nem sempre estes são concordantes. Ora, se nessa discrepância repousar um esforço em ressaltar os aspectos mais divertidos da situação, sobretudo se dirigidos a nós mesmos, às nossas contradições e idiossincrasias, então poderemos ter a expectativa de se ter conseguido uma ligeira... ironia.
Vem isto a propósito da assombrosa resposta que o Crítico entendeu por bem dar a esta minha humilde posta. Fiquei sem fala. Num perigoso estado de perplexidade. De facto, o “colega” não percebeu. Nada.
Ainda não refeito da quase insuperável constatação das minhas piores suspeitas acerca das carências da personagem, passo a tentar explicar numa linguagem que se pretende inequívoca e substantivamente acessível:
1. Não foi pedida a opinião a ninguém sobre coisa nenhuma;
2. Esteja a blogosfera tranquila que os alunos não foram prejudicados – no seguimento dos acontecimentos relatados e inquiridos directamente sobre o assunto, desvalorizaram-no;
3. A tentativa, quiçá frustrada, que motivou aquele texto era a de gracejar - EU ESTAVA A BRINCAR! (PERCEBEU?) Na realidade eu não odeio a Espanha, nem os espanhóis, nem investi contra a Espanha no tal debate sobre a “constituição” europeia;
4. Quando me referi ao eventual papel do Senhor Crítico naquele enredo TAMBÉM ESTAVA A CHALACEAR! Era uma forma de imaginar o caso como resultado da insidiosa longa manus da conspiração global dos críticos musicais contra os famigerados e detestados Mata-Mourozinhos;
5. Sossegue o Senhor “Colega” Crítico que o autor destas linhas é razoavelmente competente para resolver os seus problemas concretos ou abstractos;
6. Por último, verifiquei que a sua inserção no nosso índex dos Infiéis lhe causou algum desagrado. Talvez tenha razão. Houve uma clara derivação das razões originalmente concebidas. Os Infiéis são aqueles que discordam de nós em quase tudo, mas que respeitamos. Alguns, até chegamos a admirar. O Senhor “Colega” está mais vocacionado para outra catalogação – que tal os Bobos da Corte???
(Aqui, com música)
2003/11/21
Referendos
A não peder este excelente texto de Teresa Martins de Carvalho, no lusitana antiga liberdade, só agora "descoberto".
Presidencialismo II
A proposta de Monteiro insere-se na anunciada apresentação de propostas "radicais", mas merece alguma reflexão. Muito se tem criticado o papel do Presidente da República no actual quadro constitucional português, não muito diferente, para alguns, do de um monarca constitucional, com a vantagem (ou a desvantagem, consoante a perspectiva) de se poder (ou de se ser obrigado a) elegê-lo ou substituí-lo peridodicamente.
Uma das soluções para o problema é eliminá-lo (à figura do Presidente, não ao concreto ocupante do cargo, bem entendido) ou reforçar-lhe amplamente os poderes, nomeadamente conferindo-lhe as funções de chefe do poder executivo ou, mais modestamente, consagrando um verdadeiro sistema semi-presidencialista "à francesa" (o nosso não chega a ser semi-presidencialista, partilhando apenas com este a eleição directa do PR, em vez da sua eleição pelo Parlamento).
Estarão os tempos maduros para uma "revolução institucional" deste tipo?
Uma das soluções para o problema é eliminá-lo (à figura do Presidente, não ao concreto ocupante do cargo, bem entendido) ou reforçar-lhe amplamente os poderes, nomeadamente conferindo-lhe as funções de chefe do poder executivo ou, mais modestamente, consagrando um verdadeiro sistema semi-presidencialista "à francesa" (o nosso não chega a ser semi-presidencialista, partilhando apenas com este a eleição directa do PR, em vez da sua eleição pelo Parlamento).
Estarão os tempos maduros para uma "revolução institucional" deste tipo?
Presidencialismo
"O líder do Partido da Nova Democracia (PND), Manuel Monteiro, defendeu sexta-feira uma alteração constitucional para consagrar um sistema presidencialista semelhante ao que existe nos Estados Unidos da América."
«"Vou propor ao Conselho Geral da Nova Democracia um sistema de presidencialismo puro", acentuou Manuel Monteiro após uma audiência com o Presidente da República, Jorge Sampaio, no Palácio de Belém"».
Qual terá sido a intervenção de Sampaio nesta original proposta?
«"Vou propor ao Conselho Geral da Nova Democracia um sistema de presidencialismo puro", acentuou Manuel Monteiro após uma audiência com o Presidente da República, Jorge Sampaio, no Palácio de Belém"».
Qual terá sido a intervenção de Sampaio nesta original proposta?
Às claras (II)
Meu Caro Amigo Gabriel, entendamo-nos:
1. É verdade que tive ontem um dia muito stressante e, talvez por via disso, não me soube fazer entender e terei porventura exagerado nalguma terminologia (que aliás já corrigi);
2. É evidente que, numa manifestação com dezenas de milhares de pessoas, há muitos de boa fé e que acreditam genuinamente mas razões formais da mesma;
3. Mas uma manifestação, por gigantesca que seja, não pode servir de instrumento de medida da popularidade das causas que aí forem defendidas. Seguir a multidão ululante com todo o seu espectáculo circense é um caminho que sempre recusei, pois nunca o comportamento daquela se pautou pela razão;
4. De resto, há muito que deixei de acreditar na espontaneidade destes eventos e na sua razão imediata. Já estou cansado de ver causas claramente muito nobres e consensuais – a paz, por exemplo – servirem de capa a estratégias e objectivos com um potencialmente elevado grau de “sinistralidade”;
5. Ou seja, os verdadeiros objectivos da manifestação só são conhecidos pela “multinacional” que a organiza, supostamente grande defensora dos pobres e oprimidos e obviamente a mesma que já organizou Seattle, Gotemburgo ou Génova entre outras e, nestes casos, com fortes arruaças;
6. O fim último desta “multinacional”, curiosamente apenas com “sucursais” nos países ricos e que pretende, ela sim, impôr as suas teses, é minar e destruir por completo os alicerces do sistema em que vivemos, esse hediondo capitalismo liberal que nos permitiu alcançar os níveis de desenvolvimento e tolerância que hoje temos;
7. E é essa tolerância, caro Gabriel, que me faz estar (e a ti também) deste lado da barricada em defesa do sistema e contra os que o querem destruir. Defesa essa que passa antes de mais pelo direito à diferença, incluindo também a que seja anti-sistema. Ser liberal não é incompatível com uma postura destas, de tolerância sem dúvida, mas também de combate.
1. É verdade que tive ontem um dia muito stressante e, talvez por via disso, não me soube fazer entender e terei porventura exagerado nalguma terminologia (que aliás já corrigi);
2. É evidente que, numa manifestação com dezenas de milhares de pessoas, há muitos de boa fé e que acreditam genuinamente mas razões formais da mesma;
3. Mas uma manifestação, por gigantesca que seja, não pode servir de instrumento de medida da popularidade das causas que aí forem defendidas. Seguir a multidão ululante com todo o seu espectáculo circense é um caminho que sempre recusei, pois nunca o comportamento daquela se pautou pela razão;
4. De resto, há muito que deixei de acreditar na espontaneidade destes eventos e na sua razão imediata. Já estou cansado de ver causas claramente muito nobres e consensuais – a paz, por exemplo – servirem de capa a estratégias e objectivos com um potencialmente elevado grau de “sinistralidade”;
5. Ou seja, os verdadeiros objectivos da manifestação só são conhecidos pela “multinacional” que a organiza, supostamente grande defensora dos pobres e oprimidos e obviamente a mesma que já organizou Seattle, Gotemburgo ou Génova entre outras e, nestes casos, com fortes arruaças;
6. O fim último desta “multinacional”, curiosamente apenas com “sucursais” nos países ricos e que pretende, ela sim, impôr as suas teses, é minar e destruir por completo os alicerces do sistema em que vivemos, esse hediondo capitalismo liberal que nos permitiu alcançar os níveis de desenvolvimento e tolerância que hoje temos;
7. E é essa tolerância, caro Gabriel, que me faz estar (e a ti também) deste lado da barricada em defesa do sistema e contra os que o querem destruir. Defesa essa que passa antes de mais pelo direito à diferença, incluindo também a que seja anti-sistema. Ser liberal não é incompatível com uma postura destas, de tolerância sem dúvida, mas também de combate.
Cenas numa Universidade portuguesa contemporânea
Decorria um exame. Eu era o aborrecido vigilante. Tarde de Novembro, época especial dita “de trabalhador estudante” (guterrices).
Empiricamente, apercebi-me que 80% dos examinandos nunca trabalharam um dia na vida. Mas aproveitam as lacunas do sistema para terem mais uma época de exames.
No dia seguinte estava incumbido de debater a “constituição” europeia. Tinha trazido material de estudo e preparava-me para empregar o tempo de vigia da melhor maneira.
Nisto começo a ouvir música. Sim, era uma voz acompanhada de guitarra que tocava bem alto provocando o natural alarido dos alunos. Esperei algum tempo para ver se a coisa parava. Não parou. Perante o rebuliço na sala, abri a porta e procurei a origem da perturbação. Era na sala ao lado. Espreitei. Estavam alguns alunos pacatamente sentados, mais um rapaz de pé ao lado de uma aparelhagem que, imediatamente, identifiquei como a fonte do desassossego.
Discretamente bati na porta e o rapaz abriu-a. Estava num estado andrajoso, com ar de quem não conhecia a cama e o banho há já alguns dias. Hesitei durante instantes entre dar-lhe uma moedinha ou reconhecê-lo como professor. Prudentemente, porque “the times they are (a’)changing”, optei pela última hipótese.
- Sr. Dr., boa tarde. Peço desculpa de interromper, mas não se importa de baixar um pouco o volume. É que aqui ao lado está a decorrer um exame e o som está a perturbar os alunos.
Recebi um olhar prenhe de antagonismo.
- Estoy dando una classe! Tengo que poner la música asi! – berrou.
Atordoado pela virulencia e o idioma da resposta, voltei a solicitar que apenas baixasse o som um bocadinho. Lembrei que aqueles alunos estavam a ser avaliados.
- Usted tiene sus problemas, yo tengo los mios! – e, atrevidamente, aquele ser fechou-me a porta na cara!!!
Durante alguns breves momentos, em estado de cólera inaudita, consegui dominar a vontade de derramar os meus 110 kg em cima do insolente. Voltei à minha sala, respirei fundo, disse aos alunos para darem graças por aquela “aula” não ser de “estudos superiores de rap” ou acerca da “teoria geral do tecno sound”. Reflecti, preocupadamente, acerca do papel que este teria em toda a questão. E resolvi incidir a preparação do debate do dia seguinte no cada vez mais evidente perigo espanhol.
Empiricamente, apercebi-me que 80% dos examinandos nunca trabalharam um dia na vida. Mas aproveitam as lacunas do sistema para terem mais uma época de exames.
No dia seguinte estava incumbido de debater a “constituição” europeia. Tinha trazido material de estudo e preparava-me para empregar o tempo de vigia da melhor maneira.
Nisto começo a ouvir música. Sim, era uma voz acompanhada de guitarra que tocava bem alto provocando o natural alarido dos alunos. Esperei algum tempo para ver se a coisa parava. Não parou. Perante o rebuliço na sala, abri a porta e procurei a origem da perturbação. Era na sala ao lado. Espreitei. Estavam alguns alunos pacatamente sentados, mais um rapaz de pé ao lado de uma aparelhagem que, imediatamente, identifiquei como a fonte do desassossego.
Discretamente bati na porta e o rapaz abriu-a. Estava num estado andrajoso, com ar de quem não conhecia a cama e o banho há já alguns dias. Hesitei durante instantes entre dar-lhe uma moedinha ou reconhecê-lo como professor. Prudentemente, porque “the times they are (a’)changing”, optei pela última hipótese.
- Sr. Dr., boa tarde. Peço desculpa de interromper, mas não se importa de baixar um pouco o volume. É que aqui ao lado está a decorrer um exame e o som está a perturbar os alunos.
Recebi um olhar prenhe de antagonismo.
- Estoy dando una classe! Tengo que poner la música asi! – berrou.
Atordoado pela virulencia e o idioma da resposta, voltei a solicitar que apenas baixasse o som um bocadinho. Lembrei que aqueles alunos estavam a ser avaliados.
- Usted tiene sus problemas, yo tengo los mios! – e, atrevidamente, aquele ser fechou-me a porta na cara!!!
Durante alguns breves momentos, em estado de cólera inaudita, consegui dominar a vontade de derramar os meus 110 kg em cima do insolente. Voltei à minha sala, respirei fundo, disse aos alunos para darem graças por aquela “aula” não ser de “estudos superiores de rap” ou acerca da “teoria geral do tecno sound”. Reflecti, preocupadamente, acerca do papel que este teria em toda a questão. E resolvi incidir a preparação do debate do dia seguinte no cada vez mais evidente perigo espanhol.
Este Governo é socialista
Para além de mau (excepto na política externa - USA), este Governo revela uma irreparável tendência para a busca de soluções socialistas para todos os problemas. Invariavelmente tudo passa pelo aumento da carga fiscal.
Agora, a propósito das florestas, carrega-se ainda mais nos impostos sobre os combustíveis penalizando tudo e todos.
Manuela Ferreira Leite dá mais uma versão original daquilo que é o propagandeado "Choque Fiscal".
Agora, a propósito das florestas, carrega-se ainda mais nos impostos sobre os combustíveis penalizando tudo e todos.
Manuela Ferreira Leite dá mais uma versão original daquilo que é o propagandeado "Choque Fiscal".
O Magnífico Reitor II
Segundo o Cidadão Livre, espantosamente, o Reitor de Coimbra terá dito que «apenas as aulas não se realizaram, tudo o mais decorreu dentro da normalidade». Esta frase é verdadeiramente (e redundantemente) Magnífica na sua plenitude burocrática. É o espírito mais genuíno do mau funcionalismo público.
Recorda-me um excelente episódio da série britânica "Sim, senhor Ministro" quando o inefável Humphrey levou o seu Ministro a visitar um hospital. Para espanto do político as camas estavam vazias, não existiam médicos, doentes, enfermeiros. Quando o Ministro demonstrou alguma estranheza perante o facto, Humphrey disse: "Mas, Ministro, o hospital está a funcionar perfeitamente" e, acto contínuo, abre de par em par as portas de uma enorme secretaria onde, afanosamente, os funcionários se debruçavam sobre os seus papeis...
Recorda-me um excelente episódio da série britânica "Sim, senhor Ministro" quando o inefável Humphrey levou o seu Ministro a visitar um hospital. Para espanto do político as camas estavam vazias, não existiam médicos, doentes, enfermeiros. Quando o Ministro demonstrou alguma estranheza perante o facto, Humphrey disse: "Mas, Ministro, o hospital está a funcionar perfeitamente" e, acto contínuo, abre de par em par as portas de uma enorme secretaria onde, afanosamente, os funcionários se debruçavam sobre os seus papeis...
O Magnífico Reitor
De acordo com o Público, o Reitor da Universidade de Coimbra declarou que não havia qualquer alternativa à atitude passiva, omissiva e "sampaísta" que tomou face à prepotência arruaceira de alguns estudantes que compulsivamente fecham com correntes as portas da instituição.
Atacou a reacção de alguns (poucos) docentes de Direito que colocaram uma providência em Tribunal visando a reposição da legalidade: «acompanhei com expectativa a providência cautelar, mas constato que até agora não levou a lado nenhum». Sim senhor! Como os Tribunais funcionam mal e morosamente o melhor é não se fazer nada e desdenhar quem tenta sair do quietismo absoluto.
Chamo a atenção que um Reitor de uma universidade pública é o órgão máximo de uma pessoa colectiva pública, neste caso uma associação pública (também há quem defenda que se trata de um estabelecimento público), que integra a Administração Pública. Como tal, tem deveres acrescidos no cumprimento da legalidade e em a fazer observar na instituição que dirige. O que, notoriamente, não tem acontecido. E esta omissão em agir é assumida, trata-se de um comportamento consciente e voluntário em não fazer cumprir a lei e o direito dentro da pessoa colectiva que dirige.
Na minha opinião, para além dos "hooligans" que encerram as portas a cadeado, o senhor Reitor está em evidente falta do cumprimento dos seus deveres legais, podendo ser, por isso, responsabilizado judicialmente.
Acresce que a sua atitude, cada vez mais, manifesta uma lógica de cumplicidade activa com aqueles que perturbam violentamente o funcionamento da instituição. Quero dizer com isto que, na minha opinião, o senhor Reitor de Coimbra é cúmplice na prática continuada de um crime. Claro, tudo isto na ingénua suposição de que vivemos num Estado de Direito...
Atacou a reacção de alguns (poucos) docentes de Direito que colocaram uma providência em Tribunal visando a reposição da legalidade: «acompanhei com expectativa a providência cautelar, mas constato que até agora não levou a lado nenhum». Sim senhor! Como os Tribunais funcionam mal e morosamente o melhor é não se fazer nada e desdenhar quem tenta sair do quietismo absoluto.
Chamo a atenção que um Reitor de uma universidade pública é o órgão máximo de uma pessoa colectiva pública, neste caso uma associação pública (também há quem defenda que se trata de um estabelecimento público), que integra a Administração Pública. Como tal, tem deveres acrescidos no cumprimento da legalidade e em a fazer observar na instituição que dirige. O que, notoriamente, não tem acontecido. E esta omissão em agir é assumida, trata-se de um comportamento consciente e voluntário em não fazer cumprir a lei e o direito dentro da pessoa colectiva que dirige.
Na minha opinião, para além dos "hooligans" que encerram as portas a cadeado, o senhor Reitor está em evidente falta do cumprimento dos seus deveres legais, podendo ser, por isso, responsabilizado judicialmente.
Acresce que a sua atitude, cada vez mais, manifesta uma lógica de cumplicidade activa com aqueles que perturbam violentamente o funcionamento da instituição. Quero dizer com isto que, na minha opinião, o senhor Reitor de Coimbra é cúmplice na prática continuada de um crime. Claro, tudo isto na ingénua suposição de que vivemos num Estado de Direito...
Efeitos laterais do terrorismo
Cortesia Filibuster
Nova Iorque, Iraque, Turquia...
O sonho comanda a vida
As manifestações anti-americanas, realmente, estão a causar mossa nas hostes (de gladiadores?) liberais. Até já o Cidadão Livre se vê na "obrigação" de nos zurzir.
Segundo parece estes camaradas tiveram um dia em cheio. De tanto incharem ainda arrebentam. Os seus números é que dilataram tanto que excederam os dos próprios organizadores.
Entretanto, aqui vão os mais recentes inquéritos à evolução da popularidade da Administração americana segundo a FOX:
Bush Job Performance Ratings:
Iraq
Approve Disapprove
Today (Low) 46% 48
Sep 2003 54% 38
April 2003 (High) 75% 19
Terrorism
Approve Disapprove
Today (Low) 57% 34
Sep 2003 65% 29
May 2003 (High) 73% 19
Economy
Approve Disapprove
Today (Low) 43% 51
Sep 2003 47% 46
May 2002 (High) 64% 29
Segundo parece estes camaradas tiveram um dia em cheio. De tanto incharem ainda arrebentam. Os seus números é que dilataram tanto que excederam os dos próprios organizadores.
Entretanto, aqui vão os mais recentes inquéritos à evolução da popularidade da Administração americana segundo a FOX:
Bush Job Performance Ratings:
Iraq
Approve Disapprove
Today (Low) 46% 48
Sep 2003 54% 38
April 2003 (High) 75% 19
Terrorism
Approve Disapprove
Today (Low) 57% 34
Sep 2003 65% 29
May 2003 (High) 73% 19
Economy
Approve Disapprove
Today (Low) 43% 51
Sep 2003 47% 46
May 2002 (High) 64% 29
Clowns
São estes extremos hiperbólicos que retiram toda a réstea de idoneidade aos anti-americanos. Estas analogias forçadamente grosseiras que se transformam em disparates redundantes. Quando se fazem exercícios folclóricos deste calibre a mensagem que passa não pode deixar de ser a seguinte: é favor não levarem estes senhores a sério!
2003/11/20
Manif. contra a América
Ao contrário das previsões mais pessimistas, nem tudo foi mau em Trafalgar Square.
Às claras
Ok, admitamos que foram 100.000 ou mais. "So, what"? Numa cidade com mais de 10 milhões de habitantes, não representam sequer 1%. E de certeza que estariam lá muitos “profissionais” que começaram a “formação” em Seattle, financiados sabe-se lá por que “bolsas”...
De resto, para nós não é nada claro que uma minoria ruidosa tenha a clarividência de perceber em detalhe o que se está a passar na Europa ou no Mundo e se arrogue o direito de impôr as suas teses à maioria silenciosa. Por muito que isso vos custe, o poder não está nem deve estar na rua.
De resto, para nós não é nada claro que uma minoria ruidosa tenha a clarividência de perceber em detalhe o que se está a passar na Europa ou no Mundo e se arrogue o direito de impôr as suas teses à maioria silenciosa. Por muito que isso vos custe, o poder não está nem deve estar na rua.
Afinal são milhares
Mas ninguém se atreve, por enquanto, a dizer quantos (1, 5, 50, 100??).
Bush, entretanto, responde sabiamente (para meu grande espanto, confesso):
"«A liberdade é maravilhosa, é fantástico visitar um país onde as pessoas podem dizer o que pensam»".
"«Não sei se me odeiam, só sei que as pessoas em Bagdad não eram autorizadas a fazer isso até há pouco tempo, a liberdade é algo maravilhoso»".
Para a TSF, Bush está apenas a ser irónico: "(...)esta manifestação não inquieta o presidente norte-americano que ironicamente fez uma comparação com os tempos em que Saddam Hussein era presidente do Iraque". Ironicamente?
Espero para ver os cartazes com a fotografia do Cônsul inglês em Istambul...
Bush, entretanto, responde sabiamente (para meu grande espanto, confesso):
"«A liberdade é maravilhosa, é fantástico visitar um país onde as pessoas podem dizer o que pensam»".
"«Não sei se me odeiam, só sei que as pessoas em Bagdad não eram autorizadas a fazer isso até há pouco tempo, a liberdade é algo maravilhoso»".
Para a TSF, Bush está apenas a ser irónico: "(...)esta manifestação não inquieta o presidente norte-americano que ironicamente fez uma comparação com os tempos em que Saddam Hussein era presidente do Iraque". Ironicamente?
Espero para ver os cartazes com a fotografia do Cônsul inglês em Istambul...
Tabaco a peso de ouro
O aumento do preço do tabaco em França está a provocar um novo tipo de criminalidade:
Os assaltos às tabacarias...
Segundo esta notícia, têm-se verificado assaltos às lojas que vendem tabaco com métodos que anteriormente eram utilizados apenas para assaltos a bancos e joalharias: atirar carros roubados contra as montras.
Causa: um maço de tabaco custa em terras gaulesas quase mil paus dos antigos...
Os assaltos às tabacarias...
Segundo esta notícia, têm-se verificado assaltos às lojas que vendem tabaco com métodos que anteriormente eram utilizados apenas para assaltos a bancos e joalharias: atirar carros roubados contra as montras.
Causa: um maço de tabaco custa em terras gaulesas quase mil paus dos antigos...
Um presente para o Barnabé
Cortesia Bill Mitchell
Afinal eram 200 ( novo update)
(agora já com um computador em condições)
Caros Barnabé e CL: não encontrei a notícia no Público mas no Diário Digital. Se errei, aqui vão extractos da fonte:
«Protestos contra Bush menores do que o esperado
Os protestos contra a visita do presidente norte-americano, George W. Bush, ao Reino Unido apenas contaram com a presença de cerca de 200 manifestantes esta quarta-feira, um número muito inferior ao esperado quer pelos organizadores quer pelas autoridades.
Os organizadores do protesto desvalorizaram a fraca afluência com o gigantesco dispositivo de segurança mobilizado para a visita de Bush – cerca de 14 mil polícias.
A iniciativa com maio impacto ocorreu em Trafalgar Square, no centro de Londres, quando os manifestantes tingiram a água das fontes de vermelho, simbolizando o sangue derramado no Iraque.»
Amanhã, o sol brilhará para todos nós?
Caros Barnabé e CL: não encontrei a notícia no Público mas no Diário Digital. Se errei, aqui vão extractos da fonte:
«Protestos contra Bush menores do que o esperado
Os protestos contra a visita do presidente norte-americano, George W. Bush, ao Reino Unido apenas contaram com a presença de cerca de 200 manifestantes esta quarta-feira, um número muito inferior ao esperado quer pelos organizadores quer pelas autoridades.
Os organizadores do protesto desvalorizaram a fraca afluência com o gigantesco dispositivo de segurança mobilizado para a visita de Bush – cerca de 14 mil polícias.
A iniciativa com maio impacto ocorreu em Trafalgar Square, no centro de Londres, quando os manifestantes tingiram a água das fontes de vermelho, simbolizando o sangue derramado no Iraque.»
Amanhã, o sol brilhará para todos nós?
2003/11/19
Pergunta nocturna:
(Via Causa Liberal)
Declarações de Germano de Sousa à TSF, a propósito do aumento de vagas em Medicina:
«Não me parece necessário um número tão grande (...) mas compreendo que para efeitos eleitorais às vezes é preciso ser demagógico», afirmou Germano de Sousa."
Quando são as eleições para a Ordem dos Médicos?
Declarações de Germano de Sousa à TSF, a propósito do aumento de vagas em Medicina:
«Não me parece necessário um número tão grande (...) mas compreendo que para efeitos eleitorais às vezes é preciso ser demagógico», afirmou Germano de Sousa."
Quando são as eleições para a Ordem dos Médicos?
8-0
É uma pena o Kuwait não poder participar no Euro 2004.
Afinal eram 200 (update)
Tem razão o Barnabé. Afinal, a manifestação é só amanhã, segundo o Público da tarde e o Público da manhã.
Esperemos que os cem mil se consigam encontrar uns aos outros. É que ontem (ou terá sido hoje?) foi assim, segundo o Público da manhã:
"Por todas as ruas da cidade há grupos com cartazes há [sic] procura de uma manifestação. Por vezes não é fácil encontrá-la, porque as pessoas são de fora e não conhecem as ruas muito menos quando parte dos caminhos está bloqueado pela polícia."
De facto, os polícias ingleses têm a mania de não ajudar os turistas a encontrar os caminhos e os Guias da AMEX são só para os burgueses...
Esperemos que os cem mil se consigam encontrar uns aos outros. É que ontem (ou terá sido hoje?) foi assim, segundo o Público da manhã:
"Por todas as ruas da cidade há grupos com cartazes há [sic] procura de uma manifestação. Por vezes não é fácil encontrá-la, porque as pessoas são de fora e não conhecem as ruas muito menos quando parte dos caminhos está bloqueado pela polícia."
De facto, os polícias ingleses têm a mania de não ajudar os turistas a encontrar os caminhos e os Guias da AMEX são só para os burgueses...
Dívida pública (II)
O PS já veio reclamar contra o aumento do endividamento público e já fala em "hecatombe orçamental" (onde é que eu já vi isto?).
Entretanto, uma visita ao IGCP, citado duas postas atrás, permitiu a análise de um comparativo da colocação dos Bilhetes de Tesouro em 2003. O IGCP aceitou pagar as mais altas taxas de juro desde o início do ano, já que o anunciado triplo da procura face à oferta, correspondendo à verdade, não o foi nas nas condições mais favoráveis para o Estado, o que demonstra a "necessidade" de financiamento que o Governo está a sentir.
Depois do Relatório ontem divulgado pelo Banco de Portugal, que começa assim:
"Em 2003, o Produto Interno Bruto (PIB) português deverá registar uma contracção, em termos reais, entre -1½ e -¾ por cento, que compara com um crescimento de 0.4 por cento em 2002 Em termos intra-anuais, já se tinha observado uma variação homóloga negativa na segunda metade de 2002, que se acentuou no primeiro semestre de 2003."
adivinham-se (ou melhor, confirmam-se) tempos difíceis para a Ministra das Finanças.
O Banco de Portugal, porém, também afirma:
"Dada a magnitude actual do défice orçamental, quando excluídos os efeitos das medidas especiais que têm uma natureza temporária, o esforço de consolidação orçamental terá que ser intensificado.
Apesar dos seus efeitos negativos sobre o crescimento no curto/médio prazos não é alternativa adiar o esforço de consolidação orçamental, porque prolongar a situação actual aumentaria a probabilidade de vir a ocorrer no futuro uma correcção mais abrupta e bastante mais penosa, com consequências gravosas para a economia portuguesa.".
O BdP reconhece o esforço anunciado pelo Governo e insistentemente referido por Manuela Ferreira Leite e mostra alguma compreensão pelas dificuldades.
A dúvida é: está, de facto, a haver contenção do défice? E a eventual contenção estará a ser feita onde mais importa mexer, isto é, na despesa?
É aí, creio eu, no "emagrecimento" do "Estado" que se deverá avaliar a actividade deste Governo. E aí, meus amigos, como dizia o outro de má memória, "é fazer as contas".
Entretanto, uma visita ao IGCP, citado duas postas atrás, permitiu a análise de um comparativo da colocação dos Bilhetes de Tesouro em 2003. O IGCP aceitou pagar as mais altas taxas de juro desde o início do ano, já que o anunciado triplo da procura face à oferta, correspondendo à verdade, não o foi nas nas condições mais favoráveis para o Estado, o que demonstra a "necessidade" de financiamento que o Governo está a sentir.
Depois do Relatório ontem divulgado pelo Banco de Portugal, que começa assim:
"Em 2003, o Produto Interno Bruto (PIB) português deverá registar uma contracção, em termos reais, entre -1½ e -¾ por cento, que compara com um crescimento de 0.4 por cento em 2002 Em termos intra-anuais, já se tinha observado uma variação homóloga negativa na segunda metade de 2002, que se acentuou no primeiro semestre de 2003."
adivinham-se (ou melhor, confirmam-se) tempos difíceis para a Ministra das Finanças.
O Banco de Portugal, porém, também afirma:
"Dada a magnitude actual do défice orçamental, quando excluídos os efeitos das medidas especiais que têm uma natureza temporária, o esforço de consolidação orçamental terá que ser intensificado.
Apesar dos seus efeitos negativos sobre o crescimento no curto/médio prazos não é alternativa adiar o esforço de consolidação orçamental, porque prolongar a situação actual aumentaria a probabilidade de vir a ocorrer no futuro uma correcção mais abrupta e bastante mais penosa, com consequências gravosas para a economia portuguesa.".
O BdP reconhece o esforço anunciado pelo Governo e insistentemente referido por Manuela Ferreira Leite e mostra alguma compreensão pelas dificuldades.
A dúvida é: está, de facto, a haver contenção do défice? E a eventual contenção estará a ser feita onde mais importa mexer, isto é, na despesa?
É aí, creio eu, no "emagrecimento" do "Estado" que se deverá avaliar a actividade deste Governo. E aí, meus amigos, como dizia o outro de má memória, "é fazer as contas".
Afinal eram 200...
Acabei de ler no Diário Digital (não consigo linkar) que as esperadas manifestações de desagrado pela presença de George Bush no Reino Unido atingiram o número record de 200 pessoas. 200 almas, apenas. Ontem uma televisão britânica chegou a alvitrar a possibilidade de 100.000 pessoas inundarem Londres num gigantesco esforço "anti-war". Pelos vistos, 99.800 delas entenderam que não valia a pena. Mas não faz mal. Esses 200 é que têm razão. Esses 200 é que podem falar em nome do povo. Esses 200 é que merecem serem ouvidos.Esses 200 é que manietam e conformam os muitos milhões que não gostam da guerra mas não querem ficar sentados à espera que a paz aconteça por obra e graça do Espírito ou de um dos muitos Santos de aviário canonizados à pressão nos últimos anos.
Parafraseando Scolari: "Graças a Deus!
Parafraseando Scolari: "Graças a Deus!
Dívida Pública
Apesar do "Pacto de Estabilidade", o Governo continua a emitir dívida pública, através de um instituto chamado "de Gestão do Crédito Público" (em inglês, Portuguese Government Debt Agency...), para cobrir os 3% do déficit autorizado.
E interessados, apesar da crise (ou por causa dela) não faltam. A procura dos 750 milhões de euros em Bilhetes do Tesouro ultrapassou em três vezes e meia aquele valor.
Quem não conseguiu tornar-se credor do Estado à taxa de 2,203% ao ano terá nova oportunidade daqui a quinze dias.
A título de curiosidade, refira-se que entre 1998 e 2003 não foi emitido este tipo de dívida. Este ano já se vai na terceira série. A de 3 Dezembro será a quarta...
E interessados, apesar da crise (ou por causa dela) não faltam. A procura dos 750 milhões de euros em Bilhetes do Tesouro ultrapassou em três vezes e meia aquele valor.
Quem não conseguiu tornar-se credor do Estado à taxa de 2,203% ao ano terá nova oportunidade daqui a quinze dias.
A título de curiosidade, refira-se que entre 1998 e 2003 não foi emitido este tipo de dívida. Este ano já se vai na terceira série. A de 3 Dezembro será a quarta...
Lamentável
Fui afrontado logo de manhã, via rádio, pela irremediável posição do Bastonário da Ordem dos Médicos acerca do aumento de vagas nas Faculdades de Medicina. Sem possibilidade de dar largas à indignação, dadas as carências do computador em que estou a escrever, só queria deixar uma dúvida: será apenas um excesso de corporativismo, uma triste expressão de fundamentalismo classista ou uma simples demonstração pública de estupidez "sindical"???
Críticas aos testes
A Causa Liberal publicou e linkou excelentes críticas aos 2 testes que estão em discussão. A não perder.
Organizações terroristas???
Safa! Isto está a ficar complicado. Continuando a pesquisar o sitemeter, descubro outro cidadão que encontrou o Mata-Mouros quando buscava "organizações terroristas". Que estranho vírus atacou o Google?
2003/11/18
Pornografia infantil???
Alguém chegou ao Mata-Mouros fazendo uma busca por "pornografia infantil". Só espero que seja um trabalho de investigação. De qualquer modo, asseguro-lhe que aqui não lhe poderemos ser úteis.
Enfim, malhas que o Google tece.
Enfim, malhas que o Google tece.
Ferreira Leite: Banco de Portugal confirma que política do Governo está correcta
Política à portuguesa!
Sem chama, sem responsabilidade, sem seriedade, sem grandeza, sempre a alijar as culpas próprias na esperança renovada de que vale a pena continuar a fazer das pessoas estúpidas. Sem remédio. Na hora em que já ninguém acredita, derrotas sobre derrotas de um Governo galopantemente mimético do anterior.
Vitória à portuguesa!
Vitória da garra, do tudo ou nada, do desespero, do improviso, do "perdidos por dez perdidos por mil". Na casa deles, na soberba deles, na alegria dos nossos emigrantes. Na hora em que já ninguém acreditava, vitória dos miúdos portugueses, à portuguesa.
O Socio[B]logue 2.0 voltou!
Esperemos que seja desta.
Enviesamentos
Concordo com o AAA da Causa Liberal. Realmente o teste do The Political Compass parte de pressupostos políticos e económicos que não são muito escorreitos. Bom, mas o teste do Mises também puxa a brasa para a sua querida sardinha...
Mesmo assim, vale a pena fazê-lo(s).
Mesmo assim, vale a pena fazê-lo(s).
Uma política que não resulta
Cortesia Filibuster
O maior perigo para a Paz no mundo
Ken Livingstone, Mayor de Londres, disse que George W. Bush é o maior perigo para a paz mundial. Com a oportunidade da visita do Presidente, quando as atenções mediáticas se afunilam nas manifestações anti-americanas, Tony Blair recebe mais esta facada pelas costas de um "companheiro" de partido.
Mas o Mayor de Londres, espécie de versão pós-moderna de Neville Chamberlain, está enganado - hoje, o maior perigo para paz é o de sempre: a estupidez humana. O que o coloca numa situação tão perigosa quanto aquele que quis vilipendiar. Pelo menos.
Mas o Mayor de Londres, espécie de versão pós-moderna de Neville Chamberlain, está enganado - hoje, o maior perigo para paz é o de sempre: a estupidez humana. O que o coloca numa situação tão perigosa quanto aquele que quis vilipendiar. Pelo menos.
Um novo Teste - The Political Compass
Um amigo indicou-me um outro Teste para a difícil aferição do posicionamento político no mundo presente. Menos economicista que o do Mises Institute, mais genérico e com variáveis interessantes.
O resultado contradiz um pouco o desânimo do teste anterior: serei um Libertarian Righ...
O resultado contradiz um pouco o desânimo do teste anterior: serei um Libertarian Righ...
Saudades do Futuro
Óptima resposta da Grande Loja do Queijo Limiano à réplica que ontem lhes dirigi. Claro que discordo de muitos dos argumentos aduzidos. Algumas razões pertencem mais ao "dever-ser" do que à realidade das coisas. Outras são simples questões de fé (legítima, convenhamos).
Forçada e totalmente deslocada é a inserção de Jorge Ferreira no meio de daquela súcia alvar (já nem vale a pena falar do reflexo pavloviano de apoucar compulsivamente o líder do PND). Bem como a alegação de que a "Nova Esperança" (??!!) terá sido um contributo para o que quer que seja, excepto uma simples jogada de bastidores de um congresso perdido no tempo e fora da história.
Para o fim, atrevo-me a deixar um conselho amigo: não se cansem a desdenhar tão intensamente aquele que podem vir a ter de elogiar dentro de alguns anos. Não seria a primeira vez.
Um Grande Abraço para o Manuel.
P.S. Quando nos encontrarmos no Porto tenho uma fichinha para si. Guarde-a durante algum tempo. Pelo que leio, quando a sua fé se esfumar, pode ser que sobrevenha a razão de a preencher.
Forçada e totalmente deslocada é a inserção de Jorge Ferreira no meio de daquela súcia alvar (já nem vale a pena falar do reflexo pavloviano de apoucar compulsivamente o líder do PND). Bem como a alegação de que a "Nova Esperança" (??!!) terá sido um contributo para o que quer que seja, excepto uma simples jogada de bastidores de um congresso perdido no tempo e fora da história.
Para o fim, atrevo-me a deixar um conselho amigo: não se cansem a desdenhar tão intensamente aquele que podem vir a ter de elogiar dentro de alguns anos. Não seria a primeira vez.
Um Grande Abraço para o Manuel.
P.S. Quando nos encontrarmos no Porto tenho uma fichinha para si. Guarde-a durante algum tempo. Pelo que leio, quando a sua fé se esfumar, pode ser que sobrevenha a razão de a preencher.
2003/11/17
Novo link
Para o Paz na Estrada, blogue da Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados.
Porque ontem foi o Dia da Memória e porque a ACA-M faz, de facto, Serviço Público.
Porque ontem foi o Dia da Memória e porque a ACA-M faz, de facto, Serviço Público.
Tréplica sobre o PSD
O Manuel da Grande Loja entendeu assumir, cumulativamente, as dores do PSD e de Pacheco Pereira face à minha prosa no Semanário. Nesse pequeno artigo – ver alguns extractos infra - tentei contestar, em tom notório de fúria magoada, a desfasada utilização de armas de destruição maciça por via televisiva que Pacheco Pereira ensaiou há uma semana contra o PND, durante a sua opinativa oração dominical na SIC.
Fi-lo com o genuíno ressentimento de quem se vê na obrigação de atacar aqueles que mais admira. Pacheco Pereira é uma das minhas referências políticas mais fortes. Leio (quase) tudo o que escreve; tento assistir a tudo o que diz; concordo com quase tudo o que pensa. Apesar de saber da declarada animosidade (política?) em relação a alguns dos principais mentores da Nova Democracia, esperava um período mais dilatado de graça face ao estado ainda infante desse partido. Acompanhado de um pouco mais de benevolência, até por causa das claras afinidades existentes quanto à questão europeia.
De igual modo, a Grande Loja do Queijo Limiano é um dos meus blogues preferidos. Apesar de recente, afirmou-se pelo estilo e pela perspicácia desassombrada dos comentários dos seus misteriosos mentores.
Triste é pois a minha sina ao ter de treplicar a alguém de quem gosto a propósito de uma investida feita contra alguém que admiro.
1. « aquilo que CAA vê como fraquezas do PSD serem em grande medida a sua força» Não foi minha intenção apontar fraquezas ao PSD – antes realçar que os pecados políticos com que JPP (em claro erro) excomungou a Nova Democracia são o modo natural do PSD estar na política. Ou seja, JPP acusou o PND de se comportar de modo idêntico ao do seu próprio partido desde a morte de Sá Carneiro. O problema é que pouco faltou para, em prime time, rasgar as vestes e lançar cinzas em cima da sua cabeça como faziam os antigos hebreus diante de uma terrível impiedade. Tentei demonstrar que essa suposta heresia é cometida há muito pelo PSD e julgo, humildemente, que o consegui. Assim, “não bate a bota com a perdigota” quando um dirigente do PSD verbera outro partido acusando-o de fazer aquilo que o seu próprio faz assumida e alegremente. A GLQL considera que isso constitui a força do PSD, ou seja quando afirmei que ninguém «neste país ou fora dele tem a mínima noção do que é o PSD ideologicamente» ou se o PSD « Advoga a regra da livre iniciativa privada ou a intervenção estatal», quando declarei a minha perplexidade acerca do PSD «ser de esquerda ou de direita», o Manuel entende que aí reside a pujança do partido do Governo. É uma opinião, certamente não partilhada por muitos social-democratas e, seguramente, não assumida por nenhum que se preze (a GLQL será a excepção). Nesse particular, ao proclamar a ambiguidade como o grande segredo laranja, acho melhor o Manuel entender-se com o seu constituinte, JPP.
2. «De facto no PSD não há um pensamento único, nunca houve desde a sua fundação» Meu caro Manuel, nem único, nem acompanhado. O modo como percebo o PSD é na renúncia de qualquer espécie de pensamento e na exaltação do voluntarismo pragmático com evidentes resvalamentos cesaristas. O PSD não pensa a política – limita-se a aferir para que lado sopra o vento. Foi radical quando os tempos eram agrestes, moderado quando a poeira assentou, contestatário quando as nuvens escureceram, meias-tintas nos momentos de transição. Mas pensamento? Não! Por mais esforços em que JPP se contorça, ainda que tenha pensadores no seu seio, o PSD é avesso à tarefa de pensar e não gosta especialmente daqueles que o fazem. Mesmo quando são tidos como seus.
3. « o PSD é, antes de ser um partido de aparelhos, intelectuais, clubes de pensadores, ou iluminados, um Partido de bases» (confesso que, por breves instantes, julguei que falava do Benfica) Mas aí estamos de acordo. Excepto na parte dos “aparelhos”. De facto o PSD não é feito por intelectuais (JPP é dos poucos que não abdica dessa sua qualidade para se entrosar no partido), nem pensadores. Iluminados... bom, alguns julgam que a luz está sempre virada na sua direcção. O aparelho é que me parece ser subestimado pelo Manuel. O PSD é as suas bases compartimentadas num aparelho tremendo. Um partido de caciques, baronetes, senhores de votos ambulantes e contadores de cabeças votantes. Um aparelho que seca e faz definhar quem não o integra. Que faz expele monstros do politicamente correcto e tunantes acéfalos para os lugares dirigentes da nação. Sei bem do que falo. Alguns dos meus melhores amigos são do PSD. Aqui no Porto, muitos optaram por desistir da política porque não estavam na disposição de se vergarem a figuras do jaez de Menezes e de Valentim.
4. Concordo que o PSD lida melhor com as suas divisões internas que os outros partidos. Mas não vale tentar a partir dessa premissa extrair conclusões para o PND: tudo o que se pode fazer - e foi aquilo a que o Manuel se limitou - foi avançar palpites, previsões não alicerçadas. Como saber se o PND terá espaço para distintas opiniões? Ninguém sabe. Eu julgo que sim, o Manuel acha que não. Veremos.
5. «aquí só ficava bem a CAA recordar que foi graças ao mesmissimo ecumenismo laranja que ele agora crucifica que o mesmo CAA entrou nas listas da coligação que conquistou a Câmara do Porto já que por vontade da direçao do PP CAA jamais faria parte das mesma i.e. na prática entrou pela cota do PSD» É verdade. Mas não participei nas listas de Rui Rio (simbolicamente, como suplente) graças a um eventual “ecumenismo” laranja. Foi mais complicado do que isso. Mas prefiro entender que fui convidado por ser como sou e quem sou. Só aceitei participar porque a lista era de Rui Rio e de outros por quem tenho a maior consideração. Partidos à parte.
6. « CAA está há demasiados anos na política, sabe demasiado bem como funcionava, e funciona o sistema, para poder dizer com seriedade que a ND vem de fora ou é uma lufada de ar fresco» Não estou. Não sei. A Nova Democracia ou será uma “lufada de ar fresco” ou não será. O que diz revela uma descrença tão acentuada no sistema que nem sequer consegue admitir que este suporte qualquer abertura ou distinção.
7. «Foi assim no passado com o Dr. Monteiro, vai ser assim no presente com o Dr. Monteiro porque há coisas que nunca mudam e uma delas é o Dr. Monteiro» Uma das coisas que gosto na GLQL (e no Barnabé, já agora) é que não gostam do líder da Nova Democracia por razões que explicam e tentam sustentar. Não concordo, julgo ser um erro crasso, mas aprecio o esforço. Ao contrário, muita da blogosfera sofre de um mal intransponível quando fala de Manuel Monteiro: a “independentite aguda”. Há uma rapaziada que nasceu para a política, e para muitas outras coisas, com o Independente e julga ser seu dever de ofício vituperar Manuel Monteiro em qualquer oportunidade. Trata-se de uma espécie de parcela conhecida, género ponta de iceberg, de um estranho ritual de iniciação global. Aqueles que o praticam parecem sentir-se felicíssimos quando o fazem, certamente na convicção de que manifestaram enorme agudeza de espírito e um superior sentido de ironia quando afirmam as habituais vulgaridades a propósito do líder do PND. Não nos devemos afrontar ou inquietar com isso. Essa actividade parece aportar-lhes grande consolo e conferir-lhes índices apreciáveis de socialização. É, pois, positivo que essa malta "solte a franga” e se desafogue nesses raciocínios tão elevados e sempre tão bem fundamentados. Não estou a significar que o Manuel ou mesmo JPP enfermam de mal semelhante quando hostilizam Manuel Monteiro do modo tão filosoficamente ancorado como o fazem– não, nunca ousaria acusá-los de sofrerem influências tão imperfeitamente frequentadas! Mas é sempre bom ter algum cuidado. É que, meu caro Manuel, essas coisas, às vezes, pegam-se aos melhores. E aos outros também.
Fi-lo com o genuíno ressentimento de quem se vê na obrigação de atacar aqueles que mais admira. Pacheco Pereira é uma das minhas referências políticas mais fortes. Leio (quase) tudo o que escreve; tento assistir a tudo o que diz; concordo com quase tudo o que pensa. Apesar de saber da declarada animosidade (política?) em relação a alguns dos principais mentores da Nova Democracia, esperava um período mais dilatado de graça face ao estado ainda infante desse partido. Acompanhado de um pouco mais de benevolência, até por causa das claras afinidades existentes quanto à questão europeia.
De igual modo, a Grande Loja do Queijo Limiano é um dos meus blogues preferidos. Apesar de recente, afirmou-se pelo estilo e pela perspicácia desassombrada dos comentários dos seus misteriosos mentores.
Triste é pois a minha sina ao ter de treplicar a alguém de quem gosto a propósito de uma investida feita contra alguém que admiro.
1. « aquilo que CAA vê como fraquezas do PSD serem em grande medida a sua força» Não foi minha intenção apontar fraquezas ao PSD – antes realçar que os pecados políticos com que JPP (em claro erro) excomungou a Nova Democracia são o modo natural do PSD estar na política. Ou seja, JPP acusou o PND de se comportar de modo idêntico ao do seu próprio partido desde a morte de Sá Carneiro. O problema é que pouco faltou para, em prime time, rasgar as vestes e lançar cinzas em cima da sua cabeça como faziam os antigos hebreus diante de uma terrível impiedade. Tentei demonstrar que essa suposta heresia é cometida há muito pelo PSD e julgo, humildemente, que o consegui. Assim, “não bate a bota com a perdigota” quando um dirigente do PSD verbera outro partido acusando-o de fazer aquilo que o seu próprio faz assumida e alegremente. A GLQL considera que isso constitui a força do PSD, ou seja quando afirmei que ninguém «neste país ou fora dele tem a mínima noção do que é o PSD ideologicamente» ou se o PSD « Advoga a regra da livre iniciativa privada ou a intervenção estatal», quando declarei a minha perplexidade acerca do PSD «ser de esquerda ou de direita», o Manuel entende que aí reside a pujança do partido do Governo. É uma opinião, certamente não partilhada por muitos social-democratas e, seguramente, não assumida por nenhum que se preze (a GLQL será a excepção). Nesse particular, ao proclamar a ambiguidade como o grande segredo laranja, acho melhor o Manuel entender-se com o seu constituinte, JPP.
2. «De facto no PSD não há um pensamento único, nunca houve desde a sua fundação» Meu caro Manuel, nem único, nem acompanhado. O modo como percebo o PSD é na renúncia de qualquer espécie de pensamento e na exaltação do voluntarismo pragmático com evidentes resvalamentos cesaristas. O PSD não pensa a política – limita-se a aferir para que lado sopra o vento. Foi radical quando os tempos eram agrestes, moderado quando a poeira assentou, contestatário quando as nuvens escureceram, meias-tintas nos momentos de transição. Mas pensamento? Não! Por mais esforços em que JPP se contorça, ainda que tenha pensadores no seu seio, o PSD é avesso à tarefa de pensar e não gosta especialmente daqueles que o fazem. Mesmo quando são tidos como seus.
3. « o PSD é, antes de ser um partido de aparelhos, intelectuais, clubes de pensadores, ou iluminados, um Partido de bases» (confesso que, por breves instantes, julguei que falava do Benfica) Mas aí estamos de acordo. Excepto na parte dos “aparelhos”. De facto o PSD não é feito por intelectuais (JPP é dos poucos que não abdica dessa sua qualidade para se entrosar no partido), nem pensadores. Iluminados... bom, alguns julgam que a luz está sempre virada na sua direcção. O aparelho é que me parece ser subestimado pelo Manuel. O PSD é as suas bases compartimentadas num aparelho tremendo. Um partido de caciques, baronetes, senhores de votos ambulantes e contadores de cabeças votantes. Um aparelho que seca e faz definhar quem não o integra. Que faz expele monstros do politicamente correcto e tunantes acéfalos para os lugares dirigentes da nação. Sei bem do que falo. Alguns dos meus melhores amigos são do PSD. Aqui no Porto, muitos optaram por desistir da política porque não estavam na disposição de se vergarem a figuras do jaez de Menezes e de Valentim.
4. Concordo que o PSD lida melhor com as suas divisões internas que os outros partidos. Mas não vale tentar a partir dessa premissa extrair conclusões para o PND: tudo o que se pode fazer - e foi aquilo a que o Manuel se limitou - foi avançar palpites, previsões não alicerçadas. Como saber se o PND terá espaço para distintas opiniões? Ninguém sabe. Eu julgo que sim, o Manuel acha que não. Veremos.
5. «aquí só ficava bem a CAA recordar que foi graças ao mesmissimo ecumenismo laranja que ele agora crucifica que o mesmo CAA entrou nas listas da coligação que conquistou a Câmara do Porto já que por vontade da direçao do PP CAA jamais faria parte das mesma i.e. na prática entrou pela cota do PSD» É verdade. Mas não participei nas listas de Rui Rio (simbolicamente, como suplente) graças a um eventual “ecumenismo” laranja. Foi mais complicado do que isso. Mas prefiro entender que fui convidado por ser como sou e quem sou. Só aceitei participar porque a lista era de Rui Rio e de outros por quem tenho a maior consideração. Partidos à parte.
6. « CAA está há demasiados anos na política, sabe demasiado bem como funcionava, e funciona o sistema, para poder dizer com seriedade que a ND vem de fora ou é uma lufada de ar fresco» Não estou. Não sei. A Nova Democracia ou será uma “lufada de ar fresco” ou não será. O que diz revela uma descrença tão acentuada no sistema que nem sequer consegue admitir que este suporte qualquer abertura ou distinção.
7. «Foi assim no passado com o Dr. Monteiro, vai ser assim no presente com o Dr. Monteiro porque há coisas que nunca mudam e uma delas é o Dr. Monteiro» Uma das coisas que gosto na GLQL (e no Barnabé, já agora) é que não gostam do líder da Nova Democracia por razões que explicam e tentam sustentar. Não concordo, julgo ser um erro crasso, mas aprecio o esforço. Ao contrário, muita da blogosfera sofre de um mal intransponível quando fala de Manuel Monteiro: a “independentite aguda”. Há uma rapaziada que nasceu para a política, e para muitas outras coisas, com o Independente e julga ser seu dever de ofício vituperar Manuel Monteiro em qualquer oportunidade. Trata-se de uma espécie de parcela conhecida, género ponta de iceberg, de um estranho ritual de iniciação global. Aqueles que o praticam parecem sentir-se felicíssimos quando o fazem, certamente na convicção de que manifestaram enorme agudeza de espírito e um superior sentido de ironia quando afirmam as habituais vulgaridades a propósito do líder do PND. Não nos devemos afrontar ou inquietar com isso. Essa actividade parece aportar-lhes grande consolo e conferir-lhes índices apreciáveis de socialização. É, pois, positivo que essa malta "solte a franga” e se desafogue nesses raciocínios tão elevados e sempre tão bem fundamentados. Não estou a significar que o Manuel ou mesmo JPP enfermam de mal semelhante quando hostilizam Manuel Monteiro do modo tão filosoficamente ancorado como o fazem– não, nunca ousaria acusá-los de sofrerem influências tão imperfeitamente frequentadas! Mas é sempre bom ter algum cuidado. É que, meu caro Manuel, essas coisas, às vezes, pegam-se aos melhores. E aos outros também.
REVISTA DE BLOGUES XVII
Os Melhores da Semana
Melhor Texto: “Ao cuidado da ciência”, no Homem a Dias;
Melhor Frase(s) :« Cunhal foi, e é, um monstro. A sua última prosa é um insulto à memória e se o tivessem deixado tinha transformado Portugal em 75 num imenso Gulag e não consta que alguma vez tenha mostrado algum sinal de arrependimento. Felizmente para todos nós não teve o sucesso de outros. Convém não esquecer isso ...», na Grande Loja do Queijo Limiano;
Melhor Humor: empate entre “Você entrou na Quinta Dimensão”, no Barnabé, e “A Al-Qaeda numa tarde de Lisboa”, no Terras do Nunca;
Melhor Sarcasmo: “Sala de espera”, no Homem a Dias;
Melhor Constatação: «TSF: UMA RÁDIO REGIONAL "O encerramento do Túnel das Amoreiras vai afectar o seu quotidiano?", inquérito/sondagem a decorrer no site da TSF», no Cidadão Livre;
Melhor Inspiração: “O GOVERNO SOMBRA DA BLOGOESFERA”, no Adufe;
Melhor Desilusão: “Evidência”, no Muro Sem Vergonha;
Melhor(es) Conselho(s): “Ferro Rodrigues” (1,2,3 e 4), no Janela Para o Rio PT;
Melhor Foto: “O sono separador”, na Aba de Heisenberg;
Melhor Estímulo: Sabor a Sal;
Melhor Análise: “Ao Nuno P”, no Adufe;
Melhor Ataque: “Pacheco Pereira: o canivete suíço” , n’ A Natureza do Mal;
Melhor Revelação: Caso Arrumado;
Melhor Correcção: “ERROU - PARTE 2”, no Cidadão Livre;
Melhor Ironia: “Nossa Senhora nos acuda”, no Terras do Nunca;
Melhor Tira-teimas: o Teste “austríaco” que a Causa Liberal pôs a blogosfera a fazer;
Melhor Memória: “Do Perigo de Proibir certos livros estrangeiros”, no Almocreve das Petas;
Melhor Aviso: “OS SALTEADORES DA ARCA PERDIDA”, no Portugal dos Pequeninos;
Melhor Polémica: entre a Causa Liberal, o Catalaxia e o Caso Arrumado sobre a Monarquia versus República;
Melhor Decalque: Extravaganza;
Melhor Posta: empate entre “Delinquência”, no Cidadão Livre, e “Early Morning Morons”, no Jaquinzinhos;
Melhor Blogue: empate entre Bloguítica e o Cataláxia.
Melhor Texto: “Ao cuidado da ciência”, no Homem a Dias;
Melhor Frase(s) :« Cunhal foi, e é, um monstro. A sua última prosa é um insulto à memória e se o tivessem deixado tinha transformado Portugal em 75 num imenso Gulag e não consta que alguma vez tenha mostrado algum sinal de arrependimento. Felizmente para todos nós não teve o sucesso de outros. Convém não esquecer isso ...», na Grande Loja do Queijo Limiano;
Melhor Humor: empate entre “Você entrou na Quinta Dimensão”, no Barnabé, e “A Al-Qaeda numa tarde de Lisboa”, no Terras do Nunca;
Melhor Sarcasmo: “Sala de espera”, no Homem a Dias;
Melhor Constatação: «TSF: UMA RÁDIO REGIONAL "O encerramento do Túnel das Amoreiras vai afectar o seu quotidiano?", inquérito/sondagem a decorrer no site da TSF», no Cidadão Livre;
Melhor Inspiração: “O GOVERNO SOMBRA DA BLOGOESFERA”, no Adufe;
Melhor Desilusão: “Evidência”, no Muro Sem Vergonha;
Melhor(es) Conselho(s): “Ferro Rodrigues” (1,2,3 e 4), no Janela Para o Rio PT;
Melhor Foto: “O sono separador”, na Aba de Heisenberg;
Melhor Estímulo: Sabor a Sal;
Melhor Análise: “Ao Nuno P”, no Adufe;
Melhor Ataque: “Pacheco Pereira: o canivete suíço” , n’ A Natureza do Mal;
Melhor Revelação: Caso Arrumado;
Melhor Correcção: “ERROU - PARTE 2”, no Cidadão Livre;
Melhor Ironia: “Nossa Senhora nos acuda”, no Terras do Nunca;
Melhor Tira-teimas: o Teste “austríaco” que a Causa Liberal pôs a blogosfera a fazer;
Melhor Memória: “Do Perigo de Proibir certos livros estrangeiros”, no Almocreve das Petas;
Melhor Aviso: “OS SALTEADORES DA ARCA PERDIDA”, no Portugal dos Pequeninos;
Melhor Polémica: entre a Causa Liberal, o Catalaxia e o Caso Arrumado sobre a Monarquia versus República;
Melhor Decalque: Extravaganza;
Melhor Posta: empate entre “Delinquência”, no Cidadão Livre, e “Early Morning Morons”, no Jaquinzinhos;
Melhor Blogue: empate entre Bloguítica e o Cataláxia.
República das bananas (X)
Eu já esperava algo parecido, mas ainda foi pior do que com o Benfica. Se somarmos todos os “intermezzos” que foram transmitindo ao longo da semana, terão sido mais de 20 horas a falar da inauguração do estádio do dragão. Com a agravante de agora a transmissão ter sido paga por todos nós. Isto não é serviço público, mas poderá ter sido “frete” público...
Passava por lá pontualmente, porque já não tenho pachorra para tanta insanidade. Enojei-me, mais uma vez, com a subserviência dos políticos, irritei-me com a arrogância do MST, diverti-me com a descrição mais apropriada: “os peregrinos vão chegando, cada vez em maior número”.
Não há dúvida, o futebol é a nova religião. Só que esta, é totalmente embrutecedora!
Passava por lá pontualmente, porque já não tenho pachorra para tanta insanidade. Enojei-me, mais uma vez, com a subserviência dos políticos, irritei-me com a arrogância do MST, diverti-me com a descrição mais apropriada: “os peregrinos vão chegando, cada vez em maior número”.
Não há dúvida, o futebol é a nova religião. Só que esta, é totalmente embrutecedora!
Prevenção Rodoviária
Já muitos o fizeram, mas não será demais remeter também para este recente blogue, da responsabilidade da ACA-M, Associação dos Condutores Auto-Mobilizados.
Pelo que me foi dado saber, esta Associação será das poucas neste País que não vive de subsídios do Estado, mas apenas e tão só do empenhamento, sentido de missão e trabalho dos seus Associados. Talvez por isso, presta verdadeiro serviço público, e merece ser apoiada e acarinhada por todos nós, cidadãos quase todos auto-mobilizados.
Blogue merecedor de link, sem dúvida. E será um excelente companheiro do até agora solitário ValeteFratres.
Pelo que me foi dado saber, esta Associação será das poucas neste País que não vive de subsídios do Estado, mas apenas e tão só do empenhamento, sentido de missão e trabalho dos seus Associados. Talvez por isso, presta verdadeiro serviço público, e merece ser apoiada e acarinhada por todos nós, cidadãos quase todos auto-mobilizados.
Blogue merecedor de link, sem dúvida. E será um excelente companheiro do até agora solitário ValeteFratres.
Elefantíase (II)
O tema do TGV tem vindo a ser abordado, e em boa hora, por vários blogueiros. Esta réplica à minha anterior posta sobre o tema, levanta reflectidamente algumas questões pertinentes. Antes porém de passar à tréplica, em que prometo não entrar na polémica estéril das acelerações e das travagens, gostaria de elencar algumas considerações prévias:
a) Entendo que em Portugal, nas últimas décadas, tem-se privilegiado claramente a rodovia em detrimento da ferrovia;
b) A uma tal prioridade, não será alheio o lobby do betão, em garantida associação com a corporação dos autarcas e em eventual “parceria” com a indústria automóvel;
c) Esta política, terá também contribuído para o crescimento exponencial do parque automóvel, com as externalidades que daí decorrem, designadamente em termos de acidentes, tráfego urbano e danos ambientais;
d) A desactivação nos últimos anos de algumas linhas da CP, tornou ainda mais recônditas algumas zonas do interior e ajudou a alargar o fosso com o litoral.
Mas:
e) O transporte ferroviário de passageiros é por norma deficitário (e não só no nosso País), com excepção de alguns troços das áreas metropolitanas (v.g., Lisboa/Sintra) ou de carreiras de grande tráfego (v.g., comboios Alfa);
f) Entre outros factores (nos quais nunca se deve olvidar a eterna inépcia e desperdício em tudo quanto seja gerido pelo Estado) tal assim acontece porque a CP, durante muito tempo o único operador, tinha a seu cargo o investimento e manutenção da via; as empresas de transporte rodoviário, excepto quando circulassem em auto-estradas portajadas, beneficiavam de utilização gratuita da via;
g) A criação recente da Refer poderá trazer alguma racionalidade por via da especialização, mas não cria por si só novos operadores que permitam a diluição do custo do investimento na via e respectiva manutenção;
h) A via férrea será mais económica no transporte de mercadorias, desde que seja possível o transporte ponto a ponto; não existe porém nenhuma rede com capilaridade suficiente que tal permita e daí a importância das plataformas multi-modais que permitam o transbordo de forma eficiente.
Respondendo agora ao Irreflexões, eu diria que:
1. A minha oposição ao TGV não tem a ver com o investimento em si no transporte ferroviário, mas com a megalomania tradicional neste País que degenera sempre na “elefantíase branca”;
2. Esta tendência para a “elefantíase” tem muito a ver com o facto de se considerar geralmente irrelevante a rentabilização de um investimento público; apregoam-se sempre os seus enormes benefícios, mas estes nunca são quantificados nem comparados com os custos de investimento e da exploração corrente; pessoalmente, estou enfastiado com a argumentação habitual para entreter papalvos, que passa geralmente pelos “chavões” do “prestígio” e da “imagem” do País no exterior; ninguém come prestígio ou imagem!
3. Parece evidente, e várias críticas de especialistas têm surgido nos media nesse sentido, que nenhuma das 5 linhas aprovadas é rentável. Nem sequer a Lisboa/Porto, a que terá maior densidade de tráfego, mas que dificilmente atingirá os 13,5 milhões de passageiros (!!!) que se prevêem. Assumindo que cada composição transporta generosamente 500 passageiros, estamos a falar de 37 comboios/dia em cada sentido, 1 comboio em cada 40 minutos, pressupondo-se distribuição linear do tráfego ao longo do dia; como tal não acontece, teríamos comboios a cada 10/15 minutos nas horas de ponta... Quem pretendem aldrabar?
4. Acho igualmente muito difícil a rentabilização da linha Lisboa/Madrid. Presentemente há cerca de 15 voos diários de Lisboa e 5 do Porto. Tudo isto totaliza 2.000 passageiros em cada sentido, pressupondo que os aviões fazem o pleno na taxa de ocupação. O equivalente a não mais de 4 comboios/dia (e não os 10 mencionados pelo Irreflexões) se todos mudassem de meio de transporte, o que não é crível. Mesmo com o crescimento previsível da economia e algum novo mercado que se cria induzido pela oferta de um novo meio de transporte, não me parece que se atinjam tão cedo os 5,3 milhões de passageiros previstos pelo governo – qualquer coisa como 15 comboios em cada sentido.
5. Considero além disso pouco provável que o TGV venha a canibalizar mercado à aviação. Não só pela diminuição das tarifas que as “low cost carriers” forçarão (e se não utilizarem a Portela, conseguirão utilizar Alverca ou o Montijo), mas porque o TGV não dispensa, tal como o avião, a utilização de outros meios de transporte, à partida e à chegada. Do universo que viaja para Madrid, só uma ínfima minoria morará no centro e irá para o centro.
6. A linha Porto/Vigo, que futuramente se estenderá até à Corunha, será das linhas internacionais a que serve uma área mais densamente povoada (a Lisboa/Madrid é um corredor no meio do deserto, com paragens nos “oásis” de Évora, Badajoz e Cáceres), justificando-se assim que seja apenas de velocidade elevada. As externalidades positivas dela decorrentes necessitariam porém de outro investimento para se maximizarem: a construção de uma grande estação ferroviária dentro do perímetro do aeroporto Sá Carneiro, potenciando assim a mais completa plataforma inter-modal da Península e a triplicação do tráfego aeroportuário.
7. Da linha Aveiro/Salamanca poderão também advir externalidades positivas, designadamente em favor do porto de Aveiro, uma vez efectuada a ligação a Valladolid, onde se situa o maior complexo ibérico da indústria automóvel. Benefício semelhante poderão ter os portos de Lisboa e Sines com uma linha de mercadorias a ligar a Madrid.
8. É contudo perfeito lirismo pretender competir com os portos da Flandres, como afirma o Irreflexões. A logística inerente ao transbordo de mercadorias é algo de complexo e com peso significativo no custo final do transporte. E, de resto, a navegação hoje é feita em navios de médio calado que podem inclusivamente circular nos inúmeros canais que atravessam a Europa Central, descarregando as mercadorias directamente no destino.
9. O interior é praticamente esquecido na rede de alta velocidade recém aprovada. Com excepção de Viseu e Évora, mais nenhuma localidade do interior será beneficiada com as novas linhas. Estas serão autênticos túneis a ligar o litoral às grandes cidades espanholas;
10. Já que se investem 12.000 milhões de euros para se perder dinheiro, então seria lícito que os benefícios com o acesso ao transporte ferroviário fossem generalizados e a rede servisse o País de forma harmoniosa. Mas, mais uma vez, teremos o interior pobre a subsidiar o litoral rico...
11. Se falarmos em transporte de alta velocidade ou de velocidade elevada, o cenário não poderia ser diferente, tendo em conta a desertificação do interior e de quase toda a zona fronteiriça, um efeito terrível desse glorificado e tão pouco discutido 1º de Dezembro...
12. Diga-se que o TGV, sendo o portento tecnológico que se conhece, tem sido também um portento em termos de prejuízos gerados, a custas do contribuinte, como é óbvio. Algo muito próprio da sobranceria francesa, que antes do TGV já tinha lançado a maravilha do Concorde, recentemente desactivado e jamais rentabilizado.
13. É curioso que só recentemente se começou a falar nos Estados Unidos de comboios de velocidade elevada, muito por força do 11 de Setembro e da saturação dos aeroportos que vem multiplicando os atrasos. Em breve entrará em funcionamento a 1ª linha, julgo que entre Boston e New York, uma iniciativa 100% privada e com esforço nulo para os contribuintes...
14. Em Portugal, duvida-se que mesmo a linha do Norte venha a ser atractiva para os operadores privados. E fala-se de um pequeno desvio da linha, responsável por si só por um acréscimo de mais alguns milhões, para servir a Ota.
Mas este (Ota) é outro elefante que merece posta própria.
a) Entendo que em Portugal, nas últimas décadas, tem-se privilegiado claramente a rodovia em detrimento da ferrovia;
b) A uma tal prioridade, não será alheio o lobby do betão, em garantida associação com a corporação dos autarcas e em eventual “parceria” com a indústria automóvel;
c) Esta política, terá também contribuído para o crescimento exponencial do parque automóvel, com as externalidades que daí decorrem, designadamente em termos de acidentes, tráfego urbano e danos ambientais;
d) A desactivação nos últimos anos de algumas linhas da CP, tornou ainda mais recônditas algumas zonas do interior e ajudou a alargar o fosso com o litoral.
Mas:
e) O transporte ferroviário de passageiros é por norma deficitário (e não só no nosso País), com excepção de alguns troços das áreas metropolitanas (v.g., Lisboa/Sintra) ou de carreiras de grande tráfego (v.g., comboios Alfa);
f) Entre outros factores (nos quais nunca se deve olvidar a eterna inépcia e desperdício em tudo quanto seja gerido pelo Estado) tal assim acontece porque a CP, durante muito tempo o único operador, tinha a seu cargo o investimento e manutenção da via; as empresas de transporte rodoviário, excepto quando circulassem em auto-estradas portajadas, beneficiavam de utilização gratuita da via;
g) A criação recente da Refer poderá trazer alguma racionalidade por via da especialização, mas não cria por si só novos operadores que permitam a diluição do custo do investimento na via e respectiva manutenção;
h) A via férrea será mais económica no transporte de mercadorias, desde que seja possível o transporte ponto a ponto; não existe porém nenhuma rede com capilaridade suficiente que tal permita e daí a importância das plataformas multi-modais que permitam o transbordo de forma eficiente.
Respondendo agora ao Irreflexões, eu diria que:
1. A minha oposição ao TGV não tem a ver com o investimento em si no transporte ferroviário, mas com a megalomania tradicional neste País que degenera sempre na “elefantíase branca”;
2. Esta tendência para a “elefantíase” tem muito a ver com o facto de se considerar geralmente irrelevante a rentabilização de um investimento público; apregoam-se sempre os seus enormes benefícios, mas estes nunca são quantificados nem comparados com os custos de investimento e da exploração corrente; pessoalmente, estou enfastiado com a argumentação habitual para entreter papalvos, que passa geralmente pelos “chavões” do “prestígio” e da “imagem” do País no exterior; ninguém come prestígio ou imagem!
3. Parece evidente, e várias críticas de especialistas têm surgido nos media nesse sentido, que nenhuma das 5 linhas aprovadas é rentável. Nem sequer a Lisboa/Porto, a que terá maior densidade de tráfego, mas que dificilmente atingirá os 13,5 milhões de passageiros (!!!) que se prevêem. Assumindo que cada composição transporta generosamente 500 passageiros, estamos a falar de 37 comboios/dia em cada sentido, 1 comboio em cada 40 minutos, pressupondo-se distribuição linear do tráfego ao longo do dia; como tal não acontece, teríamos comboios a cada 10/15 minutos nas horas de ponta... Quem pretendem aldrabar?
4. Acho igualmente muito difícil a rentabilização da linha Lisboa/Madrid. Presentemente há cerca de 15 voos diários de Lisboa e 5 do Porto. Tudo isto totaliza 2.000 passageiros em cada sentido, pressupondo que os aviões fazem o pleno na taxa de ocupação. O equivalente a não mais de 4 comboios/dia (e não os 10 mencionados pelo Irreflexões) se todos mudassem de meio de transporte, o que não é crível. Mesmo com o crescimento previsível da economia e algum novo mercado que se cria induzido pela oferta de um novo meio de transporte, não me parece que se atinjam tão cedo os 5,3 milhões de passageiros previstos pelo governo – qualquer coisa como 15 comboios em cada sentido.
5. Considero além disso pouco provável que o TGV venha a canibalizar mercado à aviação. Não só pela diminuição das tarifas que as “low cost carriers” forçarão (e se não utilizarem a Portela, conseguirão utilizar Alverca ou o Montijo), mas porque o TGV não dispensa, tal como o avião, a utilização de outros meios de transporte, à partida e à chegada. Do universo que viaja para Madrid, só uma ínfima minoria morará no centro e irá para o centro.
6. A linha Porto/Vigo, que futuramente se estenderá até à Corunha, será das linhas internacionais a que serve uma área mais densamente povoada (a Lisboa/Madrid é um corredor no meio do deserto, com paragens nos “oásis” de Évora, Badajoz e Cáceres), justificando-se assim que seja apenas de velocidade elevada. As externalidades positivas dela decorrentes necessitariam porém de outro investimento para se maximizarem: a construção de uma grande estação ferroviária dentro do perímetro do aeroporto Sá Carneiro, potenciando assim a mais completa plataforma inter-modal da Península e a triplicação do tráfego aeroportuário.
7. Da linha Aveiro/Salamanca poderão também advir externalidades positivas, designadamente em favor do porto de Aveiro, uma vez efectuada a ligação a Valladolid, onde se situa o maior complexo ibérico da indústria automóvel. Benefício semelhante poderão ter os portos de Lisboa e Sines com uma linha de mercadorias a ligar a Madrid.
8. É contudo perfeito lirismo pretender competir com os portos da Flandres, como afirma o Irreflexões. A logística inerente ao transbordo de mercadorias é algo de complexo e com peso significativo no custo final do transporte. E, de resto, a navegação hoje é feita em navios de médio calado que podem inclusivamente circular nos inúmeros canais que atravessam a Europa Central, descarregando as mercadorias directamente no destino.
9. O interior é praticamente esquecido na rede de alta velocidade recém aprovada. Com excepção de Viseu e Évora, mais nenhuma localidade do interior será beneficiada com as novas linhas. Estas serão autênticos túneis a ligar o litoral às grandes cidades espanholas;
10. Já que se investem 12.000 milhões de euros para se perder dinheiro, então seria lícito que os benefícios com o acesso ao transporte ferroviário fossem generalizados e a rede servisse o País de forma harmoniosa. Mas, mais uma vez, teremos o interior pobre a subsidiar o litoral rico...
11. Se falarmos em transporte de alta velocidade ou de velocidade elevada, o cenário não poderia ser diferente, tendo em conta a desertificação do interior e de quase toda a zona fronteiriça, um efeito terrível desse glorificado e tão pouco discutido 1º de Dezembro...
12. Diga-se que o TGV, sendo o portento tecnológico que se conhece, tem sido também um portento em termos de prejuízos gerados, a custas do contribuinte, como é óbvio. Algo muito próprio da sobranceria francesa, que antes do TGV já tinha lançado a maravilha do Concorde, recentemente desactivado e jamais rentabilizado.
13. É curioso que só recentemente se começou a falar nos Estados Unidos de comboios de velocidade elevada, muito por força do 11 de Setembro e da saturação dos aeroportos que vem multiplicando os atrasos. Em breve entrará em funcionamento a 1ª linha, julgo que entre Boston e New York, uma iniciativa 100% privada e com esforço nulo para os contribuintes...
14. Em Portugal, duvida-se que mesmo a linha do Norte venha a ser atractiva para os operadores privados. E fala-se de um pequeno desvio da linha, responsável por si só por um acréscimo de mais alguns milhões, para servir a Ota.
Mas este (Ota) é outro elefante que merece posta própria.
2003/11/16
Não vou à inauguração do Dragão
Porque sou contra o Euro-2004 e todo o inerente desperdício novo-riquista;
Porque não me quero cruzar com autarcas e governantes promíscuos sem espinha dorsal ou pingo de vergonha;
Porque não quero dar de caras com um “talliban” como o MST que acabo de ouvir afirmar à RTP1 que o estádio não custou nada à Câmara!!!
Porque como contribuinte já dei coercivamente para 9 mamarrachos e 1 obra de arte (o Dragão, há que reconhecer);
Porque o País está a ficar completamente subjugado pelo fundamentalismo religioso das “seitas” do futebol;
Porque não se deve perder a razão e há que resistir e dizer que não a toda esta insanidade!
Porque não me quero cruzar com autarcas e governantes promíscuos sem espinha dorsal ou pingo de vergonha;
Porque não quero dar de caras com um “talliban” como o MST que acabo de ouvir afirmar à RTP1 que o estádio não custou nada à Câmara!!!
Porque como contribuinte já dei coercivamente para 9 mamarrachos e 1 obra de arte (o Dragão, há que reconhecer);
Porque o País está a ficar completamente subjugado pelo fundamentalismo religioso das “seitas” do futebol;
Porque não se deve perder a razão e há que resistir e dizer que não a toda esta insanidade!
Vou à inauguração do Dragão
Embora não aprove o estilo dos dirigentes do meu clube. Embora desdenhe cada intromissão de Pinto da Costa na política local e nacional. Embora julgue que a construção de 10 estádios para um Europeu (fui aos 2 últimos, Inglaterra 96 e Holanda/Bélgica 2000, e não vi nada disso) demonstra um novo-riquismo exacerbado.
Vou à inauguração porque sou portista. Porque sou sócio do FCP desde 1977. Porque este é um típico momento em que a emoção sobreleva a razão.
Vou à inauguração porque sou portista. Porque sou sócio do FCP desde 1977. Porque este é um típico momento em que a emoção sobreleva a razão.
A resposta virá à noitinha
A análise que o excelente Grande Loja do Queijo Limiano fez da minha prosa no Semanário obriga-me a uma resposta um pouco mais pensada do que aquilo que o tempo me permite, para hoje. O fim-de-semana é implacável para a arte de blogar e hoje - daqui a pouco - vou à inauguração do estádio do Estádio do Dragão.
Mais logo, depois dos prémios, virá a resposta. Para já, como aperitivo, extractos do meu artigo que provocou a réplica Lojista:
«Ao Dr. Pacheco Pereira devolvo as angústias que expressou a propósito do PND – e quanto ao seu partido, o PSD? É de direita ou é de esquerda? Advoga a regra da livre iniciativa privada ou a intervenção estatal? Defende o “choque fiscal”, como prometeu na campanha eleitoral, ou a subida incessante dos impostos, como aconteceu depois do PSD ter sido Governo? Quer o fim das empresas públicas desproporcionadamente deficitárias (conforme o seu partido anunciou nas vésperas das eleições), como a TAP, a RTP ou a CP, ou a manutenção de tudo como está (como acabou por decidir o actual Governo)? Apadrinha a reforma da Administração Pública pela necessidade da sua funcionalidade e racionalidade ou, como faz o Governo do PSD, meramente pela urgência em poupar dinheiro?»
(...)
«Não se podem levar a sério os anátemas do dirigente de um partido político que em Portugal já defendeu tudo e o seu contrário e agora acusa os outros de «não saberem o que querem». Na verdade, alguém neste país ou fora dele tem a mínima noção do que é o PSD ideologicamente? A final de contas, advoga o PSD a separação entre a política e os interesses do futebol, como diz Rui Rio, ou a sua íntima junção, como faz Santana Lopes? Possui o PSD a simples sombra da coerência e da frontalidade que vem exigir aos outros? É de direita ou de esquerda o Governo que quer nacionalizar os centros históricos das grandes cidades, esbulhando os direitos dos seus legítimos donos? É de direita ou de esquerda o Ministro da Agricultura que se quer apropriar dos espaços florestais dos pequenos proprietários culpando-os, juntamente com os bombeiros, do flagelo dos incêndios? Como é possível que destacados representantes do mais significativo “albergue espanhol” da política contemporânea desde o lendário Partido Revolucionário Institucional mexicano, venham apontar lacunas de posicionamento político a quem quer que seja! Muito menos a uma força política que acabou de se formar».
Mais logo, depois dos prémios, virá a resposta. Para já, como aperitivo, extractos do meu artigo que provocou a réplica Lojista:
«Ao Dr. Pacheco Pereira devolvo as angústias que expressou a propósito do PND – e quanto ao seu partido, o PSD? É de direita ou é de esquerda? Advoga a regra da livre iniciativa privada ou a intervenção estatal? Defende o “choque fiscal”, como prometeu na campanha eleitoral, ou a subida incessante dos impostos, como aconteceu depois do PSD ter sido Governo? Quer o fim das empresas públicas desproporcionadamente deficitárias (conforme o seu partido anunciou nas vésperas das eleições), como a TAP, a RTP ou a CP, ou a manutenção de tudo como está (como acabou por decidir o actual Governo)? Apadrinha a reforma da Administração Pública pela necessidade da sua funcionalidade e racionalidade ou, como faz o Governo do PSD, meramente pela urgência em poupar dinheiro?»
(...)
«Não se podem levar a sério os anátemas do dirigente de um partido político que em Portugal já defendeu tudo e o seu contrário e agora acusa os outros de «não saberem o que querem». Na verdade, alguém neste país ou fora dele tem a mínima noção do que é o PSD ideologicamente? A final de contas, advoga o PSD a separação entre a política e os interesses do futebol, como diz Rui Rio, ou a sua íntima junção, como faz Santana Lopes? Possui o PSD a simples sombra da coerência e da frontalidade que vem exigir aos outros? É de direita ou de esquerda o Governo que quer nacionalizar os centros históricos das grandes cidades, esbulhando os direitos dos seus legítimos donos? É de direita ou de esquerda o Ministro da Agricultura que se quer apropriar dos espaços florestais dos pequenos proprietários culpando-os, juntamente com os bombeiros, do flagelo dos incêndios? Como é possível que destacados representantes do mais significativo “albergue espanhol” da política contemporânea desde o lendário Partido Revolucionário Institucional mexicano, venham apontar lacunas de posicionamento político a quem quer que seja! Muito menos a uma força política que acabou de se formar».
| Ãltima |