2003/11/01
Tanto barulho para quê?
(pequeno intervalo no meu voto de silêncio acerca das coisas do futebol)
Acabei de ouvir numa televisão que os votantes nas apregoadíssimas eleições do Benfica alcançaram o número extraordinário de... 12 mil sócios!!! Fiquei abismado. Depois de todos os órgãos de comunicação - todos sem excepção - terem dedicado tempos infinitos a este acto eleitoral, após directos de manhã, à tarde e à noite, em jantares de campanha, sessões de esclarecimento, conferências de imprensa, debates e entrevistas, no fim de uma intoxicação publicitária a que ninguém conseguia escapar (ia-me esbarrando quando deparei, de chofre, à entrada de Braga, com um "outdoor" gigantesco que ostentava os bigodes farfalhudos de um dos candidatos), votaram 12 mil pessoas???
Deve ser engano! Então onde estão os milhões? Onde pára a grande multidão encarnada que justificaria a desmesurada atenção mediática? 12 mil gatos pingados?! Foi para isso que nos atazanaram o juízo durante semanas? Qualquer eleição numa associação académica (Porto, Coimbra, Braga, Lisboa) tem mais participação eleitoral e muito menor atenção.
Mas, enfim, parece ser o fado que tudo o que se relacionar com essa agremiação ser envolto num véu de grande ilusão. E ainda bem...
Acabei de ouvir numa televisão que os votantes nas apregoadíssimas eleições do Benfica alcançaram o número extraordinário de... 12 mil sócios!!! Fiquei abismado. Depois de todos os órgãos de comunicação - todos sem excepção - terem dedicado tempos infinitos a este acto eleitoral, após directos de manhã, à tarde e à noite, em jantares de campanha, sessões de esclarecimento, conferências de imprensa, debates e entrevistas, no fim de uma intoxicação publicitária a que ninguém conseguia escapar (ia-me esbarrando quando deparei, de chofre, à entrada de Braga, com um "outdoor" gigantesco que ostentava os bigodes farfalhudos de um dos candidatos), votaram 12 mil pessoas???
Deve ser engano! Então onde estão os milhões? Onde pára a grande multidão encarnada que justificaria a desmesurada atenção mediática? 12 mil gatos pingados?! Foi para isso que nos atazanaram o juízo durante semanas? Qualquer eleição numa associação académica (Porto, Coimbra, Braga, Lisboa) tem mais participação eleitoral e muito menor atenção.
Mas, enfim, parece ser o fado que tudo o que se relacionar com essa agremiação ser envolto num véu de grande ilusão. E ainda bem...
Enigmático,
Jorge Sampaio afirmou hoje, em Alijó, que «tem presenciado "algumas personalidades de grande responsabilidade no país a porem em questão" o papel de Portugal na UE» (aqui).
Qual será, na perspectiva do Presidente, o papel de Portugal na UE?
«Não podemos nunca cair na tentação de que conseguimos fazer tudo sozinhos. Não podemos. Nós tivemos uma enorme oportunidade de entrar na Europa em 1986, esta opção está feita, agora somos tão europeus como os outros e vamos continuar a fazer parte desta família. Vamos também dar o nosso contributo para esta Europa que está em construção»
Ainda não vi ninguém, com grande ou pequena responsabilidade defender expressamente a saída de Portugal da União Europeia.
Se não era a essas desconhecidas afirmações que Jorge Sampaio se referia, estaria a falar, por meias palavras, daqueles que querem discutir a "Constituição Europeia" e que reclamam um referendo sobre a mesma? Se era a isto, está a dar (mais um) péssimo exemplo de demagogia.
DISCUTIR E REFERENDAR A CONSTITUIÇÃO NÃO SIGNIFICA A SAÍDA DE PORTUGAL DA UE.
Quantas vezes será preciso repeti-lo?
Qual será, na perspectiva do Presidente, o papel de Portugal na UE?
«Não podemos nunca cair na tentação de que conseguimos fazer tudo sozinhos. Não podemos. Nós tivemos uma enorme oportunidade de entrar na Europa em 1986, esta opção está feita, agora somos tão europeus como os outros e vamos continuar a fazer parte desta família. Vamos também dar o nosso contributo para esta Europa que está em construção»
Ainda não vi ninguém, com grande ou pequena responsabilidade defender expressamente a saída de Portugal da União Europeia.
Se não era a essas desconhecidas afirmações que Jorge Sampaio se referia, estaria a falar, por meias palavras, daqueles que querem discutir a "Constituição Europeia" e que reclamam um referendo sobre a mesma? Se era a isto, está a dar (mais um) péssimo exemplo de demagogia.
DISCUTIR E REFERENDAR A CONSTITUIÇÃO NÃO SIGNIFICA A SAÍDA DE PORTUGAL DA UE.
Quantas vezes será preciso repeti-lo?
Flashback vai para SIC Notícias em Janeiro
Ainda bem. Temo, no entanto, que o debate não resulte tão bem como na rádio, já que da primeira experiência retirei essa conclusão. Oxalá me desenganem.
Já agora, um pedido de um ouvinte atento e venerando: não há possibilidade de trocar o Dr. António Xavier por alguém da mesma área política mas que não deixe antever tudo o que vai dizer antes mesmo de abrir a boca?
Já agora, um pedido de um ouvinte atento e venerando: não há possibilidade de trocar o Dr. António Xavier por alguém da mesma área política mas que não deixe antever tudo o que vai dizer antes mesmo de abrir a boca?
2003/10/31
Pires de Lima pede desculpas por comparar Ministério Público à PIDE e à Gestapo
Mais vale tarde que nunca. É por todos consabido que algumas incapacidades acidentais podem ser obviadas pelo decurso do tempo. Depois, normalmente, vem um período de alguma indisposição física, mas que também tende a passar. Só então se repara nas asneiras que foram proferidas entretanto.
É por isso que eu continuo a defender o teste do balão antes de alguns notáveis se pronunciarem publicamente.
É por isso que eu continuo a defender o teste do balão antes de alguns notáveis se pronunciarem publicamente.
LENTILHAS E ERVILHAS
Interessante e divertido o diálogo entre o Catalaxia e o Mar Salgado a propósito da homenagem que a Universidade de Coimbra entendeu oferecer a Dias Loureiro. Especial atenção para a última posta do Rui, um monumento de ironia e sarcasmo. Esperamos a tréplica ansiosamente.
Visitantes da semana
O Mata-Mouros foi visitado por leitores à procura do seguinte:
"beckam sem a vitória fotos"
"poluição automovel com imagens"
"quando surgiu a constituição europeia" e, last but not the least,
"mata dragões".
"beckam sem a vitória fotos"
"poluição automovel com imagens"
"quando surgiu a constituição europeia" e, last but not the least,
"mata dragões".
FALTA O ANONIMATO, DRA. MARIA JOSÉ MORGADO!
Ontem nas televisões, hoje nos jornais, a mediaticamente empossada heroína da Justiça portuguesa, Dra. Maria José Morgado, exprime a sua visão intensamente estatizante acerca dos remédios possíveis para a situação da criminalidade em Portugal.
Uma das soluções que preconiza chamou-me particular atenção: o perdão fiscal para os que denunciem fraudes nos impostos, mesmo que nelas tenham tido participação.
Não é a primeira vez no direito português que se afirma a "denúncia" como factor de resolução dos problemas da justiça. Durante cerca de 300 anos a Santa Inquisição utilizou este método com resultados bastante satisfatórios para os seus intentos. Nesse período, os portugueses denunciaram-se uns aos outros com as acusações mais extraordinárias: heresias várias, práticas de judaísmo, pactos com o demónio, etc. Tudo isso, na época, actos tidos como abomináveis e que todas as pessoas de bem condenavam exigindo essas medidas reforçadas para as combater. Os filhos denunciaram os pais, os vizinhos transformavam a calúnia em delação, amigos e parentes aproveitavam as oportunidades que o sistema de então proporcionava para dizerem as maiores aleivosias sobre o seu próximo. É que a Santa Inquisição preconizava prémios mais eficazes para os delatores: tinham direito a um quinto dos bens do denunciado e ficavam garantidos num confortável anonimato!
Hoje os tempos parecem diferentes. O problema já não são os pactos com o Maligno mas a fraude fiscal; os comportamentos marranos transformaram-se em suspeitas de fortunas colossais por tráfico de droga ou de tráfico de pornografia infantil (esta última, aliás, é a acusação que me parece mais inconsequente e estúpida: gostaria que me dissessem as expectativas sobre o número e o calibre da riqueza produzida em Portugal por tráfico de pornografia infantil!); as ofensas à Santa Madre Igreja e à doutrina católica consubstanciam-se na fuga ao IVA. Mas a lógica é semelhante. E, pelos vistos, o remédio também.
Devemos todos exaltar as virtudes da denúncia: denunciemo-nos compulsivamente. Ajudemos o Estado a superar as suas ineficiências apontando o dedo a familiares, vizinhos e amigos. Se existir algum problema nos nossos próprios impostos, não percamos tempo: denunciemos todos à nossa volta, sobretudo aqueles a quem pedimos ajuda! A Dra. Morgado perdoar-nos-á, o Estado dar-nos-á a redenção fiscal e, por essa pública indulgência, entraremos no paraíso dos contribuintes cumpridores.
Mas ainda falta o anonimato. Esta é a condição indispensável que a Dra. Morgado e os demais zelosos defensores da causa pública não podem deixar passar. A delação é bastante mais atraente se ninguém vier a saber que a protagonizamos. Poderemos andar de cabeça levantada, exteriorizar a nossa solidariedade com os que denunciamos e exercer os nossos talentos de acusação muito mais frequentemente. DENUNCIAR SIM, MAS EM SEGREDO!
Uma das soluções que preconiza chamou-me particular atenção: o perdão fiscal para os que denunciem fraudes nos impostos, mesmo que nelas tenham tido participação.
Não é a primeira vez no direito português que se afirma a "denúncia" como factor de resolução dos problemas da justiça. Durante cerca de 300 anos a Santa Inquisição utilizou este método com resultados bastante satisfatórios para os seus intentos. Nesse período, os portugueses denunciaram-se uns aos outros com as acusações mais extraordinárias: heresias várias, práticas de judaísmo, pactos com o demónio, etc. Tudo isso, na época, actos tidos como abomináveis e que todas as pessoas de bem condenavam exigindo essas medidas reforçadas para as combater. Os filhos denunciaram os pais, os vizinhos transformavam a calúnia em delação, amigos e parentes aproveitavam as oportunidades que o sistema de então proporcionava para dizerem as maiores aleivosias sobre o seu próximo. É que a Santa Inquisição preconizava prémios mais eficazes para os delatores: tinham direito a um quinto dos bens do denunciado e ficavam garantidos num confortável anonimato!
Hoje os tempos parecem diferentes. O problema já não são os pactos com o Maligno mas a fraude fiscal; os comportamentos marranos transformaram-se em suspeitas de fortunas colossais por tráfico de droga ou de tráfico de pornografia infantil (esta última, aliás, é a acusação que me parece mais inconsequente e estúpida: gostaria que me dissessem as expectativas sobre o número e o calibre da riqueza produzida em Portugal por tráfico de pornografia infantil!); as ofensas à Santa Madre Igreja e à doutrina católica consubstanciam-se na fuga ao IVA. Mas a lógica é semelhante. E, pelos vistos, o remédio também.
Devemos todos exaltar as virtudes da denúncia: denunciemo-nos compulsivamente. Ajudemos o Estado a superar as suas ineficiências apontando o dedo a familiares, vizinhos e amigos. Se existir algum problema nos nossos próprios impostos, não percamos tempo: denunciemos todos à nossa volta, sobretudo aqueles a quem pedimos ajuda! A Dra. Morgado perdoar-nos-á, o Estado dar-nos-á a redenção fiscal e, por essa pública indulgência, entraremos no paraíso dos contribuintes cumpridores.
Mas ainda falta o anonimato. Esta é a condição indispensável que a Dra. Morgado e os demais zelosos defensores da causa pública não podem deixar passar. A delação é bastante mais atraente se ninguém vier a saber que a protagonizamos. Poderemos andar de cabeça levantada, exteriorizar a nossa solidariedade com os que denunciamos e exercer os nossos talentos de acusação muito mais frequentemente. DENUNCIAR SIM, MAS EM SEGREDO!
A frase do ano do presidente da África do Sul
Uma "cabala" destas nem em Portugal se conseguiria inventar!
Perdemos um admirador
O poder emocional do futebol não deixa de me surpreender. O Mata-Mouros já entrou em várias polémicas, algumas bem acesas e a resvalar para a dureza argumentativa. Mas quando, inesperadamente para nós, começamos a falar de futebol o nível dos "hate mails" bateu os recordes.
Este blogue, que nos citava abundantemente e nos vinha transformando em referência, passou do 80 para o -8: agora transborda de insultos e ameaças, chegando ao ponto de nos mudar o nome nos seus linkes.
Em matéria diversa do Terras do Nunca imito-o no seu higiénico voto de silêncio, desta vez a propósito do futebol.
P.S. O que acabei de escrever não se relaciona com a conversa civilizada que mantive com o Irreflexões.
P.S. (2) Não posso deixar de salientar esta pérola: «Como dizem os cascois...».
P.S. (3) Por mais que me esforce não percebo o «Viva o Rei» final. A quem se refere? Ao Guerra Madaleno? Ao "Rei" dos pneus? Ao sacrificado Vale e Azevedo? Bom, é melhor ficar por aqui senão lá se vai o meu voto...
Este blogue, que nos citava abundantemente e nos vinha transformando em referência, passou do 80 para o -8: agora transborda de insultos e ameaças, chegando ao ponto de nos mudar o nome nos seus linkes.
Em matéria diversa do Terras do Nunca imito-o no seu higiénico voto de silêncio, desta vez a propósito do futebol.
P.S. O que acabei de escrever não se relaciona com a conversa civilizada que mantive com o Irreflexões.
P.S. (2) Não posso deixar de salientar esta pérola: «Como dizem os cascois...».
P.S. (3) Por mais que me esforce não percebo o «Viva o Rei» final. A quem se refere? Ao Guerra Madaleno? Ao "Rei" dos pneus? Ao sacrificado Vale e Azevedo? Bom, é melhor ficar por aqui senão lá se vai o meu voto...
2003/10/30
Dia Nacional da Desburocratização
Não fora isto
Nunca me teria apercebido disto
Sobretudo depois de ler isto e isto
(via O Vilacondense, a quem agradeço o link).
Nunca me teria apercebido disto
Sobretudo depois de ler isto e isto
(via O Vilacondense, a quem agradeço o link).
República das Bananas (VI)
Sem querer entrar na discussão, recomendo uma visita ao site da Liga. Dá uma boa ideia do estado do futebol Português.
God bless America
A economia norte-americana cresceu 7,2% em termos anualizados, no terceiro trimestre deste ano, registando uma forte aceleração face ao trimestre anterior, anunciou quinta-feira o Departamento do Comércio (aqui).
República das bananas (V)
Bom, e para acabar com este folhetim dos futebóis/estádios/inaugurações, tenho de corrigir/elucidar o Nuno Peralta:
1. Que eu tenha espumado ódio contra o Benfica, é um claro exagero e, em bom rigor, não poderá ser tirada uma tal ilação das 4 postas anteriores a esta com o mesmo título; e juro que jamais notei qualquer anomalia nas minhas glândulas salivares.
2. É verdade que não morro de amores pelo Benfica, como julgo acontecer com qualquer pessoa de bom senso desde que esta instituição (???) deixou, há vários anos, de ser definitivamente uma prestigiada pessoa de bem e se transformou num dos expoentes máximos da vergonha nacional.
3. Adivinho já o contra-argumento dos 6 milhões, mas isso é uma contagem que ainda ninguém me disse como é que se fez; atirou-se um belo dia com esse número e ele foi aceite como verdade absoluta.
4. A dita grandeza do dito glorioso aconteceu de facto em tempos e, numa época (tal como hoje, de resto) em que nada mais tínhamos senão fado futebol e Fátima; o nosso eterno e triste fado mais não fez do que empolar este e outros mitos da nossa história, com que nos vamos continuamente masturbando e sempre de costas voltadas ao futuro.
5. Todas estas “grandezas” revelam porém uma enormíssima pequenez, uma parolice tacanha, que se manifestam nos intermináveis directos (como o do passado sábado), nos “profundíssimos”, prolongadíssimos e pedagógicos debates com os “intelectuais da bola”, nos casos nacionais que se criam com a eleição ou nomeação do capitão do Benfica ou com a chuteira do Deco e outras irrelevâncias afins, sempre transformadas em questões cruciais para o futuro do País.
6. O burro que veio de Elvas ou a vitória do Porto em Marselha, são questões menores e que jamais se pensaria relativizar; conceder maior importância jornalística àquele é de facto o maior sinal da imbecilidade que vai grassando; ver os adeptos do Benfica congratularem-se com tal “vitória” do burro, não é sinal de nenhuma grandeza, mas sim da mais ínfima pequenez e da completa ausência de valores.
7. Um directo de 12 horas (!!!) por causa da inauguração de um estádio, deve certamente garantir lugar no Guiness. À falta de outros troféus que há muito não aparecem, junte-se este à colecção, precioso símbolo também do nosso “estado bananal”.
8.Mas a minha revolta é principalmente contra todos os estádios, contra o Euro 2004, contra estes investimentos populistas e megalómanos, sobretudo contra a promiscuidade entre a política e o futebol, que mais uma vez foi visível no sábado e sê-lo-á de novo no próximo dia 16 nas Antas.
9. Tenho para mim (e é apenas um “feeling” ainda muito pouco fundamentado), que o Euro 2004 mais não serviu do que para encapotar um gigantesco balão de oxigénio para os 3 clubes grandes que estavam (e estão) em pré-falência. Para que isto não se tornasse flagrante, houve que diluir a coisa com mais 7 “mamarrachos” e correspondente despesa pública por esse País fora – não foi assim, José Sócrates?
10. Os exageros virão ao de cima no “day after”, quando finalmente constatarmos que dispomos de estruturas sofisticadíssimas com parca ou nula utilização. E com custos anuais de manutenção superiores a 1 milhão de euros por cada estádio a serem pagos... adivinhem por quem!
11. E os 3 grandes continuarão com os seus eternos défices e a chantagearem os poderes públicos com o seu desaparecimento se não houver ajuda do orçamento. Mas porque não hão-de falir de vez? Seria porventura algo extremamente profiláctico e que libertaria os cidadãos do anestésico que é o futebol permitindo-lhes distinguir o importante do acessório e do fútil.
Não damos “menções honrosas”, Caro Nuno, apenas “Óscares”. E posso dizer-lhe que é um excelente candidato ao troféu “Irrelevâncias e Futilidades”. O júri reunirá em breve...
1. Que eu tenha espumado ódio contra o Benfica, é um claro exagero e, em bom rigor, não poderá ser tirada uma tal ilação das 4 postas anteriores a esta com o mesmo título; e juro que jamais notei qualquer anomalia nas minhas glândulas salivares.
2. É verdade que não morro de amores pelo Benfica, como julgo acontecer com qualquer pessoa de bom senso desde que esta instituição (???) deixou, há vários anos, de ser definitivamente uma prestigiada pessoa de bem e se transformou num dos expoentes máximos da vergonha nacional.
3. Adivinho já o contra-argumento dos 6 milhões, mas isso é uma contagem que ainda ninguém me disse como é que se fez; atirou-se um belo dia com esse número e ele foi aceite como verdade absoluta.
4. A dita grandeza do dito glorioso aconteceu de facto em tempos e, numa época (tal como hoje, de resto) em que nada mais tínhamos senão fado futebol e Fátima; o nosso eterno e triste fado mais não fez do que empolar este e outros mitos da nossa história, com que nos vamos continuamente masturbando e sempre de costas voltadas ao futuro.
5. Todas estas “grandezas” revelam porém uma enormíssima pequenez, uma parolice tacanha, que se manifestam nos intermináveis directos (como o do passado sábado), nos “profundíssimos”, prolongadíssimos e pedagógicos debates com os “intelectuais da bola”, nos casos nacionais que se criam com a eleição ou nomeação do capitão do Benfica ou com a chuteira do Deco e outras irrelevâncias afins, sempre transformadas em questões cruciais para o futuro do País.
6. O burro que veio de Elvas ou a vitória do Porto em Marselha, são questões menores e que jamais se pensaria relativizar; conceder maior importância jornalística àquele é de facto o maior sinal da imbecilidade que vai grassando; ver os adeptos do Benfica congratularem-se com tal “vitória” do burro, não é sinal de nenhuma grandeza, mas sim da mais ínfima pequenez e da completa ausência de valores.
7. Um directo de 12 horas (!!!) por causa da inauguração de um estádio, deve certamente garantir lugar no Guiness. À falta de outros troféus que há muito não aparecem, junte-se este à colecção, precioso símbolo também do nosso “estado bananal”.
8.Mas a minha revolta é principalmente contra todos os estádios, contra o Euro 2004, contra estes investimentos populistas e megalómanos, sobretudo contra a promiscuidade entre a política e o futebol, que mais uma vez foi visível no sábado e sê-lo-á de novo no próximo dia 16 nas Antas.
9. Tenho para mim (e é apenas um “feeling” ainda muito pouco fundamentado), que o Euro 2004 mais não serviu do que para encapotar um gigantesco balão de oxigénio para os 3 clubes grandes que estavam (e estão) em pré-falência. Para que isto não se tornasse flagrante, houve que diluir a coisa com mais 7 “mamarrachos” e correspondente despesa pública por esse País fora – não foi assim, José Sócrates?
10. Os exageros virão ao de cima no “day after”, quando finalmente constatarmos que dispomos de estruturas sofisticadíssimas com parca ou nula utilização. E com custos anuais de manutenção superiores a 1 milhão de euros por cada estádio a serem pagos... adivinhem por quem!
11. E os 3 grandes continuarão com os seus eternos défices e a chantagearem os poderes públicos com o seu desaparecimento se não houver ajuda do orçamento. Mas porque não hão-de falir de vez? Seria porventura algo extremamente profiláctico e que libertaria os cidadãos do anestésico que é o futebol permitindo-lhes distinguir o importante do acessório e do fútil.
Não damos “menções honrosas”, Caro Nuno, apenas “Óscares”. E posso dizer-lhe que é um excelente candidato ao troféu “Irrelevâncias e Futilidades”. O júri reunirá em breve...
2003/10/29
Já vai mal, sim senhor!
De facto o Irreflexões tem razão. Verifiquei as fontes que cita (os 3 jornais desportivos) e todos dizem que Paulo Paraty escreveu que que Deco atirou a chuteira na sua direcção. Tudo parece, afinal, estar conforme o Irreflexões refere.
Acontece que tenho as imagens gravadas. Vi e revi a cena várias vezes. Não sei se é defeito do meu vídeo, mas aquilo que se percebe é o Deco atirar a chuteira para o seu lado esquerdo, lado direito do árbitro, mas na direcção contrária àquela em que Paulo Paraty se encontrava. Em seguida há um arremedo acriançado de Deco rumo ao árbitro mas, uma vez mais, não se consegue ver qualquer tentativa de agressão.
Sou amigo de Paulo Paraty. Tenho-o na conta de um homem invulgarmente íntegro. Mas nas imagens que tenho não vejo nada do que se diz que ele escreveu no Relatório, independentemente do maior ou menor grau de "cegueira futebolística".
Vamos ver se isto não fica ainda pior.
Acontece que tenho as imagens gravadas. Vi e revi a cena várias vezes. Não sei se é defeito do meu vídeo, mas aquilo que se percebe é o Deco atirar a chuteira para o seu lado esquerdo, lado direito do árbitro, mas na direcção contrária àquela em que Paulo Paraty se encontrava. Em seguida há um arremedo acriançado de Deco rumo ao árbitro mas, uma vez mais, não se consegue ver qualquer tentativa de agressão.
Sou amigo de Paulo Paraty. Tenho-o na conta de um homem invulgarmente íntegro. Mas nas imagens que tenho não vejo nada do que se diz que ele escreveu no Relatório, independentemente do maior ou menor grau de "cegueira futebolística".
Vamos ver se isto não fica ainda pior.
Tentativa de agressão? Não haverá confusão?
Tal como o Irreflexões, não gosto de trazer o "futebolês" para este blogue. Mas vejo-me na obrigação de o fazer nos momentos em que a indignação cumula com o direito de reacção contra as injustiças patentes.
Diz o Irreflexões que sofre em «grau menor de cegueira futebolística» do que eu. Pois olhe, não parece. Desde logo porque julga enxergar uma «tentativa de agressão» na atitude de Deco. O que Deco fez foi reprovável. Indesculpável num profissional. Mas não se comparem situações incomparáveis. Não há qualquer similitude com a atitude de João Pinto no Mundial. Deco não atirou com a chuteira ao árbitro Paulo Paraty, atirou-a ao chão malcriadamente. Não tentou agredir o árbitro (nesse mesmo jogo houve situações com o árbitro muito piores e bastante mais tumultuosas).
Sou amigo pessoal de Paulo Paraty há mais de 20 anos. Nunca perdoaria a Deco se este o tivesse tentado agredir. Mas não o fez. Não se tente forçar a realidade para atingir objectivos menos lícitos.
Já agora: mesmo sem o Deco o F.C.Porto é, de muito longe, a melhor equipa portuguesa.
Diz o Irreflexões que sofre em «grau menor de cegueira futebolística» do que eu. Pois olhe, não parece. Desde logo porque julga enxergar uma «tentativa de agressão» na atitude de Deco. O que Deco fez foi reprovável. Indesculpável num profissional. Mas não se comparem situações incomparáveis. Não há qualquer similitude com a atitude de João Pinto no Mundial. Deco não atirou com a chuteira ao árbitro Paulo Paraty, atirou-a ao chão malcriadamente. Não tentou agredir o árbitro (nesse mesmo jogo houve situações com o árbitro muito piores e bastante mais tumultuosas).
Sou amigo pessoal de Paulo Paraty há mais de 20 anos. Nunca perdoaria a Deco se este o tivesse tentado agredir. Mas não o fez. Não se tente forçar a realidade para atingir objectivos menos lícitos.
Já agora: mesmo sem o Deco o F.C.Porto é, de muito longe, a melhor equipa portuguesa.
Um Dia na Vida de um Suburbano
Não percam a bofetada de luva branca melhor aplicada desde que leio blogues. O Jaquinzinhos deixou-me sem fala. Pena que o destinatário não esteja à altura. Definitivamente.
Talvez seja melhor pensar em mudar de ares
Há tempos discordei do LR quando este defendeu o iberismo. Agora começo a pensar que se exigem algumas medidas radicais em relação ao ar nauseabundo que por cá se respira. O F.C.Porto é uma equipa de calibre muitíssimo superior a qualquer outra do campeonato português. Chega, até, a ser gritante e constrangedor verificar as diferenças de nível futebolístico face aos que se costumam alcandorar à posição de seus adversários próximos. Pessoalmente encaro o campeonato interno como um simples treino para os jogos da Liga dos Campeões. Maus treinos, com mau futebol e desajustadas batalhas campais, em que o F.C.Porto ganha vícios e perde classe para os jogos que verdadeiramente interessam.
Depois surgem as jogadas de secretaria (controladas pelo Boavista e pelo Benfica) a tentarem conseguir pelo Conselho de Disciplina o que não são capazes nos relvados. Se esta obscenidade de castigar o Deco se vier a confirmar, então é demais. É insuportável a perfídia de quem julga que tudo pode conseguir apesar de ter equipas de 3ª categoria.
Como hoje me disse um amigo, é tempo de se começarem a estudar as possibilidades jurídicas do F.C.Porto vir a jogar no campeonato espanhol e, assim, deixar felizes os néscios que julgam que o futebol português fica melhor servido se for discutido nos estritos limites paroquiais e mentais da 2ª circular.
Depois surgem as jogadas de secretaria (controladas pelo Boavista e pelo Benfica) a tentarem conseguir pelo Conselho de Disciplina o que não são capazes nos relvados. Se esta obscenidade de castigar o Deco se vier a confirmar, então é demais. É insuportável a perfídia de quem julga que tudo pode conseguir apesar de ter equipas de 3ª categoria.
Como hoje me disse um amigo, é tempo de se começarem a estudar as possibilidades jurídicas do F.C.Porto vir a jogar no campeonato espanhol e, assim, deixar felizes os néscios que julgam que o futebol português fica melhor servido se for discutido nos estritos limites paroquiais e mentais da 2ª circular.
Resposta ao Terras do Nunca (3)
Tentando não perturbar o seu higiénico voto de silêncio, continuo nesta irritação pelo Presidente que temos. Lembrei-me de um texto meu publicado no Semanário em 7.12.2001, a propósito da sintomática atitude de Sampaio aquando da visita do Dalai-Lama. O sentimento que agora tenho é similar ao de então:
«Entretanto, Jorge Sampaio, o inócuo titular da mais inútil magistratura de Portugal, quis dar um ar de sua graça quando, tarde e a más horas, resolve encontrar-se com o ilustre visitante tibetano. Onde? No Palácio de Belém? No hall de um hotel da capital, imitando os deputados da nação? Não – pasme-se – no Museu Nacional de Arte Antiga! Mas não nos precipitemos a condenar o gesto. De facto, há uma certa coerência lógica nesta atitude. Afinal o que é a Presidência da República em Portugal? Sem dúvida alguma, uma antiga arte caída em desuso por falta de dimensão do seu protagonista. Ou seja, um assunto de Museu! Jorge Sampaio terá encontrado, enfim, o sentido autêntico da sua presidência, a verdadeira sede do seu poder: o Museu Nacional de Arte Antiga.
Proponho, desde já, que para tão distinta morada seja mudada a sua residência oficial, aí seja disposto imediatamente o seu gabinete e, também nesse lugar, tenham lugar as recepções oficiais. E, por último, que se faça figurar naquelas vetustas paredes o seu retrato oficial junto dos seus antecessores – por razões óbvias, seria bom que o do actual Presidente da República fosse colocado entre os dos seus émulos, o Marechal Carmona e o Almirante Américo Tomás.»
«Entretanto, Jorge Sampaio, o inócuo titular da mais inútil magistratura de Portugal, quis dar um ar de sua graça quando, tarde e a más horas, resolve encontrar-se com o ilustre visitante tibetano. Onde? No Palácio de Belém? No hall de um hotel da capital, imitando os deputados da nação? Não – pasme-se – no Museu Nacional de Arte Antiga! Mas não nos precipitemos a condenar o gesto. De facto, há uma certa coerência lógica nesta atitude. Afinal o que é a Presidência da República em Portugal? Sem dúvida alguma, uma antiga arte caída em desuso por falta de dimensão do seu protagonista. Ou seja, um assunto de Museu! Jorge Sampaio terá encontrado, enfim, o sentido autêntico da sua presidência, a verdadeira sede do seu poder: o Museu Nacional de Arte Antiga.
Proponho, desde já, que para tão distinta morada seja mudada a sua residência oficial, aí seja disposto imediatamente o seu gabinete e, também nesse lugar, tenham lugar as recepções oficiais. E, por último, que se faça figurar naquelas vetustas paredes o seu retrato oficial junto dos seus antecessores – por razões óbvias, seria bom que o do actual Presidente da República fosse colocado entre os dos seus émulos, o Marechal Carmona e o Almirante Américo Tomás.»
2003/10/28
Resposta ao Terras do Nunca (2)
O excesso de protagonismo de Mário Soares não justifica o apagamento acinzentado de Jorge Sampaio. Como já antes escrevi, Mário Soares para o bem e para o mal marcou o seu mandato graças ao carisma e à inteligência que possui; Jorge Sampaio não marcou coisa nenhuma exactamente pelas mesmas razões.
Chantagem emocional desavergonhada
São Bastonário da Carta Aberta
O ultimato
Catalina Pestana cometeu um acto intolerável. Sobretudo pelas funções públicas que ocupa. Num momento particularmente angustiante da Justiça portuguesa, acabou de fazer um ultimato cujos termos, como essa senhora sabe muito bem, ninguém poderá cumprir.
Entrou na casa dos portugueses em directo, à hora de abertura dos telejornais (?), tal como tinha feito há uma semana atrás o Presidente da República. Fez um julgamento sumário aos arguidos com sentença imediatamente transitada em julgado. Apelou primariamente à emoção, ameaçou e condenou. Sempre a dar mostras de poder rebentar em pranto a qualquer momento, ajudou a confundir ainda mais a situação e a fazer resvalar o processo para áreas bastante perigosas. O seu discurso é extraído do mais baixo populismo. Catalina, arvorando-se em referência moral da acusação («falo porque as crianças me pediram») remeteu, despudoradamente, toda a responsabilidade pelo que lhes aconteceu para a figura genérica e demasiado abrangente do “Estado”. Dir-se-ia que Catalina Pestana chegou à Casa Pia há menos de um ano...
Entrou na casa dos portugueses em directo, à hora de abertura dos telejornais (?), tal como tinha feito há uma semana atrás o Presidente da República. Fez um julgamento sumário aos arguidos com sentença imediatamente transitada em julgado. Apelou primariamente à emoção, ameaçou e condenou. Sempre a dar mostras de poder rebentar em pranto a qualquer momento, ajudou a confundir ainda mais a situação e a fazer resvalar o processo para áreas bastante perigosas. O seu discurso é extraído do mais baixo populismo. Catalina, arvorando-se em referência moral da acusação («falo porque as crianças me pediram») remeteu, despudoradamente, toda a responsabilidade pelo que lhes aconteceu para a figura genérica e demasiado abrangente do “Estado”. Dir-se-ia que Catalina Pestana chegou à Casa Pia há menos de um ano...
Não gostei nada, mas não vale a pena! (resposta ao Terras do Nunca)
O Terras do Nunca estranha que o Bloguítica e o Mata-Mouros não tenham comentado a entrevista do Presidente da República. Entretanto, o Bloguítica já o fez ponderada e equilibradamente como é seu timbre.
No Mata-Mouros, pelo menos eu não o fiz porque achei que não valia a pena. Jorge Sampaio é um peso morto por mais moribundo que esteja o sistema político português. Não conta para nada. A sua falta de carisma e de dimensão, política ou outra, é aterradora. Tudo o que diz e faz é vácuo e incolor. Mas, mesmo assim, diz pouco e faz ainda menos. É perito no manuseio da Lei da Inércia, tão apreciada entre nós. Por isso foi reeleito com aquela vantagem. Os portugueses premeiam quem não marca o espaço que frequenta, quem é gestor de coisa nenhuma. Julgam ver num inerte um "tipo porreiro". O drama dá-se quando a crise se torna mais grave. Só assim se explica que o Professor Marcelo, lídimo defensor das coisas como elas estão, tenha dado nota 20 à vegetativa entrevista de ontem.
Jorge Sampaio é um Chamberlain, para pior, que não aguenta uma aragem mais forte. Mas o sistema está ligado a ele. Se este Presidente se desmoronar, o sistema tremerá. Não pela pessoa, mas pela dignidade do cargo que ocupa. Por isso, quem quer que as coisas se mantenham na actual putrefacção, vê-se obrigado a defender Jorge Sampaio. Como ontem se viu.
No Mata-Mouros, pelo menos eu não o fiz porque achei que não valia a pena. Jorge Sampaio é um peso morto por mais moribundo que esteja o sistema político português. Não conta para nada. A sua falta de carisma e de dimensão, política ou outra, é aterradora. Tudo o que diz e faz é vácuo e incolor. Mas, mesmo assim, diz pouco e faz ainda menos. É perito no manuseio da Lei da Inércia, tão apreciada entre nós. Por isso foi reeleito com aquela vantagem. Os portugueses premeiam quem não marca o espaço que frequenta, quem é gestor de coisa nenhuma. Julgam ver num inerte um "tipo porreiro". O drama dá-se quando a crise se torna mais grave. Só assim se explica que o Professor Marcelo, lídimo defensor das coisas como elas estão, tenha dado nota 20 à vegetativa entrevista de ontem.
Jorge Sampaio é um Chamberlain, para pior, que não aguenta uma aragem mais forte. Mas o sistema está ligado a ele. Se este Presidente se desmoronar, o sistema tremerá. Não pela pessoa, mas pela dignidade do cargo que ocupa. Por isso, quem quer que as coisas se mantenham na actual putrefacção, vê-se obrigado a defender Jorge Sampaio. Como ontem se viu.
Está tudo normal em Portugal
A Ministra da Justiça emitiu uma opinião sobre o que se está a passar. Ainda bem, já que começava a pensar que a sua rigidíssima interpretação do princípio da separação dos poderes conduziria a sua acção governativa à inauguração de novos Tribunais e a casuais visitas a prisões. Mas não, a Senhora Ministra existe para algo mais. Hoje afirmou que «O sistema judicial está a funcionar».
Muito bem! Isto, afinal, funciona. Vai funcionando. Não há motivos para inquietações e temos andado todos equivocados e iludidos nos últimos meses - e hoje mesmo, com a "amnésia" do Bibi.
Depois da argúcia e da energia que tem vindo a ser patenteada pelo Presidente da República, da demonstração de compreensão profunda acerca das regras do sistema jurídico português por parte do PGR - muito bem equacionada pelo Catalaxia -, a palavra reconfortante e segura da responsável pela Justiça também é uma ajuda inestimável para pôr as coisas no seu devido lugar. Viva a serenidade!
Muito bem! Isto, afinal, funciona. Vai funcionando. Não há motivos para inquietações e temos andado todos equivocados e iludidos nos últimos meses - e hoje mesmo, com a "amnésia" do Bibi.
Depois da argúcia e da energia que tem vindo a ser patenteada pelo Presidente da República, da demonstração de compreensão profunda acerca das regras do sistema jurídico português por parte do PGR - muito bem equacionada pelo Catalaxia -, a palavra reconfortante e segura da responsável pela Justiça também é uma ajuda inestimável para pôr as coisas no seu devido lugar. Viva a serenidade!
E SE...
Vejam este interessante cenário no Cidadão Livre.
Vital Moreira no Público
Explica o que são as novas áreas metropolitanas e comunidades intermunicipais.
2003/10/27
Por isso é que nós lhes chamamos Infiéis
O P. Gorjão mudou de casa,
ou melhor, fechou a casa de férias e a residência oficial (ou seria o contrário?) e passou a estar aqui com toda a sua biblioteca.
República das bananas (IV)
A vaia é o tema político do momento e hoje teve honras de Fórum TSF onde, como é habitual, se mistura bom senso com enormes barbaridades. Ficou a mensagem subliminar: há que seguir a multidão “clarividente”!...
Mesmo a blogosfera não ficou imune à histeria parola que se gerou com a inauguração do estádio. Nos dias anteriores, andava meio mundo excitadíssimo com a perspectiva da inauguração. Para além deste nosso profeta, do “lagarto” de Tavira e destes “lampiões se(l)ticos”, poucos conseguem analisar o fenómeno da bola numa perspectiva não tribalística. Este até publicou quase uma enciclopédia relatando as glórias do passado, arrematada “em beleza” com a única glória do presente, inúmeras fotos do “mamarracho” pago por todos nós.
Que diabo, meus Amigos, trata-se apenas de futebol, actividade menor que neste País gera essencialmente pobreza (de espírito e não só...)
Mesmo a blogosfera não ficou imune à histeria parola que se gerou com a inauguração do estádio. Nos dias anteriores, andava meio mundo excitadíssimo com a perspectiva da inauguração. Para além deste nosso profeta, do “lagarto” de Tavira e destes “lampiões se(l)ticos”, poucos conseguem analisar o fenómeno da bola numa perspectiva não tribalística. Este até publicou quase uma enciclopédia relatando as glórias do passado, arrematada “em beleza” com a única glória do presente, inúmeras fotos do “mamarracho” pago por todos nós.
Que diabo, meus Amigos, trata-se apenas de futebol, actividade menor que neste País gera essencialmente pobreza (de espírito e não só...)
A frase do dia (de ontem...) é
da Charlotte:
"o Professor não precisa de ter um blogue; o Professor Rebelo de Sousa é todo ele um blogue; um voiceblog" (um voiceblog em itálico no original).
"o Professor não precisa de ter um blogue; o Professor Rebelo de Sousa é todo ele um blogue; um voiceblog" (um voiceblog em itálico no original).
Constituição Europeia
O Euro-deputado Luís Marinho discorre hoje no Diário Económicosobre os "intelectuais que com tanto afã desfazem na futura Constituição Europeia".
O texto é um interessantíssimo exemplo da demagogia que se avizinha na discussão:
"A campanha que os conservadores nacionais fazem hoje contra a Europa, tem os mesmos pressupostos da que a ditadura fez contra a democracia. Partem ambas da ideia de que o povo simples é estúpido e haverá sempre aqueles que têm por nobre missão indicar-lhes o caminho."
Não sou conservador (nem "intlectual") nem me cabe defendê-los. Parece-me, porém, que quem se "propõe indicar o caminho ao povo estúpido" são aqueles que defendem que o Projecto tem de ser aprovado a todo o custo, presumindo que para o dito povo "a Europa não é um drama nem uma contrição" e que o "povo" não mede "todos os dias a altura da soberania [nem vai] à balança pesar a influência que [os portugueses] têm no quadro europeu."
Acrescenta o parlamentar europeu:
"não é preciso nenhuma tese académica para perceber que, fora da Europa, Portugal não tem destino. É esse o risco que nos faz incorrer quem, invocando o interesse e a identidade nacional, acaba por facilitar o deslize para a saída de Portugal da União. O que, obviamente, não tem nada de patriótico nem de respeitável.".
Luís Marinho sabe que não defender o Tratado Constitucional não é o mesmo que defender a saída de Portugal da União. Tal como sabe que a não ratificação do Tratado, por um ou mais estados, não implicará a saída de nenhum deles nem será "o fim da Europa".
Mas Luís Marinho vai mais longe e afirma (o que de facto não percebo):
"A Constituição condiciona a eleição do Presidente da Comissão ao sufrágio directo dos cidadãos." Onde? Como?
"Finalmente [recusada a constituição], a Europa deixará de falar a uma só voz. A esperança de uma influência europeia que regule a globalização num mundo multipolar ficará pelo caminho."
Quando é que a Europa falou a uma só voz? Já agora, seria preferível essa "uma só voz", determinada por uma minoria de Estados?
Entre uma Europa a várias vozes, quando tal se justifique, e uma Europa "a uma só voz", em que essa "voz" seja a "voz" de Chirac/Schroeder, prefiro claramente a primeira hipótese...
O texto é um interessantíssimo exemplo da demagogia que se avizinha na discussão:
"A campanha que os conservadores nacionais fazem hoje contra a Europa, tem os mesmos pressupostos da que a ditadura fez contra a democracia. Partem ambas da ideia de que o povo simples é estúpido e haverá sempre aqueles que têm por nobre missão indicar-lhes o caminho."
Não sou conservador (nem "intlectual") nem me cabe defendê-los. Parece-me, porém, que quem se "propõe indicar o caminho ao povo estúpido" são aqueles que defendem que o Projecto tem de ser aprovado a todo o custo, presumindo que para o dito povo "a Europa não é um drama nem uma contrição" e que o "povo" não mede "todos os dias a altura da soberania [nem vai] à balança pesar a influência que [os portugueses] têm no quadro europeu."
Acrescenta o parlamentar europeu:
"não é preciso nenhuma tese académica para perceber que, fora da Europa, Portugal não tem destino. É esse o risco que nos faz incorrer quem, invocando o interesse e a identidade nacional, acaba por facilitar o deslize para a saída de Portugal da União. O que, obviamente, não tem nada de patriótico nem de respeitável.".
Luís Marinho sabe que não defender o Tratado Constitucional não é o mesmo que defender a saída de Portugal da União. Tal como sabe que a não ratificação do Tratado, por um ou mais estados, não implicará a saída de nenhum deles nem será "o fim da Europa".
Mas Luís Marinho vai mais longe e afirma (o que de facto não percebo):
"A Constituição condiciona a eleição do Presidente da Comissão ao sufrágio directo dos cidadãos." Onde? Como?
"Finalmente [recusada a constituição], a Europa deixará de falar a uma só voz. A esperança de uma influência europeia que regule a globalização num mundo multipolar ficará pelo caminho."
Quando é que a Europa falou a uma só voz? Já agora, seria preferível essa "uma só voz", determinada por uma minoria de Estados?
Entre uma Europa a várias vozes, quando tal se justifique, e uma Europa "a uma só voz", em que essa "voz" seja a "voz" de Chirac/Schroeder, prefiro claramente a primeira hipótese...
República das bananas (III)
JPP será dos poucos neste País que, parafraseando-o, “não faz parte da tribo dos futebóis”. E soube ontem desmistificar a importância política da vaia, reduzindo-a àquilo que ela é: o resultado de emoções primárias que, numa envolvente de misticismo religioso ou de fanatismo, se geram fàcilmente em multidões. “Guterres caiu por causa da vaia do ténis; Durão cairá após a vaia da Luz”, já se diz ou se insinua por aí, de forma perfeitamente asinina.
Marcelo faz o contraponto populista a JPP. Para ele, é sempre mau um político receber vaias. E, pasme-se, Marcelo estranha (em jeito crítico?) que nenhum dirigente do PS estivesse presente na festa do Benfica. Estavam a lamber as feridas, que diabo, senão alguém duvida que estariam lá todos?
Mas Marcelo tem um grande “respeitinho” ao futebol e tê-lo-á ganho com Valentim Loureiro quando foi presidente do PSD. O homem ficava perfeitamente embasbacado quando o major “arrebanhava” mais de 5.000 pessoas para uma simples almoçarada. Agora é vê-lo a fazer a “abrangência”, como ontem aconteceu: foi com os filhos ao Estádio de Alvalade, onde eles se fariam sócios; loas ao F. C. Porto, que é de facto a melhor equipe, como se viu em Marselha; mas o Benfica é indiscutivelmente o maior, o de “maior audiência”, como se viu no sábado; e ele, sócio do Braga, está perfeitamente à vontade a falar dos três.
Isto é já campanha para as presidenciais e o homem acha que é fundamental falar “futebolês”. Entre Marcelo e Santana, venha o diabo e escolha. A rejeitá-los liminarmente!
Marcelo faz o contraponto populista a JPP. Para ele, é sempre mau um político receber vaias. E, pasme-se, Marcelo estranha (em jeito crítico?) que nenhum dirigente do PS estivesse presente na festa do Benfica. Estavam a lamber as feridas, que diabo, senão alguém duvida que estariam lá todos?
Mas Marcelo tem um grande “respeitinho” ao futebol e tê-lo-á ganho com Valentim Loureiro quando foi presidente do PSD. O homem ficava perfeitamente embasbacado quando o major “arrebanhava” mais de 5.000 pessoas para uma simples almoçarada. Agora é vê-lo a fazer a “abrangência”, como ontem aconteceu: foi com os filhos ao Estádio de Alvalade, onde eles se fariam sócios; loas ao F. C. Porto, que é de facto a melhor equipe, como se viu em Marselha; mas o Benfica é indiscutivelmente o maior, o de “maior audiência”, como se viu no sábado; e ele, sócio do Braga, está perfeitamente à vontade a falar dos três.
Isto é já campanha para as presidenciais e o homem acha que é fundamental falar “futebolês”. Entre Marcelo e Santana, venha o diabo e escolha. A rejeitá-los liminarmente!
República das bananas (II)
O realce maior da comunicação social e mesmo da blogosfera, o grande “facto político”, foi a vaia sofrida por Durão Barroso. “Tesos e mal agradecidos”, é o que se pode dizer da atitude dos “lampiões”! Quer Durão, quer Santana – que também foi vaiado, mas ninguém “ouviu” – deveriam ser objecto do maior aplauso da noite! Vilarinho foi aliás claríssimo no discurso, ao afirmar que o estádio se lhes deve especialmente.
E isto constitui o maior escândalo da “festa”, muito pior que a postura “curvilínea” de toda a tribuna vip. O estádio, tal como todos os outros, ficou em muito mais do dobro face ao orçamentado. Donde veio a diferença? Das receitas dos jogos? Dos contratos com a televisão? Do “merchandising”? É óbvio que veio do bolso do contribuinte, seja por sofisticadas “carpintarias” financeiras com providenciais “marteladas” da Câmara, seja pelo eterno atraso das contribuições, para o que o Benfica tem decididamente um estatuto especial.
Sou forçado a concluir que Vilarinho estava sóbrio no famoso comício de Rio Maior. Houve afinal negociata com o Benfica! Onde estão os que na altura (durante a campanha eleitoral, recorde-se!...) tanto se escandalizaram? Serão os mesmos que agora se divertem com a vaia?
E isto constitui o maior escândalo da “festa”, muito pior que a postura “curvilínea” de toda a tribuna vip. O estádio, tal como todos os outros, ficou em muito mais do dobro face ao orçamentado. Donde veio a diferença? Das receitas dos jogos? Dos contratos com a televisão? Do “merchandising”? É óbvio que veio do bolso do contribuinte, seja por sofisticadas “carpintarias” financeiras com providenciais “marteladas” da Câmara, seja pelo eterno atraso das contribuições, para o que o Benfica tem decididamente um estatuto especial.
Sou forçado a concluir que Vilarinho estava sóbrio no famoso comício de Rio Maior. Houve afinal negociata com o Benfica! Onde estão os que na altura (durante a campanha eleitoral, recorde-se!...) tanto se escandalizaram? Serão os mesmos que agora se divertem com a vaia?
REVISTA DE BLOGUES XIV
Os Melhores da Semana
Melhor Texto: “É Difícil Ser Liberal em Portugal”, no Catalaxia;
Melhor Análise: “O REGRESSO DO PÂNTANO, AS AMEAÇAS DO BLOCO CENTRAL”, no Aviz;
Melhor Pergunta: «Quais foram os verdadeiros termos políticos do acordo entre Nuno Morais Sarmento e Emídio Rangel que permitiu a saída airosa deste último da RTP e que abriu caminho à fulgurante ascensão de Rangel a ponto de este ser hoje a eminência parda do ramo média da PT capaz de pôr em sentido operacionais como Granadeiro e Manuel Teixeira ?», na Grande Loja do Queijo Limiano;
Melhor Debate: entre o Abrupto, o Bloguítica Nacional, o Cidadão Livre e liderado pelo Adufe em “MUDAR O MUNDO - SERVIÇO PÚBLICO DE COMUNICAÇÃO”;
Melhor(es) Imagens: Icosaedro;
Melhor Desespero: empate entre “AINDA O PS: É ASSIM QUE SE CONSTRÓI UMA ALTERNATIVA À DIREITA?”, no Tribuna Socialista e “Carta aberta ao Diário de Notícias”, no Barnabé;
Melhor Frase: «O socialismo seria a doutrina perfeita para qualquer sociedade. Se as sociedades não tivessem pessoas», n’ O Complot;
Melhor Despedida: “Adeus TSF”, no Cidadão Livre;
Melhor Lição: “Retórica & Artifícios”, no Retórica e Persuasão;
Melhor Aviso: , no Silhuetas;
Melhor Conclusão: «Depois de assistir à brilhante intervenção de hoje do Professor Marcelo Rebelo de Sousa fiquei a pensar no seguinte: o Professor não precisa de ter um blogue; o Professor Rebelo de Sousa é todo ele um blogue; um voiceblog. O maior de Portugal e o melhor de todos, a rebentar com qualquer lista de inbound links ou inbound blogs. Um beijo de boas-vindas à vozoblogosfera!», na Bomba Inteligente;
Melhor Posta: “Um bug português” e “Noite branca”, ambas no Homem a Dias;
Melhor Revelação: JOIAS DA COROA e Murmúrios do Silêncio;
Melhor Blogue: empate entre o Desesperada Esperança e o Almocreve das Petas.
Melhor Texto: “É Difícil Ser Liberal em Portugal”, no Catalaxia;
Melhor Análise: “O REGRESSO DO PÂNTANO, AS AMEAÇAS DO BLOCO CENTRAL”, no Aviz;
Melhor Pergunta: «Quais foram os verdadeiros termos políticos do acordo entre Nuno Morais Sarmento e Emídio Rangel que permitiu a saída airosa deste último da RTP e que abriu caminho à fulgurante ascensão de Rangel a ponto de este ser hoje a eminência parda do ramo média da PT capaz de pôr em sentido operacionais como Granadeiro e Manuel Teixeira ?», na Grande Loja do Queijo Limiano;
Melhor Debate: entre o Abrupto, o Bloguítica Nacional, o Cidadão Livre e liderado pelo Adufe em “MUDAR O MUNDO - SERVIÇO PÚBLICO DE COMUNICAÇÃO”;
Melhor(es) Imagens: Icosaedro;
Melhor Desespero: empate entre “AINDA O PS: É ASSIM QUE SE CONSTRÓI UMA ALTERNATIVA À DIREITA?”, no Tribuna Socialista e “Carta aberta ao Diário de Notícias”, no Barnabé;
Melhor Frase: «O socialismo seria a doutrina perfeita para qualquer sociedade. Se as sociedades não tivessem pessoas», n’ O Complot;
Melhor Despedida: “Adeus TSF”, no Cidadão Livre;
Melhor Lição: “Retórica & Artifícios”, no Retórica e Persuasão;
Melhor Aviso: , no Silhuetas;
Melhor Conclusão: «Depois de assistir à brilhante intervenção de hoje do Professor Marcelo Rebelo de Sousa fiquei a pensar no seguinte: o Professor não precisa de ter um blogue; o Professor Rebelo de Sousa é todo ele um blogue; um voiceblog. O maior de Portugal e o melhor de todos, a rebentar com qualquer lista de inbound links ou inbound blogs. Um beijo de boas-vindas à vozoblogosfera!», na Bomba Inteligente;
Melhor Posta: “Um bug português” e “Noite branca”, ambas no Homem a Dias;
Melhor Revelação: JOIAS DA COROA e Murmúrios do Silêncio;
Melhor Blogue: empate entre o Desesperada Esperança e o Almocreve das Petas.
2003/10/26
O teste do balão
Na passada terça-feira, o Bastonário da OA, José Miguel Júdice, defendeu o eventual afastamento de Souto Moura caso não terminassem as constantes fugas de informações de processos em segredo de justiça. No dia seguinte, o ex-Bastonário Pires de Lima defendeu o Procurador-Geral e disse que Júdice se «excedeu».
Hoje, numa entrevista à Pública, Pires de Lima ultrapassa todos os limites da razoabilidade, da coerência e da decência lógica. Sem tom nem som, desfere o mais violento ataque ao Ministério Público de que tenho memória.
Sou um crítico do estado da Justiça em Portugal e não tenho pelo papel do Ministério Público especial devoção. Nem pelo actual Procurador-Geral. Mas os furibundos despropósitos de Pires de Lima não ajudam nada, nem ninguém, excepto, talvez, os visados. Falta ao ex-Bastonário o sentido jurídico contido no princípio da proporcionalidade ou da proibição do excesso.
Ou talvez seja melhor, neste tipo de casos, exigir aos Srs. jormalistas que façam o teste do balão aos entrevistados antes de iniciarem o seu trabalho...
Hoje, numa entrevista à Pública, Pires de Lima ultrapassa todos os limites da razoabilidade, da coerência e da decência lógica. Sem tom nem som, desfere o mais violento ataque ao Ministério Público de que tenho memória.
Sou um crítico do estado da Justiça em Portugal e não tenho pelo papel do Ministério Público especial devoção. Nem pelo actual Procurador-Geral. Mas os furibundos despropósitos de Pires de Lima não ajudam nada, nem ninguém, excepto, talvez, os visados. Falta ao ex-Bastonário o sentido jurídico contido no princípio da proporcionalidade ou da proibição do excesso.
Ou talvez seja melhor, neste tipo de casos, exigir aos Srs. jormalistas que façam o teste do balão aos entrevistados antes de iniciarem o seu trabalho...
Dificuldades e confortos
Não concordo nada com o que diz o Sexo dos Anjos, numa posta dirigida a mim e ao Catalaxia, acerca da menor dificuldade em se ser liberal em Portugal face a outras opções ideológicas. A nossa lógica existencial colectiva é muito mais avessa a parâmetros de liberdade e de responsabilidade do que a outro qualquer. A ideia de se decidir por si e assumir o risco por isso colide com a nossa forma de estar. Preferimos o comodismo de seguir a decisão alheia de um chefe ou do Estado e, alegremente, culpabilizá-los por tudo o que de mal aconteça.
Em Portugal a dificuldade em se ser liberal deriva, em primeiro lugar, do desconhecimento, confusão e desinformação profundas acerca do tema; em segundo lugar, porque a responsabilização individual inerente ao liberalismo está em contradição com a lassidão do nosso porreirismo desculpabilizante; em terceiro lugar, porque Weber, em 1906, sem se referir a Portugal, tinha toda a razão ao diagnosticar o principal problema.
Defender, como parece que o Sexo dos Anjos faz, uma visão autoritária e intervencionista do Estado, ancorada na tradição, é muito mais adequado e confortável por estes lados.
Em Portugal a dificuldade em se ser liberal deriva, em primeiro lugar, do desconhecimento, confusão e desinformação profundas acerca do tema; em segundo lugar, porque a responsabilização individual inerente ao liberalismo está em contradição com a lassidão do nosso porreirismo desculpabilizante; em terceiro lugar, porque Weber, em 1906, sem se referir a Portugal, tinha toda a razão ao diagnosticar o principal problema.
Defender, como parece que o Sexo dos Anjos faz, uma visão autoritária e intervencionista do Estado, ancorada na tradição, é muito mais adequado e confortável por estes lados.
República das bananas (I)
A TVI esteve mais de dez horas a falar ininterruptamente de futebol!!! Por sermos campeões mundiais do dito? Nada disso. Apenas pela inauguração da dita “catedral” do dito “glorioso” de antanho. Dez horas seguidas de emissão por causa da inauguração de um estádio!!! Com toda a pompa, fanfarra e foguetório. Tribuna vip a abarrotar com o regime em peso, cardeal incluído, faltou apenas o papa, todos com ar seráfico e beatífico apropriado, a enquadrar respeitosamente o prelado-mor da “catedral”, um tal Vilarinho.
No discurso deste, agradecimentos e loas a Durão e Santana, por terem tornado a obra possível. As palavras foram escandalosamente claras, mas ninguém se vai preocupar com isso, muito menos com as persistentes dívidas fiscais do Benfica e de outros “grandes”. Mas os “altos dignitários” também ajudaram à missa. Vaiados a princípio, mas com a ajuda do Zé Fialho lá conseguiram dizer a sua parte da oração. Demagogo Santana, mais apressado Durão, quase envergonhado Sampaio.
E não havia necessidade, porque com aquela tribuna a mensagem era claríssima: “gostais de futebol, ralé? Aqui tendes o maior dos dez para continuardes alegremente a embrutecer! Os lorpas que não vêm à bola pagarão, queiram ou não!..."
A 16 de Novembro, a liturgia irá repetir-se no Porto. Se não forem 10 horas de TVI, serão de RTP ou de SIC. Estarão de novo todos na tribuna, desta vez também o “papa”. Não estará nenhum Zé Fialho para moderar a monumental vaia ao ausente mais notado, o único político deste malfadado País que resiste e diz não a esta insanidade: Rui Rio!
No discurso deste, agradecimentos e loas a Durão e Santana, por terem tornado a obra possível. As palavras foram escandalosamente claras, mas ninguém se vai preocupar com isso, muito menos com as persistentes dívidas fiscais do Benfica e de outros “grandes”. Mas os “altos dignitários” também ajudaram à missa. Vaiados a princípio, mas com a ajuda do Zé Fialho lá conseguiram dizer a sua parte da oração. Demagogo Santana, mais apressado Durão, quase envergonhado Sampaio.
E não havia necessidade, porque com aquela tribuna a mensagem era claríssima: “gostais de futebol, ralé? Aqui tendes o maior dos dez para continuardes alegremente a embrutecer! Os lorpas que não vêm à bola pagarão, queiram ou não!..."
A 16 de Novembro, a liturgia irá repetir-se no Porto. Se não forem 10 horas de TVI, serão de RTP ou de SIC. Estarão de novo todos na tribuna, desta vez também o “papa”. Não estará nenhum Zé Fialho para moderar a monumental vaia ao ausente mais notado, o único político deste malfadado País que resiste e diz não a esta insanidade: Rui Rio!
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