2003/08/23

Resposta a Terras do Nunca (2) 

Considero Helena Matos como a autora de alguns dos melhores artigos de jornais deste país. Já foi referenciada, várias vezes, no Mata-Mouros. Ontem, o Terras do Nunca socorreu-se deste editorial do NYT para reforçar as razões que vem aduzindo acerca de Israel. Cita, inclusivamente, um extracto em que se refere que as reacções israelitas à matança de Jerusalém "gave Hamas an excuse to rouse its faithful to more violence".
Sem o saber, hoje, Helena Matos respondeu-lhe à letra em mais um artigo imperdível: "Mais uma vez vai haver quem defenda que se combate ou convive com o terrorismo sobrevivendo de cócoras e calçando sapatinhos de lã no terror de ser apanhado pelo argumento dos terroristas. Mais uma vez também haverá quem ache que os terroristas não podem escrever esse argumento que se chama História".

Conselhos de leitura 


Para o Muro Sem Vergonha, demais Infiéis e todos aqueles que tanto se têm esforçado por culpar os EUA (e Israel) de tudo o que de mal acontece no mundo, o Mata-Mouros, sempre generoso, aconselha vivamente a leitura desta obra (há, certamente, tradução francesa).

Má notícia 

Após 171 post(a)s que fizeram história, um dos melhores deixa a blogosfera: o Guerra e Pas declarou o seu fim. Espero que não definitivo.

2003/08/22

Até que enfim! 

Adianto, desde já, que no próximo Domingo, na Revista dos Blogues, o Melhor Regresso será o do Valete Fratres! (claro). Já estava a desesperar com a ausência.

Resposta a Terras do Nunca 

Apesar do Mata-Mouros não ter sido interpelado pelo Terras do Nunca nas questões que este colocou sobre Israel, não resisto a “meter o bedelho”:
1. Uma guerra pressupõe 2 lados, mas tal não significa que tenham ambos o mesmo sentido do que é fazer a guerra. Uma guerra de guerrilha inclui de um dos lados um exército que combate de uma certa forma e, na maioria das vezes, é obrigado a respeitar hierarquias, equilíbrio de poderes do Estado, oposição e opinião pública; enquanto que, por outra parte, os guerrilheiros atacam em qualquer lado e por qualquer meio sem se deterem perante nada.
2. Ainda que possa correr o risco de “não perceber nada do problema”, sou levado a concordar com as razões de JPP: “não há dirigentes moderados numa organização terrorista, ponto”. Mazen não é dirigente terrorista porque não integra o Hamas ou outra organização similar. Não pode colher a afirmação” organizações como o Hamas gozam de mais simpatia entre os palestinianos do que muitos imaginam (até porque não são apenas organizações terroristas...)”. Independentemente daquilo que o Hamas queira ser ou que alguns julgam nele vislumbrar, o Hamas é uma organização terrorista, ponto! Mata população civil indiscriminadamente, põe bombas em centros comerciais, esplanadas, paragens de autocarros e faz uma permanente apologia da violência. Tudo o mais que se queira ver é subsumido pelo terror e pela matança.
3. Sharon não é culpado de terrorismo nem da violência que se vive naquela área: é o seu mais lídimo resultado! Os israelitas fartaram-se de quem lhes dizia conseguir a paz sem nunca o terem feito. Sharon é o produto de décadas de terrorismo palestiniano e de promessas de paz não cumpridas. Nesses termos, Sharon é consequência da estratégia de Arafat – nomeadamente da recusa deste Senhor da Guerra em fazer a paz em Camp David, com Bill Clinton, em finais de 2000. A grande diferença é que Sharon, por erradas que as suas opções possam ser, é o primeiro-ministro eleito de um Estado democrático, com separação de poderes, oposição livre e que irá deixar, com naturalidade, o seu cargo, um dia, sem ter de esperar pela morte ou por um golpe de palácio.

Os argumentos de Sharon não são comparáveis aos dos terroristas. Não é a mesma coisa matar um dirigente do Hamas com um míssil dirigido ao seu carro e fazer explodir uma bomba num autocarro repleto de inocentes. Não é lícito comparar matanças em esplanadas ou na cantina de uma universidade com a construção de um muro de separação, aliás só explicável pelo terror daqueles crimes. É que perante a violência insana e o ódio imenso, torna-se demasiado difícil argumentar razões e argumentos “para nos entendermos”. A não ser para quem está de fora.
O “roadmap” é o mais próximo que se está da paz desde 2000. Curiosamente, Sharon e Mazen estão aí do mesmo lado. Contra os terroristas e os Senhores da Guerra que sabem que se houver paz eles desaparecem.

Compraspontogovpontopt 

As viagens do Presidente da República vão passar a ser adquiridas pela Internet, tal como a aquisição de muitos outros produtos e serviços pelo Estado.

"Mesmo as compras avulso terão que ser feitas através da central de compras para que fiquem registadas.".
Sempre que houver uma manifestação diante de um qualquer Ministério, vamos poder ouvir a seguinte resposta: "O sr./sra Ministro/a não vos pode receber porque não há papel para fazer a acta da reunião e o servidor da Unidade Central de Compras está em insdisponível, para upgade. Voltem amanhã".

Agora a sério, o Governo não sabe ainda quanto vai poupar, mas os outros objectivos ("aumentar a transparência das compras (ou seja diminuir as fatias destinadas aos intermediários) e alargar o acesso de empresas pequenas ao mercado das aquisições do Estado") parecem-me louváveis.


Cortesia de Filibuster

Uma coisa não implica a outra 

António Vilarigues, no Público, analisou a questão da recente lei aprovada em Israel sobre os casamentos “mistos”. Já antes – aqui e aqui – tinha testemunhado a minha opinião acerca dessa lei. Das muitas dúvidas que ela me suscita como jurista.
Mas seria de uma cegueira obstinada não reconhecer que aquilo nos pode parecer absurdo numa situação de normalidade, em que a tranquilidade e as vulgares expectativas das pessoas estão asseguradas, paradoxalmente talvez possa ter alguma explicação quando a factualidade social vive a excepcionalidade no seu quotidiano. O perigo iminente e constante tem consequências perversas na percepção colectiva das coisas. O medo gera reflexos colectivos de defesa, geralmente drásticos e limitadores, que não têm qualquer sentido quando esse medo não está presente.
Não gosto, não defendo e não desejo uma lei como esta. Mas compreendo que quem vive debaixo do terror, quem ouve e sente as matanças acéfalas dos terroristas, tenha uma visão do problema diferente da minha.
O que não posso aceitar é que se aproveite o caso desta lei como um modo de catalogar o Estado de Israel. Sobretudo, num aproveitamento repugnante, nesta tentativa, oportunistamente imoral, de contrariar o sentimento generalizado de horror que os últimos atentados produziram. À míngua de melhores razões para continuarem a defender os que só sabem matar, usa-se esta infeliz lei como um argumento redundante, do género”Estão a ver? Fazem leis assim e depois não querem atentados!”

É aqui, e não só, que me separo de Vilarigues. Esta lei não é Israel - há muito mais Israel para além daí, diferente e melhor. Esta lei - creio-o sinceramente - é uma excepção, um desvio em tempo de guerra. O resto do artigo limita-se a um jorro de ódio por aquilo que ele julga ser Israel.
Ainda que preferisse que algumas coisas não fossem como estão a ser, não é isso que me faz perder a confiança na grande esperança que é Israel: um Estado isoladamente livre e democrático no Médio Oriente.

2003/08/21

Estilos 

Irresistível a comparação destes dois textos: eis um e o outro (a ordem não é arbitrária).

Quando haverá interlocutores para fazer a Paz? 


Portugal no seu melhor! 

A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP/PSP) manifestou-se hoje contra o envio de elementos do Grupo de Operações Especiais (GOE) da PSP para o Iraque, para garantir a segurança da embaixada portuguesa em Bagdad e do Corpo Diplomático.
Entretanto, a Associação de Profissionais da GNR manifestou grandes preocupações pela situação que o destacamento desses militares irá encontrar quando, em Setembro, chegarem ao Iraque. À Sic-Notícias um dirigente dessa Associação referiu, sobretudo, o problema financeiro e a correlativa necessidade de aumentar o já existente subsídio de risco para os envolvidos.

Há dias alguns blogues mostraram o seu desgosto por poucos terem dado nota do aniversário da batalha de Aljubarrota. Na altura, respondi que se calhar era melhor não nos lembrarmos tanto das glórias passadas para não termos desgostos maiores no presente. Foi o que senti quando li estas notícias.

O melhor é mesmo essa rapaziada ficar por cá. Aquilo no Iraque anda agitado e os GOE nem sequer querem guardar a nossa embaixada. Vão acabar por fazer figuras tristes e envergonhar-nos a todos – principalmente ao Governo que quer “botar figura” neste particular. O ambiente não está nada talhado para a tarefa que as nossas polícias, quotidianamente, demonstram uma vocação exemplar: passar multas de estacionamento!

É por isto que a blogosfera existe (3) 

Atentem, por favor, na posta do Homem a Dias, "A areia de David".

2003/08/20

É por isto que a blogosfera existe (2) 

Apesar deste realce ser desnecessário, a posta de hoje de JPP "Bagdad / Jerusalém 2" é absolutamente imperdível.

Banalização do terror 

"Era de esperar", "mas o que é que “eles” queriam?", "era só na Palestina e em Israel, agora alastrou para o Iraque", “aquilo é um barril de pólvora, só acaba quando se matarem todos”. Frases deste género, é o que mais tenho ouvido hoje da boca do cidadão comum, jovens, velhos, de meia idade, não sei se muito ou pouco politizados, mas sempre com o indiferente encolher de ombros perante tragédias como a ocorrida ontem.
Será porventura natural esta indiferença do cidadão comum quando estas catástrofes acontecem longe e fora de portas. Não é porém natural que a mesma indiferença (ou quase) se verifique ao nível dos dirigentes políticos europeus cuja reacção se limita aos habituais lugares comuns das “condenações veementes” e dos “votos de pesar”. A Europa é cada vez mais um anão político e, aparentemente, conforma-se com esse estatuto. Estatuto que resulta de total incompreensão ou indiferença do que se passa à sua volta – como afirma JPP, a questão do Iraque é mundial e não local; da acomodação egoísta ao bem estar do pós guerra; da sua incapacidade gritante ou mesmo falta de vontade em se saber defender.
E se um dia o terrorismo em grande escala nos escolher como alvo? Aceitará o cidadão comum a mesma atitude de indiferença e de “compreensão”? E reagirá o “amigo americano” com a mesma solidariedade e apoio de outrora?

Alergias europeias 

Um Tribunal alemão reconheceu uma nova doença (a um "paciente" alemão): "alergia à Alemanha". A "alergia" valeu ao "doente" o direito a residir na Florida à custa da Segurança Social alemã.

Uma TSF assim, não! 

Anda por aí um debate acerca do futuro da TSF. Tem-me interessado. Porque sou um ouvinte compulsivo dessa estação. Tenho invariavelmente a TSF sintonizada no despertador, no rádio da casa de banho, no carro. É a minha “home page” na Internet. Começo o dia a ouvir a TSF, é o meu primeiro contacto com o mundo. Às vezes vejo-me na obrigação de vociferar com a minha mulher que, impiedosamente, me mudou a estação declarando-se “farta de ouvir anúncios”. Ouço as notícias e as suas reiteradas repetições; é lá que vou ouvindo os relatos de futebol; quando posso escuto o “Fórum”, o “Dicionário da Rádio”, o “Pessoal e Transmissível”, o “Grande Júri”; consigo, até, aturar aquela conversa mole (como dizem os brasileiros) do psiquiatra com o Carlos Magno naquele programa que, modestamente, ostenta o nome de “Freud e Maquiavel”. Mesmo porque, a essa hora, já espero ansiosamente o “Flashback”, o ponto alto da semana da rádio (apesar da previsibilidade banal de Lobo Xavier).
Claro que a TSF é de esquerda. Muito. Tanto que até acho graça. A sua opção esquerdista é sem maldade (nalguns casos), impensada, é mesmo natural, tipo “bom selvagem” que o é sem o saber e quase sem ter feito por isso. Aquela geração da TSF é um pouco assim. Como se diz em direito, ”nem sequer têm a consciência da ilicitude”. Nos debates, especialmente no Fórum, entusiasmam-se com aquelas verdades “absolutas” de um 68 requentado, de um PREC mal percebido, de uma lógica feita de reflexão precipitada e assente em razões de pés de barro. Mas gosto da TSF. Até porque são os únicos no seu mercado relevante.
Ultimamente estão excessivamente tendenciosos. Não tanto quanto à política nacional. Mas não disfarçam as suas crenças na globalização, quando põem o Fórum Social nos píncaros e, sobretudo, no tom panfletário-catastrofista que foi o seu parâmetro desde o início da crise do Iraque.
Mas, ouvinte fiel, tudo lhes tenho perdoado. Logo, quando li acerca das alterações na direcção da TSF e vi o nome Rangel envolvido, temi o pior.

Mas estava enganado. O pior foi o que ouvi nessa rádio ao fim da tarde de hoje. Diante da tragédia de Bagdad e da matança de Jerusalém, a TSF não encontrou nada de melhor do que propiciar um desfile sinistro de raivosos e de gente tão obcecada com o seu anti-americanismo e – também, alguns deles – com o seu anti-semitismo, como Louçã, Ana Gomes, Mário Soares, José Goulão e outros senhores da verdade-que-querem-compreender-as-causas-do-terrorismo-que-aliás-já-se-esperava.
Fiquei a um passo de romper com a “minha” rádio. Se o Rangel vier para pôr alguma água nesta infame fervura, seja bem-vindo. Se não, espero que alguém tenho o bom senso de aproveitar este enorme mercado radiofónico e faça uma Sic-Notícias nas ondas hertzianas. Para melhor.

É por isto que a blogosfera existe 

Sem licença do autor, reproduzo parte daquilo por que vale a pena existirem blogues:
"Os que se riem a cada atentado, os covardes de todas as tendências e relativismos e idiotas úteis em quase todas as circunstâncias, chorarão em público — mas, intimamente, sorrirão e terão os sarcasmos do costume. Sorriram a propósito da devastação que os «heróis fedayin» lançam nos poços de petróleo e nos oleodutos; sorriram a propósito de cada soldado americano morto; tal como sorriem a cada vítima dos seus heróis armados e preparados para morrer e matar."

A matança de Jerusalém 

20 mortos e cerca de 100 feridos. Que Deus me perdoe, mas quando ouço os comentários compreensivos e justificativos a propósito destes assassinatos quase que desejo que algum desses iluminados tivesse tomado o autocarro, naquele fim de tarde à saída do Muro das Lamentações.

2003/08/19

Bagdad e Jerusalém: as vítimas, os assassinos e os idiotas úteis 

Ainda não tinha recuperado das notícias acerca do cobarde atentado em Bagdad e já o terrorismo fazia mais vítimas: uma explosão num autocarro, em Jerusalém, matou 5 pessoas (para já) e feriu cerca de 40. São as mesmas causas, o mesmo desprezo pela vida humana.
Depois, cometi o erro de ligar a rádio e ouvi umas extraordinárias conclusões do Sr. Goulão, uma vez mais, excessivamente infelizes e extemporâneas! A incessante tarefa de desculpabilização do terrorismo e o esforço enviesado de tentar racionalizar o irracional, encontraram nesse senhor o mais acérrimo protagonista. Lamentável.

Atentado em Bagdad 

Update II

Sérgio Vieira de Mello morreu.

Atentado em Bagdad (opinião) 

Faço minhas as palavras de Bruno Alves na posta "A Necessidade de Persistir", no Desesperada Esperança.

Atentado em Bagdad 

(Update)

"Dois portugueses ficaram feridos sem gravidade no atentado desta terça-feira, com uma viatura armadilhada, contra o hotel Canal, a sede da ONU em Bagdad.

Os portugueses feridos são Ramiro Lopes da Silva, coordenador das acções humanitárias das Nações Unidas no Iraque, e Carlos Veloso, que trabalha para o Programa Alimentar Mundial na capital iraquiana." (aqui)

Não é certo que Sérgio Vieira de Mello esteja vivo. (aqui)

Atentado em Bagdad faz pelo menos 17 mortos 

Ao que parece, Vieira de Mello está vivo mas seria o alvo do ataque. Não há certezas quanto ao número de mortos e feridos, mas alguns ainda estarão presos nos escombros.
O atentado de hoje em Bagdad prova a necessidade de estabelecer uma estratégia de segurança muitíssimo mais rígida por parte da coligação. Para além disto, importa saber quais as atitudes que a ONU irá tomar de ora em diante, no Iraque e em toda a região.

DAHRENDORF e os Juízes 

Ralf Dahrendorf defende hoje no Público a redução dos poderes dos juízes, num texto que, sem se referir ao caso português, está pleno de actualidade e interesse para a discussão em curso no nosso país (concorde-se ou não com as opiniões do autor).

Bom regresso 

O Azimutes voltou. Depois de uma ausência que nos chegou a assustar, há já alguns dias regressaram os textos com a qualidade que só a Inês sabe imprimir.

Uma "provocação" que tem de ser feita 

No Domingo, o The Observer, publicou um suposto documento oficial do Vaticano que, alegadamente, comprovaria que as manobras de encobrimento por parte da Igreja Católica americana e do Reino Unido face às denúncias de abusos sexuais e pedofilia perpetrados por padres, não teriam sido apenas uma reacção instintiva e desastrada por parte da hierarquia eclesiástica, apanhada de surpresa – como até aqui se pensava -, mas o rigoroso cumprimento de instruções precisas transmitidas por via oficial há mais de 40 anos (1962), durante o pontificado do Papa João XXIII. O documento está escrito em latim, tem 69 páginas e intitula-se “Crimine solicitationies”. (disponível a versão em inglês)
Caso seja verdadeiro, a Igreja Católica teria seguido uma prática oficial e reiterada de secretismo perante casos de alegado abuso sexual envolvendo padres, bem como o uso de repressão com ameaças de excomunhão para os fiéis que divulgassem essas situações.
Mais horrível ainda, o documento insta a vítima para que faça um “voto de segredo” no preciso momento em que a queixa for feita perante as autoridades eclesiásticas. Inclusivamente, no caso de se tratar do “crime mais horrível”, “the worst crime" – definido como "any obscene external deed, gravely sinful", carried out by a cleric "with a person of his own sex" – que poderia abarcar actos sexuais com menores ou situações de “bestialidade”.
De acordo com a imprensa inglesa, o documento foi considerado genuíno pela Igreja Católica de Inglaterra e de Gales embora tenham negado a alegada política de secretismo e refutado veementemente as acusações de “encobrimento organizado” que lhes estão a ser feitas no Reino Unido e nos Tribunais dos EUA.
Segundo o porta-voz da Igreja Católica inglesa, o documento está a ser interpretado “fora do contexto” e de um modo “distorcido”. Diz esse porta-voz: “This document is about the Church's internal disciplinary procedures should a priest be accused of using confession to solicit sex. It does not forbid victims to report civil crimes. The confidentiality talked about is aimed to protect the accused as applies in court procedures today. It also takes into consideration the special nature of the secrecy involved in the act of confession.' He also said that in 1983 the Catholic Church in England and Wales introduced its own code dealing with sexual abuse, which would have superseded the 1962 instructions.

Se este documento for verídico, toda a problemática da alegada pedofilia de padres da Igreja americana e do Reino Unido ganha novos e terríveis contornos. E a discussão terá de ser feita. Espero que a blogosfera não a iluda. Mas, se este documento for mesmo verídico, a questão não pode parar aí. Porque estas teriam sido instruções para TODA a Igreja Católica, i. é enviadas para todo o mundo. Com certeza, também para Portugal.
Praticamente não existem casos comprovados de situações análogas no nosso país. De memória, apenas relembro o caso do “padre Frederico” cuja defesa assentava na confissão de práticas sexuais com menores. O que não impediu o Bispo do Funchal de comparar a sua condenação ao “martírio de Jesus Cristo”. Um pouco para além de quaisquer instruções, certamente...

2003/08/18

PS volta à escola 

Aproveitando as férias escolares e laborais, autarcas, deputados e ex-ministros do PS preparam-se para aprender com o dr. Mário Soares e outros "quadros" do partido o que é (e como se faz) «governação progressista».

Apesar de não ser "quadro" do PS, muito gostaria eu de participar (como ouvinte) na "aula" em que se reflectirá sobre "o papel da sociedade mediática e a forma como a comunicação em tempo real poderá ser utilizada para resolver alguns problemas dos dias de hoje.". Será Ferro Rodrigues o "docente" responsável por esta "disciplina"?

O programa (provisório) está aqui (os responsáveis do site "oficial" parecem estar de férias ou a preparar-se para as aulas).

A norte do paralelo 38 

"O regime de Pyongyang anunciou, esta segunda-feira, o cancelamento do envio de uma delegação de atletas à Coreia do Sul, para participar nas Universíadas. Na base da decisão está o facto da Coreia do Norte considerar este como um «destino perigoso»." De facto, o risco de os atletas não quererem regressar (ou de serem atingidos pela troca de tiros de aviso) não é pequeno...

Os Melhores da Semana (aditamento) 

Melhor análise: "Blog (de) culto: o estado d'O Comprometido Espectador (I, II, e III)", no Comprometido Espectador.

Revista de Blogues IV 

Os Melhores da Semana
Melhor Texto: “Europa a 2 velocidades”, no Aba de Heisenberg;
Melhor Estudo. “Contribuição para uma Reforma Administrativa”, no Transmontar;
Melhor Pergunta:” Quando é que perceberão que, num país com tanta "floresta" (o nome é ridículo, bem sei, trata-se mais de "linhas de produção de eucaliptos"), não ter um canadairzinho é sinal de subdesenvolvimento?”, na posta “Primeiro e Terceiro Mundo”, em Os Tempos que Correm;
Melhor Frase: “Dizia hoje o meu barbeiro que tanto fogo só podia ter como causa o nosso envolvimento na guerra do Iraque”, na posta “É fogo a mais”, em O Caso;
Melhor Refutação: “Mercado de Energia Eléctrica”, no Liberdade de Expressão;
Melhor Lição: “Estado e Liberalismo: Realidade e Utopia”, no Catalaxia;
Melhor Humor: “Harry Potter e os enviesamentos jornalísticos”, no Valete Fratres!;
Melhor Revelação: Ouvido do Barman;
Melhor Discussão: a polémica sobre a TSF – iniciativa do Gl?ria F?cil com muitos e bons intervenientes;
Melhor Posta Tenho estado para aqui a pensar...”, no Bomba Inteligente;
Melhor Blog: Mar Salgado.

2003/08/17

Andreia II 

É uma “mourinha” de estilo nórdico mas de olhar calorosamente latino, que já aqui déramos a conhecer ao mundo. Na Única da última edição destes “morcoons” que não permitem linkagens, ela destaca-se claramente na reportagem sobre a lusa diáspora no Ceará. E a razão que a fez emigrar é a mais forte, a mais nobre, a mais bela de todas: a paixão. Só por ela, vale a pena comprar aquela folha-de-couve, que eu jamais sonhei em publicitar. Quem a tal se recusar por louváveis princípios e coerência, aconselho uma saltadinha à Praia das Fontes, onde se encantará in loco com todo o seu profissionalismo, simpatia e charme. Felicidades tropicais, Andreia!

Estimulante 

E, mais do que isso, saborosamente provocador, o novo blogue Cristóvão de Moura de Paulo Varela Gomes. Imperdível a sua posta sobre o dito. Será o prenúncio de interessantes, necessários e muito receados debates sobre o iberismo?

O "Muro" em Israel 

Já tinha expressado aqui dúvidas quanto à inteligência da decisão de Israel construir unilateralmente um “Muro” de separação entre si e os Territórios Palestinianos. Salvaguardando que a minha observação, distante e sossegada, de um problema tão trágico e permanentemente incandescente como este, com toda a probabilidade, poderá não conseguir a apreensão da realidade necessária para formular uma análise minimamente razoável.
Este é um tema em que - para quem opina de fora - é fácil resvalar na opção emotiva, falaciosa e aligeirada pelo vento que sopra no momento.
Mas há alguns factos que não podem ser ignorados: Israel é uma democracia; em nenhum momento, nem mesmo com as ameaças constantes à sua sobrevivência enquanto nação, o regime democrático foi posto em causa; a sua população tem um nível cultural, e não só, bastante superior ao dos seus vizinhos; os israelitas não parecem serem capazes de consentir de ânimo leve uma medida acentuadamente atentatória aos princípios básicos em que a sua existência colectiva está alicerçada.
Segundo um impressionante artigo de Gerald M. Steinberg, publicado no Jerusalem Viewpoints, as sondagens demonstram que cerca de 70% dos israelitas apoiam fortemente a continuação da construção do “Muro” – ou, como é denominada em Israel, “separation barrier” -, em paralelo com o "roadmap" e esforços renovados para acabar com a violência palestiniana através de negociações. Na verdade, o incremento do terrorismo numa das suas modalidades mais terríficas, os atentados suicidas, deixou poucas saídas consideradas “normais” para quem vê o conflito do exterior: “although a majority also supports trying the roadmap, Israelis have learned to be realistic, and expectations that this process will reach a successful conclusion, or even make serious progress, are very low. Three years of Palestinian terrorism, in which over 800 Israelis were killed, have left a great deal of skepticism regarding the likely outcome of another Middle East peace process. Many also question whether Israel should proceed with what is widely viewed as a poorly drafted and highly ambiguous document, with room for interpretations that do not serve the national interest”.
A construção do “Muro” não pode ser isolada dos sucessivos falhanços de todos os esforços em fazer com que as autoridades palestinianas abandonem as suas múltiplas cumplicidades com o terrorismo. Arafat é, verdadeiramente, o grande construtor deste e doutros muros que separam os dois povos.
Esta não será uma boa solução – apesar do método não ter sido um completo insucesso quando foi experimentado na ilha de Chipre. Mas a indispensabilidade de segurança e a falta de credibilidade dos líderes palestinianos para implementar a paz, são as justificações essenciais para se entender o firme apoio que esta medida tem na democracia israelita. Um remédio extremo, provocado por uma situação de estado de necessidade colectivo. Que o é, inegavelmente, e não apenas para Israel e os israelitas.

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